Prefácio

 

  • História do casal – x
  • O Neto do padeiro
  • Carlos Ferreira/Cisne Negro/Fernando Ravazzi/Esposa e filha/aceitando os riscos/osney e raio x
  • Tipos de competência
  • Tony Robbins, Ademar Lorenzetti (responsabilidade, mindset etc) (mais de um capítulo? Provável)
  • Ressignificar os erros e as perdas
  • Ser trader pressupõe o erro
  • Dinheiro não é problema: cuidado para você não ser o problema de seu dinheiro
  • CARLOS FERREIRA FERNANDO RAVAZZI CISNE NEGRO OSNEY OUTRAS HISTÓRIAS
  • TIPOS DE COMPETÊNCIA: NÃO BASTA CONHECER AS TÉCNICAS DE BATALHA. É PRECISO SABER USÁ-LAS COM MAESTRIA
  • COMO VOCÊ SERIA SE JÁ FOSSE UM TRADER PROFISSIONAL
  • ESTÁ BEM, MAS COMO ESQUECER DO DINHEIRO E FOCAR NO JOGO?
  • Legado de meus pais e como surgia a arte de guerra

O CAMPO DE BATALHA

  • A arte da guerra (sugestão, dividir em mais de um)
  • VOCÊ É UM LEÃO OU UMA ZEBRA? (possuirores fortes vs fracos)

CONTEÚDOS BÁSICOS

  • O QUE É O AJUSTE DIÁRIO

CONCEITOS RAIO X PREDITIVO

  • CONFIE NO MÉTODO ESCOLHIDO
  • O MOUSE MAIS RÁPIDO DO OESTE
  • COMO ATUAM OS BIG PLAYERS, OS INVESTIDORES INSTITUCIONAIS: OS DOMADORES DO DINHEIRO ESPERTO
  • A PIRÂMIDE DO MERCADO E A PIRÂMIDE DO DINHEIRO
  • A CIBERGUERRA DO MERCADO: CONHEÇA OS ROBÔS HFT
  • SPOOFING: UMA PRÁTICA CRIMINOSA QUE ACONTECE TODOS OS DIAS

AGRESSÃO VERSUS ABSORÇÃO: NÃO IMPORTA O QUE SE ELES COMPRAM OU VENDEM, MAS COMO FAZEM ISSO

  • CICLO DO MERCADO: AS CINCO FASES DO DINHEIRO ESPERTO
  • RANGE, O ACAMPAMENTO DOS GRANDES TRADERS
  • PPI V
  • EVENTOS CLIMÁTICOS
  • VOCÊ JÁ CAIU EM UMA ARMADILHA?
  • E POR FALAR EM CAIR EM ARMADILHAS… COMO LIDAR COM ISSO?
  • TRADE LOCATION: PESCANDO PERTO DO BARRANCO

 

CONCLUSÃO

AGRADECIMENTOS

 

PREFÁCIO

 

 

 

Atendi o celular. O DDD era 13 – que, na hora, não identifiquei de que cidade era. O número do telefone, desconhecido.

E ouvi uma voz feminina, chorosa, do outro lado:

– Alô?! É o Elliot quem tá falando?!

Dava para sentir o desespero naquelas palavras, o desespero de quem está nos seus últimos recursos, o desespero de quem procura uma beirada para se agarrar já no meio da queda.

O desespero de como se uma vida estivesse prestes a ser perdida.

E, como eu pude comprovar depois, estava.

Minha primeira reação ao ouvir aquele pedido de ajuda, que buscava alguém chamado Elliot, foi de espanto. Demorei alguns segundos para processar: afinal, meu nome nunca foi Elliot.

Mas esse era meu apelido na sala de trade de que eu participava, uma espécie de chat em que, como negociadores da bolsa, trocávamos ideias e impressões sobre o que o preço dos ativos faria a seguir, em meados dos anos 2000.

Mesmo operando através de métodos que hoje eu considero ineficientes e ultrapassados, eu tinha bons resultados e as pessoas da sala observavam e respeitavam minhas tomadas de decisão.

Eu comprava, o mercado subia. Eu vendia e o mercado caía. Bem, quase sempre isso dava certo. No entanto, o suficiente para que meus sinais de operação fossem muito respeitados por todos.

Era hora do almoço, eu tinha acabado de deixar meu terminal, na filial da corretora em que trabalhava, em Presidente Prudente, e me dirigia despreocupadamente para o restaurante que ficava no prédio vizinho. Afinal, para mim, era um dia como os outros, embora o Ibovespa estivesse caindo quase 3% até aquele momento. Isso não é problema para quem está operando profissionalmente: pelo contrário, é a chance de fazer dinheiro com vendas.

Assim, aquele telefonema me pegou completamente desarmado no final daquela manhã chuvosa que deixava o dia ainda mais cinzento e frio.

Vinda de algum lugar distante dali, aquela voz desesperada ecoava pelo meu velho Motorola, um aparelho moderno para a época, mas que hoje não passa de um objeto mais parecido com um tijolo dado seu tamanho e utilidade atual.

– Calma, senhora… respira e me conta o que está acontecendo – eu disse, quase que contagiado por aquela carga de ansiedade.

Ela e o marido acompanhavam minhas chamadas de compra e venda na sala de que eu participava. Contou-me que conseguiu meu número de telefone com um corretor de Belo Horizonte. Como muitos outros, ela respeitava minha opinião, a opinião de alguém do qual só conhecia o apelido, Elliot, e nada mais.

– Elliot! Elliot! Meu marido fez uma loucura!

Os dois eram ambulantes em Santos há 20 anos. E, durante esse tempo todo, guardaram a maior parte do que vendiam em água de coco, na praia, e tinham feito uma boa economia.

Somente nos últimos meses haviam descoberto a bolsa de valores, em que ele vinha fazendo day trade com um pequeno e relativo sucesso.

Porém, naquela manhã, de fato, o marido dela fez uma loucura. Num arroubo de excesso de confiança, como se quisesse mudar a vida dos dois em uma única cartada, cometeu um grande erro. Por conta própria, comprou uma quantidade enorme de contratos cheios de índice. Para você ter uma ideia, cada contrato cheio de índice equivale, aproximadamente, à pontuação do Ibovespa em reais.

Em valores de hoje, então, cada um valeria uns  . Se você estiver lendo este livro em outra época, é só dar uma olhada na cotação do índice ou do contrato futuro de índice e converter para reais.

Graças à alavancagem possibilitada pela margem de garantia das corretoras, ele pôde comprar bem mais papeis do que seu patrimônio permitiria em valores absolutos. Quando ela me contou quantos contratos o marido estava negociando, naquele dia em que o mercado só caía, eu só pude responder:

– Quantos???!!!

Eu não lembro exatamente quantos eram, pois essa história já tem quase 20 anos. Mas lembro do meu espanto esmagador. Ao ouvir o número, mesmo não estando envolvido diretamente naquela confusão, meu estômago embrulhou.

Enquanto isso, ela só conseguia pedir ajuda:

– Elliot, você tem que fazer alguma coisa… nós estamos perdendo tudo o que temos! Tudo! Eu não conheço você, nem você me conhece, mas se Deus quiser, ainda vamos nos encontrar e vamos agradecer muito a sua ajuda!

Os 20 anos de economia do casal estavam indo pelo ralo.

Pelo ralo não: estavam indo para o bolso de outros participantes do mercado.

Gente que jamais acordou antes do sol nascer em Santos para comprar cocos frescos, gente que nunca voltou cansada depois de atender centenas de turistas em sua barraquinha, gente que nunca perderia a conta de quantos golpes de faca naqueles frutos foram necessários para abri-los, ao longo de duas décadas, para guardar aquele patrimônio.

Gente não: a maior parte do dinheiro é retirada do mercado não por pessoas, mas por participantes institucionais, grandes companhias transnacionais. E era o que estava acontecendo com o patrimônio daqueles dois. Um patrimônio pequeno para alguns, mas que, para eles, era tudo. Tudo. Uma vida de 20 anos de parceria.

Eu voltei para meu terminal. Na época, eu usava um software que me dava uma leitura do preço através de Price Action. Não vou nem explicar o que é isso, porque não usaria nem recomendaria hoje em dia, embora na época funcionasse muito bem para mim.

O mercado tinha retornado de uma queda de 3% para uma de 2,2%, subindo portanto 0,8%. Os recursos do casal, que antes tinham ficado em um terço do inicial, teriam uma sensível recuperação se a posição fosse liquidada naquele exato momento.

Porém minha leitura era de que aquela breve alta era apenas um pullback. Isto é, o mercado teve essa pequena recuperação para, a seguir, supostamente retomar o movimento de queda.

– Senhora, minha opinião é a seguinte. Vocês tem que fechar essa operação urgentemente enquanto o mercado está nesse pullback, porque já já vai continuar a cair. Entendeu? Vocês têm que zerar urgente!

Ela falou com ele. Pelo telefone, eu pude escutar a conversa, um tanto confusa. A voz dele distante, a voz dela, suplicante, que até hoje soa em meus ouvidos.

Mentalmente, eu tentava calcular quantos anos daqueles 20 de trabalho seriam salvos se eles seguissem minha recomendação naquele momento. Quantos seriam perdidos? Quanto cada ponto do índice equivaleria em meses de trabalho debaixo do sol forte e sob o calor? Quanto em litros de suor, dedicação, cansaço e até amor e confiança mútua um ponto de índice vale, afinal?

O fato é que vidas não podem ser medidas assim. Não têm preço.

Mas o mercado desconhece isso.

Naquela altura, os dois só desejavam que nada daquilo estivesse acontecendo, que o dinheiro magicamente voltasse para a conta.

Segundo ela, ele estava prestes a ter um infarto e, teimoso, tinha certeza de que aquele pullback era o sinal de que o índice voltaria para o ponto em que realizou a sua compra. Estava decidido a só encerrar a operação quando visse todo o seu dinheiro de volta.

Nenhum dos dois estava mais em condições de tomar decisões, tomados pela emocionalidade.

No entanto, como eu havia previsto, a bolsa continuou sua trajetória de queda depois daquela breve recuperação.

A essa altura, eu não estava mais com ela ao telefone. Eu fiz o melhor que podia. E só podia contar com que tivessem tomado a melhor decisão.

Eu só conseguia imaginar aquele homem, no fim da tarde, balançando a cabeça prostrada, apoiada entre as mãos, os cotovelos na mesa dizendo:

– Meu Deus, o que eu fiz… –, sem acreditar que aquilo era verdade, que não era um pesadelo em que ele mesmo se meteu.

Embora eu mesmo já tivesse sofrido algumas perdas na bolsa, todas elas foram contornáveis, dentro do meu gerenciamento de risco. Nenhuma delas chegou a níveis destruidores, debilitantes, dilacerantes, como eu presenciei de tão perto como aquele dia: algo de que eu já tinha ouvido falar, mas que nunca testemunhara.

Antes, era só isso: histórias.

Agora era algo real.

Minha ficha sobre o que, de fato, era a bolsa de valores finalmente caiu.

Eu ainda morava com meus pais e, ao voltar para casa naquela noite, contei a eles o que havia acontecido e como percebi que a bolsa de valores não era um brinquedo. Eles me ouviram e, pelas suas expressões, entendi que eles perceberam que eu havia aprendido uma lição importante.

O mercado pode acabar com a vida de pessoas. O que eu vi acontecer tão tragicamente e de tão perto ocorre não com uma ou duas pessoas de cada vez. Mas centenas. Milhares delas. Diariamente.

Até então, minha atuação na bolsa era uma atividade individual. Eu era um trader. Nunca tinha pensado em ensinar a negociar, a fazer operações nos mercados.

A partir desse dia, porém, eu descobri que precisava ajudar as pessoas.

Há uma frase no Talmud, coletânea de livros judeus antigos, que diz: quem salva uma vida salva o mundo inteiro. Essa frase foi usada inclusive no filme A Lista de Schindler, de Steven Spielberg.

Sei que não posso ajudar todas as pessoas e que independentemente de qualquer esforço meu, o mercado continuará a dilacerar contas daquelas que nele entram sem saber exatamente o que estão fazendo.

Mas meu desejo, hoje, é de compartilhar meu aprendizado das últimas duas décadas com o máximo delas, de maneira que essas coisas aconteçam com menos frequência. Pelo contrário: para que, para muitas, a bolsa de valores seja fonte de abundância, riqueza e prosperidade, como tem sido para mim.

Hoje eu vejo que esse episódio só serviu para resgatar comportamentos éticos e visões de mundo que, desde muito cedo, aprendi com uma pessoa muito importante para mim.

Meu avô materno.

 

 

 

O PADEIRO QUE ME MOLDOU COMO SER HUMANO

Provavelmente o dia 25 de julho de 2012 foi um dos mais difíceis da minha vida. Nesse dia, meu avô morreu.

Tiveram muito trabalho pra me convencer a sair da sala do velório. Eu estava inconsolável. Nem lembro direito quem foram as pessoas, tamanho o meu desalento, mas elas me levaram para o lado de fora da sala do velório para que eu me tranquilizasse um pouco.

Eu estava muito emocionado. Me sentia destruído como se uma das partes mais importantes de mim tivesse sido arrancada.

Severino Galante, pai de minha mãe, era descendente de italianos. Pelo muito branca, alto, olhos azuis. Fazia jus ao sobrenome.

Sempre trabalhou na roça com seus irmãos. A oportunidade que teve para sair da lida no campo foi ser padeiro e entregador de pães da panificadora Luzitana, em Presidente Prudente.

Eu sou filho do meio. Minha irmã mais nova tem cerca de cinco anos a menos que eu e a mais velha, cinco a mais.

A mais velha dormia na casa dos meus avós porque minha avó tinha medo de ficar sozinha quando o marido saía às quatro da manhã para ir à panificadora, que até hoje fica ao lado do Centro Cultural Matarazzo, em Presidente Prudente e, depois, fazer suas entregas de pães nos bares da cidade. O pão tinha que chegar a todos os estabelecimentos bem cedinho.

Mas em 1987, minha irmã mais velha já era uma adolescente e, coisas da idade, não queria mais dormir na casa dos avós.

Aos 7 anos, era a minha vez de dar aquela sensação de segurança à minha avó, papel que desempenharia até os 11 anos, em 1991.

Aquela casa simples de alvenaria, com um grande quintal nos fundos, com pés de manga e jabuticaba iria se tornar o cenário de algumas das minhas melhores lembranças.

Foram quatro anos de convivência, em especial com meu avô. Laços que se estreitaram tanto que era como se eu fosse, de fato, filho dele. Meu pai chegou a ficar com ciúmes na época.

Então, todas as noites, depois do jantar, vô Galante me buscava na casa de meus pais, num bairro humilde da cidade. Na manhã seguinte, depois das entregas, ele me levava à escola do Sesi (SESI – Serviço Social da Indústria) e minha mãe me buscava depois.

Eu era um filho pra ele, ele gostava das minhas irmãs mas ele não me via como neto e sim como um filho.

E SURGE O NETO DO PADEIRO

“O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria, se aprende é com a vida e com os humildes.” – Cora Coralina

Meu avô criou um enorme carinho e amor por mim. Ele tinha um coração nutrido por grande de bondade. Mesmo tendo pouco, encontrava formas de dividir o pouco que tinha com os que não tinham.

Com o passar dos meses, fiquei curioso sobre a ocupação dele. Afinal, por que ele tinha que acordar tão cedo, na calada da madrugada?

Perguntei se podia levantar cedo com ele, para ver ele trabalhar e para ajudá-lo. Ele ficou um pouco contrariado de início. Afinal, eu estava ali para que a vó não ficasse sozinha. Porém, quando ela soube da minha vontade, ficou animada e o convenceu. Meus pais também não gostaram da ideia de eu acordar tão cedo, de início, mas como acharam que isso era algo que iria passar tão logo eu tivesse dificuldade de levantar nos primeiros dias, cederam.

Mas não passou. Trabalhar com meu avô padeiro foi a maior escola, quando aprendi como funciona a selva da vida.

Cedinho, pegávamos a Kombi da padaria – que chamávamos de “Combosa” e que ficava na casa dele. Era uma Kombi cor de caramelo caindo aos pedaços. E, com ela, chegávamos a tempo de ainda ver os padeiros preparando as fornadas, batendo massa em grandes máquinas, moldando os pães franceses e as bengalas que iam para bandejas gigantescas.

Meu avô, então, abria a boca de um forno de três por três metros e dali mesmo saía o pão com que eu tomava meu café da manhã. Os cheiros e sabores do pão quentinho são inesquecíveis.

Finalmente, ele e eu saíamos – na Kombi – para entregar os pães nos bares da cidade.

Ele tinha as chaves de todos os bares. Ele mesmo levantava aquelas portas pesadas de metal, deixava as cestas com os pedidos dentro, fechava e partíamos para o próximo estabelecimento.

Ser entregador de pães era uma atividade de confiança.

De tanto andar com meu avô entre 1987 e 1991, fiquei conhecido como o neto do padeiro. As pessoas me viam na rua e diziam:

– Opa, é o neto do padeiro!

O GRANDE CORAÇÃO DO PADEIRO

Foi com meu avô que eu aprendi coisas básicas da vida.

Os perigos de se atravessar a rua, de levar um choque na rede elétrica, de cair do telhado e outras coisas que crianças fazem mesmo conhecendo os riscos.

Mesmo com um salário humilde, fazia questão de me dar presentes e as comidas de que eu mais gostava.

Minha avó trabalhava como coordenadora em uma escola pública, mas, do mesmo modo, isso não melhorava muito a sua situação financeira dos dois.

Certa vez, estávamos trabalhando e, por volta das 7h30, uma senhora se aproximou. Disse que seu marido havia morrido. Ela estava desempregada, tinha três filhos e estavam passando fome. Pediu ajuda para meu avô.

Lembro bem do som das portas enferrujadas e empenadas da Kombi quando meu avô as abriu, pegou um pão bengala e deu para a mulher. Lembro também que meu avô tinha lágrimas nos olhos.

Eu, nos meus sete anos, perguntei por que ele tinha feito aquilo. Ele respondeu:

– Ju….

(Ju era diminutivo de Juninho ou Júnior, como eu era chamado em família.)

– Ju, se você estivesse no lugar dela, faria a mesma coisa, filho. Além disso, vou pagar do meu bolso essa bengala. Vou pagar uma bengala todos os dias e dar pra ela. Não vai me fazer falta. Mas faz toda a diferença para uma mãe que quer alimentar seus filhos.

Ele olhava para mim sorrindo, sem se importunar com minhas perguntas.

Eu ainda confuso, perguntei:

– Como assim, vô? Você vai pagar todos os dias uma bengala para essa mulher?

– Sim – ele respondeu.

E todos os dias a mulher estava lá a nos esperar.

Mas um dia, tudo mudou.

Ela veio até nós e disse:

– Severino, muito obrigada por me ajudar todos esses meses. Mas agora arrumei um emprego de doméstica. Graças a Deus não vou precisar mais. Tem alguma coisa que possa fazer para agradecer?

E meu avô:

– Tem sim. Quando puder ajudar outra pessoa, faça o mesmo que fiz pra você. E diga a mesma coisa pra pessoa que você ajudar.

Eu entendi nessa hora, de um jeito que só as crianças conseguem entender e que só o verdadeiro exemplo consegue ensinar, que meu avô não vivia a vida pensando só em si mesmo ou somente nas pessoas que lhe interessavam. Do mesmo modo, eu, na minha vida, se quisesse, poderia ajudar pessoas que estavam ao meu redor e que não necessariamente estavam em contato pessoal comigo.

Vô Severino também me ensinou que eu nunca deveria voltar atrás na minha palavra, que deveria cumprir o prometido e que não deveria prometer o que não pudesse entregar: ele, afinal, prometeu o pão de cada dia para a mesa daquela mulher e, religiosamente, diariamente, entregou. Tenho a impressão de que faria isso até o fim da vida se fosse necessário.

Mas essa não foi a única vez que o vi tirando pães do próprio bolso: várias vezes deu pães a meninos pobres da periferia.

Ele me ensinou lealdade para com as pessoas que precisassem de mim sem fugir nunca da responsabilidade, porque é muito fácil as pessoas estarem ao seu lado nos momentos de facilidade e alegria, mas nos momentos difíceis é comum que elas desapareçam. É nessas horas que você vê quem é leal ou não: e assim foi, pois ele assumiu a responsabilidade da entrega daquele pão bengala. Não era eu, não era um colega. Era ele quem entregava.

Agradeço pelos ensinamentos que meu avô me transmitiu neste e em tantos outros gestos que testemunhei. Muito do que sou hoje, devo a ele.

Olhando em retrospectiva, vejo que minha missão é cuidar para que, com a transmissão de tudo o que venho aprendendo, menos pessoas passem necessidade de qualquer tipo, como aquela senhora amiga de meu avô estava passando.

E, então, consigo fazer uma ponte entre aquele rapaz, funcionário de uma corretora – que tentou fazer o melhor por duas pessoas que sequer conhecia e que estavam sofrendo o impacto de um mau dia na bolsa -, o educador – que busco ser hoje – e o neto do padeiro.

Sinto que, de alguma forma, o neto do padeiro, que ainda sou, e o que aprendi com meu avô sempre guiarão os meus passos.

 

 

TONY ROBBINS E A CONSTRUÇÃO DO TRADER INABALÁVEL

TRADER INABALÁVEL

Nem sempre os autores conhecem a data exata do nascimento de um livro.

Não é o caso desta obra.

Sei exatamente o dia em que me surgiu a vontade de escrevê-lo a fim de compartilhar as ideias que estão fazendo a diferença em minha vida: 9 de agosto de 2018.

E esse desejo foi motivado pelas palavras de um dos maiores coachs do mundo, Tony Robbins, autor e orientador de personalidades internacionais, nas artes, nos negócios, nos esportes e nas mais diferentes áreas de atuação. Ele é uma das maiores autoridades do mundo em Psicologia do Desempenho Máximo e Programação Neurolinguística, autor de seis best sellers, protagonista do documentário Eu Não Sou Seu Guru e assessorou Bill Clinton, membros de duas famílias reais, atletas do nível de André Agassi, o ator e político Arnold Schwarzenegger e CEOs que fazem parte da lista Fortune 500.

Ao lado desta influência, que se faz presente por tudo o que acompanho dele – palestras presenciais, livros e vídeos -, recentemente juntou-se a mim, ao Osney Cola e a toda a equipe do Raio X Preditivo, o Padre Ademar Lorrenzzetti. Além de se tornar uma referência como coach pessoal, Ademar tem nos servido como uma bússola espiritual.

Afinal, independente da crença ou não crença de qualquer pessoa, a espiritualidade pode se manifestar de diversas maneiras, que vão desde a religião até a gratidão e o encantamento puros e simples pela vida e pelas coisas boas que nos acontecem.

A presença física do Padre Ademar e sua participação efetiva nos trabalhos de nossa equipe fazem a diferença no nosso desenvolvimento e, por consequência, no desenvolvimento de nossos alunos.

Nós o consideramos uma influência tão positiva que decidimos incluí-lo na equipe do Raio X Preditivo, nosso treinamento que sistematiza a Nova Análise Técnica com conceitos e ferramentas. Ele participa de diversos dos nossos vídeos ao vivo no Youtube e, hoje, tem uma série própria em nosso canal, chamada Trader Inabalável a que você deveria assistir para complementar o conteúdo deste livro.

A CONSTRUÇÃO DO TRADER INABALÁVEL

“Saiba que são suas decisões e não suas condições que determinam o seu destino” – Tony Robbins.

Num primeiro momento, preciso dizer para você que, de Tony Robbins, eu aprendi que é no momento de decisão que nosso destino é traçado.

Isso fez muito sentido para mim. Vi claramente que cada decisão que tomamos, por menor e mais simples que ela seja, interfere diretamente no rumo que nossa vida toma

Isso não é a principal questão que deve nos nortear: o pior é quando a pessoa deixa de decidir, achando que está tudo bem deixar para lá. Ou adia a decisão. Porque deixar de decidir é também uma decisão. E, talvez, uma das piores que possam existir, pois quem faz isso tira de si o poder que tem sobre a própria vida.

Robbins – que chegou a passar fome na infância, vindo de uma família problemática e que, hoje, tem 42 empresas sob sua responsabilidade – nos ensina que o sucesso está ligado a hábitos que, uma vez construídos, garantem uma vida plena e sem limites.

Posso dizer, sem sombra de dúvida, que este livro e até mesmo a sistematização da Nova Análise Técnica, o Raio X Preditivo, só existem graças a esse educador e de sua Lei da Abundância.

Quando eu decidi compartilhar o suprassumo do conhecimento que obtive durante vinte anos operando nos mercados, muitos de meus novos colegas me questionaram:

– Sato, por que você está compartilhando isso? São informações que poucos conhecem, a que poucos têm acesso? Provavelmente você poderia ganhar mais dinheiro usando esse conhecimento do que oferecendo-o de forma tão barata em um curso e a um número tão grande de pessoas.

A resposta: a Lei da Abundância e da Gratidão. Quanto mais você acredita na abundância, na ideia de que há recursos para todos, agindo de acordo, mais você receberá em troca, realimentando o ciclo positivo.

Recentemente fizemos um vídeo ao vivo em que o Padre Ademar, outro leitor e seguidor de Tony Robbins, nos ajudou a fazer um resumo da filosofia do Ciclo do Sucesso, ensinado pelo autor. E, portanto, este capítulo é em coautoria com ele.

A frase que dá início a esta parte do livro, por exemplo: “Saiba que são suas decisões e não suas condições que determinam o seu destino.” Esse é o ponto em que Robbins entende que o sujeito tem que bater no peito e dizer que a responsabilidade é dele, não importa a situação, não importa o quê.

Muitas pessoas dizem que são as condições, as circunstâncias, que determinam o patamar de desenvolvimento em que estão.

– Eu sou um trader mediano, mas isso é culpa de meu pai, que não me colocou em uma escola particular…

– Eu sou um trader mediano, mas isso é culpa daquele curso que eu comprei e os instrutores me ensinaram técnicas que não funcionam…

– Ah, se eu tivesse um lugar para negociar e analisar os gráficos tranquilamente, mas sempre sou interrompido por meus filhos…

Esse tipo de discurso é o que podemos chamar de “jogar para as condições” e fugir das responsabilidades.

A verdade é que você está onde você escolheu estar.

Se este livro existe agora, é por causa das decisões que eu tomei no passado.

E, daqui a dez anos, eu estarei em um estado a partir das decisões que estou tomando hoje, neste momento.

Claro que o mesmo vale para você: a decisão que você tomou agora, de ler este livro, está influenciando o seu futuro. Não tenha dúvidas disso. Até mesmo uma mudança tão mínima quanto decidir entre ler uma página já com sono antes de dormir ou deixar para ler com mais atenção no dia seguinte pode fazer a diferença.

Parece uma bobagem, mas imagine um navio que sai do Brasil em direção à Portugal. Se ele mudar um grau em sua rota, não chegará a Portugal, mas à África. Pois a rota é longa e algo que é tão pequeno do início do trajeto, reverbera no seu desenvolvimento e no resultado, no ponto de chegada.

Portanto, não importa a situação, mas o que eu vou fazer ou, melhor, o que eu DECIDO fazer a partir dessa situação.

Assim, poderíamos resumir este capítulo com a seguinte frase, derivada do que nos ensina Tony Robbins:

“É a sua decisão que vai fazer de você um Trader Inabalável ou trader fracassado.”

Ponto.

Ah, então, a partir de hoje, eu decido ser um Trader Inabalável.

Se você acredita que, simplesmente manifestar verbalmente ou mentalmente esse desejo será o suficiente, então está sendo vítima do que chamamos de pensamento mágico.

Isso seria apenas propondo uma ideia, munido de uma fé fraca.

Materializar essa vontade depende de um espírito decidido, um esforço organizado e uma ação persistente.

No Ciclo do Sucesso e do Fracasso, composto de 14 etapas, Robbins nos destaca quatro elementos chaves:

  1. Potencial: todos temos potenciais e por causa deles, entramos em ação
  2. Ação: com a ação teremos um resultado
  3. Resultado: se o resultado é positivo, teremos crenças e convicções positivas
  4. Crenças e convicções: nossas crenças e convicções são positivas, nossos potenciais aumentam

Esse é o Ciclo do Sucesso. Mas, agora, imagine se o potencial é fraco, gerando uma ação fraca, com resultados fracos, criando crenças e convicções fracas: esse é o Ciclo do Fracasso.

Assim, é natural que aqueles que têm mais abundância em uma área tenham cada vez mais abundância. E aqueles que têm escassez e alimentam crenças de escassez terão cada vez mais escassez. Vale para dinheiro, relacionamentos, vida profissional ou o que for.

Uma boa crença para começar a mudar tudo isso é saber que a culpa não é do mercado, a culpa não é dos “tubarões”, não é do big player, mas a responsabilidade é sua, das decisões que você está tomando em sua vida.

Jogar a culpa em circunstâncias que nos são alheias e sobre as quais não temos o menor controle é um poderoso analgésico para a responsabilidade, que fica completamente anestesiada, como se nada pudéssemos fazer. Ficamos, por um lado conformados e, por outro, crentes de que fizemos o nosso máximo, quando isso não chega sequer perto da verdade.

Colocar a culpa nos outros, então, alivia a dor, retira o sintoma, mas não elimina o problema: a falta de chamar para si a responsabilidade sobre a própria vida.

O EMBALO OU MOMENTUM

O que dá início a um Ciclo de Sucesso ou de fracasso? É o que Robbins chama de Momentum ou, em bom português, Embalo.

É esse elemento que faz com que o rico fique cada vez mais rico, o pobre cada vez mais pobre, o alegre cada vez mais alegre e o triste cada vez mais triste.

Sabe quando você empurra um carro? Os movimentos iniciais são mais difíceis, você precisa fazer muita força. Mas tão logo ele saia do lugar, ele pega um embalo e fica leve, indo na direção em que foi empurrado.

Assim, se você está triste tende a ser impulsionado a experiências tristes. A não ser que passe a buscar ativamente experiências em outro sentido.

O CICLO DO SUCESSO (OU DO FRACASSO)

O Ciclos do Sucesso ou do fracasso pode ser dividido em 14 etapas.

  1. Experiência

Em nossas vidas, todos temos experiências positivas e negativas com pessoas, lugares e circunstâncias. Essas experiências exercem influências sobre nós.

Então, o primeiro passo é algo fácil de obter. Uma experiência. Diariamente, passamos por diversas experiências que constroem o nosso conhecimento do mundo. Basta estar minimamente atento e disposto para obtê-las.

Existem as experiências aprendidas, as experiências vividas e as experiências herdadas.

Quanto às experiências herdadas, já existem diversos estudos que tentam descobrir por que muitos de nossos comportamento parecem vir de gerações passadas. Timidez, medo do escuro, incapacidade de ficar sozinho, tudo isso e outros comportamento podem vir de experiências que não aprendemos por via direta, mas que herdamos de nossos antepassados por mecanismos ainda a serem revelados.

As experiências aprendidas, por sua vez, entram na categoria daquelas que desenvolvemos por vias do comportamento social de nossa época e do lugar onde vivemos. Muitas dessas experiências nem fazem sentido lógico e, no fim, acabamos acatando-as porque todos a acatam dessa maneira.

Temos também a experiência experimentada. Aquela em que, pessoalmente vivemos uma situação de dor e prazer e, a partir dela, decidimos respectivamente evitá-la ou repeti-la.

  1. Foco

Diante de cada experiência, somos livres para escolher onde colocar nosso foco, nossa atenção. E onde está nossa atenção, ali é onde concentramos nossa energia mental e emocional.

Para conseguir mudar qualquer padrão, sobretudo de uma experiência comumente ligada a uma interpretação negativa (prejuízos, dificuldades de aprendizado ou de aplicação de estratégias), é preciso em primeiro lugar mudar o foco. Mudar o ponto da experiência para o qual estamos voltando nossa atenção.

Como isso funciona? Isso quer dizer que onde você põe a sua atenção, é para lá que você vai. Se você colocar a atenção em suas derrotas, você terá mais derrotas. Se você coloca atenção em sua pobreza, você terá mais pobreza. Se você colocar a atenção em sua doença, é mais doença que você terá.

Por exemplo, quando levamos um stop loss não devemos focar no prejuízo, mas sim na ideia de que, se não tivéssemos levado esse pequeno prejuízo e parado a operação, poderia ser muito pior.

Ainda que o preço do ativo tenha voltado, a seguir, para o rumo que nos daria lucro, depois de levarmos um stop, devemos ficar felizes pois, de uma forma ou de outra, estamos seguindo à risca nossa estratégia e nada impede que entremos novamente na operação, pois se a metodologia é boa funcionará a qualquer oportunidade real com mais frequência do que falhará.

Nesse caso, o foco deve ser sempre na decisão correta, na decisão que um Trader Inabalável faria.

  1. Significado

Tudo na vida tem o valor que nós damos. E, diante de situações semelhantes, cada um pode dar um valor diferente.

A partir do momento em que colocamos o foco nos pontos positivos de uma experiência, não importando qual seja ela, passamos a dar um significado também positivo para ela. Ela ganha uma importância e um significado.

Todas as coisas a que eu dou importância são elementos que podem me ajudar ou atrapalhar. Podemos dar importância que realmente importam ou que são basicamente situações que não nos auxiliam em nada.

  1. Estado emocional

Onde depositamos nosso sentimento de importância em nossas experiências reflete em nossa condição física, psíquica, emocional e espiritual.

Veja o exemplo da mãe cujo filho sofreu um acidente de trânsito, mas que apenas teve uma pequena escoriação no braço. Se ela focar no acidente (na possibilidade da perda) e não no fato do filho estar vivo e bem de saúde, é bem provável que ela até desmaie: o foco da experiência e o significado dado a isso (possível perda) conduziram a um estado emocional e físico deteriorado, totalmente desnecessário e que pouco ajuda à situação.

Há traders que iniciam uma operação com toda a expectativa de que ela dê certo, sem estarem prontos para que um pequeno acidente aconteça. Como resultado, o abalo de a operação ter dado errado, ficam emocionalmente desestabilizados e, não poucas vezes, entram no ciclo que vai levá-los a deixar de dar um stop, prolongando as perdas, deixando de entrar na operação para o lado certo e muitos outros problemas.

  1. Pensamentos

Nossos pensamentos são movidos pelo significado que damos às pessoas, aos lugares e às circunstâncias.

De fato, o nosso estado emocional moldará a forma como pensamos e interpretamos cada uma das situações pelas quais passamos.

A mãe do exemplo acima, sempre que pensar no filho, tenderá – se a experiência do acidente for vivenciada mais vezes ao longo do tempo – a vibrar na frequência da “perda” quando o assunto for suas pessoas queridas. Do mesmo modo, isso acontece com na bolsa de valores, com aqueles cujas perdas só reforçam as crenças firmadas anteriormente.

  1. Sentimentos

Dos nossos pensamentos, fluem as emoções. As emoções e sentimentos que manifestamos com mais frequência derivam da camada mais sutil, que são os pensamentos que temos com mais frequência. Considere todas as fases anteriores: muitos desses pensamentos que temos diariamente não necessariamente correspondem à realidade, visto que eles nascem de nossa limitada experiência individual. Se isso é verdade, por que não escolher um caminho que nos leve a pensamentos mais positivos e, por consequência, emoções mais produtivas que poderemos manifestar diariamente em nossas operações na bolsa ou em nossos relacionamentos pessoais?

São os sentimentos que fixam no nosso inconsciente as memórias, de maneira que é muito importante cuidar deles.

  1. Palavras

A forma de externar os pensamentos e os sentimentos são as palavras e elas exercem um forte poder sobre nós. A palavra tem um poder criador. Através da palavra, temos o poder de criar nossa realidade. A forma como nos interpretamos e nos expressamos sobre nós mesmos, ainda que em pensamento, tem uma grande influência sobre o resultado futuro de nossas ações. Se, durante este ciclo, você chegar neste ponto considerando-se “um trader ruim”, é isto o que você será no futuro, pelo simples reforço desse pensamento e dessa emoção de ser “um trader ruim”.

Mas como estamos falando de um ciclo, uma pessoa que já vem de pensamentos e sentimentos ruins, dificilmente terá palavras boas para entender, expressar e se referir a si mesma.

  1. Fisiologia

O nosso corpo, nosso modo de vestir, de se comportar, de reagir, reflete tudo o que vivemos nos passos anteriores que vimos até o momento.

Naturalmente, tudo o que parte dos nossos aspectos mais sutis acaba por se manifestar em nossos aspectos mais densos.

Nosso corpo e nossa aparência acabam por expressar nossa vida interna de alguma forma, através de nossa comunicação não verbal.

Quando André Agassi caiu de primeiro lugar no ranking dos tênis mundial para dezenas de posições abaixo, toda sua postura física mudou: a forma como entrava na quadra, como batia a bola antes de sacar, como olhava para o adversário. Tony Robbins o ajudou a voltar para a cabeça do ranking apenas analisando esse aspecto fisiológico.

Muito embora de nada adiante mudar sua postura e sua forma de se comunicar se todos os outros pontos não forem alterados como consequência: você e as demais pessoas saberão ler a artificialidade dessa técnica, pois essa fisiologia não terá sido gerada naturalmente e estaremos tensos dentro dela, como se vestíssemos um terno que não fosse do nosso tamanho. Mas aos poucos, se a disciplina e a atenção forem mantidos, o restante terá que se adequar a ela e mais e mais, todas as demais fases caberão nessa “roupagem”.

Porém, esse caminho é possível, afinal, estamos falando de um ciclo e qualquer ponto dele pode servir para você ganhar embalo.

  1. Crenças e convicções

O caminho feito até aqui é responsável por imprimir em nós crenças e convicções internas.

As crenças e as convicções são “certezas” que são implantadas dentro de nós.

Diante de experiências muito parecidas, tendemos a alimentar pensamentos, palavras, estados emocionais, sentimentos e fisiologias muito semelhantes. Se todos os passos anteriores forem positivos, nossas crenças e convicções serão positivas. Do contrário, serão negativas.

Uma pessoa que já tentou de tudo no mercado e sempre teve resultados ruins provavelmente terá a crença de que a bolsa de valores é um lugar que só serve para se perder dinheiro.

Para quebrar uma crença negativa é preciso muito esforço.

  1. Valores

Dentro de nós existem valores atraentes e repelentes. E, desde o momento da experiência, criamos padrões de valores. São aqueles itens da vida que consideramos valiosos.

Porém, poucas pessoas falam dos valores repelentes, que são os itens que não desejamos em nossa vida. Por exemplo, se uma pessoa tiver como “valor repelente” as críticas, ela vai estabelecer um padrão de comportamento que evitará críticas positivas que poderiam vir a fazê-la crescer. Em vez de buscar o sucesso, essa pessoa passará a evitar críticas, dois caminhos excludentes.

Um trader que tem como “valor repelente” a perda, por menor que seja, pode se encrencar, deixando de sair numa operação enquanto o seu prejuízo ainda é pequeno, sem falar de outros comportamentos daninhos. Um trader que valoriza mais a ideia de nunca perder dificilmente ganhará no longo prazo, pois para ganhar no longo prazo algumas perdas são inevitáveis. Ele prefere minimizar a dor a maximizar o prazer.

  1. Regras

Todo valor é seguido de regras que ajudam a colocar os valores em prática.

Inconscientemente, a gente cria regras para que alcancemos os valores atraentes e evite os valores repelentes.

Se toda a vez que eu amo as pessoas, eu me sinto feliz, e se toda a vez que eu ganho dinheiro eu me sinto feliz, se o meu valor é a felicidade, eu estabeleço essas regras para alcançar essa felicidade.

Se meu valor é não ter conflitos pessoais, eu vou criar regras de convívio para evitar conflitos pessoais. Por exemplo, não contrariando nunca as pessoas: percebeu como algumas regras podem ser prejudiciais ainda que, aparentemente, os valores sejam positivos?

Nesse caso, talvez um valor mais produtivo que geraria regras mais positivas seria, saber lidar com conflitos, solucionando-os, em vez de evitá-los.

Portanto, regras são tudo o que eu tenho que fazer para alcançar tudo o que eu, consciente ou inconscientemente, considero valioso ou evitar tudo o que eu considero repelente.

  1. Resultado

Após esse ciclo, passamos a colher o resultado em diversas áreas de nossas vidas.

Depois de todos os passos anteriores, você passará a agir de acordo com todos eles e terá os resultados que, conforme for o encaminhamento de tudo, serão positivos ou negativos.

Se você quer ter resultados diferentes, precisa ter atitudes diferentes. Atitudes iguais sempre levarão para resultados iguais.

Um trader não pode esperar um melhor resultado na bolsa de valores e no mercado futuro se ela continuar a usar os mesmos métodos.

Daí a importância de também de se fortalecer como pessoa: às vezes o trader está bem preparado, mas ele carrega coisas que nada têm a ver com o conhecimento nessa área, mas que vêm da vida pessoal, familiar e até mesmo de antepassados distantes.

  1. Reafirmação do potencial

E, a cada resultado, reafirmamos dentro de nós o nosso potencial. E, de acordo com o resultado, aumentamos ou diminuímos esse potencial.

Se o resultado reafirmar que eu sou um mau trader, a tendência é que eu reinicie o ciclo como um mau trader, aumentando o embalo de um ciclo perdedor.

Ao contrário, bons resultados reafirmam que o meu potencial é o de um grande trader.

O resultado é a prova de que todas as crenças obtidas anteriormente estavam corretas. E se essas forem provas de um potencial construtivo, esse potencial, nas palavras de Tony Robbins, é ilimitado.

  1. Ação

Toda ação precisa de energia e potencial. E as ações nos levam adiante. As ações do passado nos trazem para o ponto onde estamos no presente. No presente, eu tomo uma nova ação já visando objetivos no futuro. Essa nova ação é, por sua vez, fruto do resultado que eu tive por último.

E, então, iniciamos um novo ciclo, pela experiência que essa nova ação nos dará.

Resumo do ciclo

Segundo Tony Robbins, uma das formas mais simples de se alterar o ciclo é através da etapa 2 (foco) e 8 (fisiologia). São as etapas sobre as quais mais facilmente temos controle. Por se tratar de um ciclo, qualquer um dos pontos, de fato, pode servir de início para uma mudança.

  • Foco: coloque o foco nas coisas que dão certo, nos aspectos positivos dos acontecimentos adversos (que, por isso, deixam de ser adversos), nas decisões certas
  • Fisiologia: comece a ter comportamentos de uma pessoa de uma pessoa vencedora. Assuma essa fisiologia não só na hora de operar, mas em todos os aspectos da vida. Escolha pessoas que você admira e comece a buscar sua forma de se comportar, de se comunicar e de se posicionar no mundo

Assim, uma boa maneira de controlar o Ciclo do Sucesso é encontrar pessoas que você admira e passar a seguir seus passos até desenvolver a sua própria fisiologia para bons resultados.

 

RESSIGNIFICAR OS ERROS E AS PERDAS

Um dos pontos importantes do capítulo anterior é a ideia de ressignificar as perdas.

Pra acertar, a gente não pode ter medo de errar. Mas os erros têm que ser corrigidos. Pra gente conseguir corrigir os erros tem que saber as diferentes naturezas de cada erro no dia a dia do trader.

Sabendo que tipo de erro a gente comete, fica mais fácil corrigir.

Os erros podem ser de execução, de avaliação, de comportamento e erros que fazem parte da atividade do trader por definição.

Tem mais, mas esses são os principais. Corrigindo esses, você já aperfeiçoa bastante seu trabalho como trader.

 

 

 

 

 

 

Imagine que o preço furou uma resistência, sinal claro de continuidade de tendência de alta na Análise Técnica Clássica, né? E, então, a gente compra… Mas acontece que até chegar ali a tendência de alta, em meio à euforia do mercado, era só um grande investidor institucional que estava distribuindo o papel, passivamente, deixando os compradores agredirem suas ordens limitadas… o rompimento da resistência foi só um teste do mercado, o institucional já tinha parado de vender. Quando viu que não entrou mais ninguém distribuindo e mais ninguém comprando, o mercado começou a cair… nosso conhecimento prévio de que rompimento de suporte é continuidade de alta nos induziu a um erro de avaliação. Olha, gente, tudo isso, com o Raio X Preditivo a gente consegue evitar e corrigir.

 

Sempre vai ter aquele momento em que os erros de avaliação vão acontecer, mas eles não devem mais ser tão frequentes.

 

Já os erros de comportamento podem se bem graves e precisam ser eliminados. É quando as emoções interferem nas decisões. A maneira como a gente pensa, nossos estados neurofisiológicos, nossas crenças, tudo isso pode ajudar ou atrapalhar o nosso trade.

 

O forma que a gente pensa interfere no modo como agimos. O modo como agimos realimenta o modo como pensamos. É um ciclo, que pode ser virtuoso ou vicioso.

 

No que diz respeito aos erros de comportamento, as coisas mais comuns que a gente encontra são quando o trader não entra na operação mesmo quando tudo diz pra ele entrar, quando ele não sai de uma posição que já está no prejuízo e que deveria ser estopada, quando ele sai de uma operação que está no lucro mas ainda não chegou no objetivo, com medo de perder o que já ganhou. Sem falar os trades que em vez de esperarem o mercado ir até o setup deles, começam a inventar regras na hora, pra poder operar, como se fosse uma compulsão… ou que entram atrasado, com medo de perder uma oportunidade, como se o mercado nunca mais fosse dar uma…

 

Os erros de comportamento devem ser reduzidos ao máximo e, com o tempo, com a correção simultânea dos outros erros, eles podem ir diminuindo sim… é como o time muito retranqueiro que o treinador quer que jogue mais no ataque. Com o tempo os jogadores vão aprendendo a se posicionar e, como quem não faz leva, eles aprendem que se quiserem fazer gols terão que mudar seu comportamento em campo.

 

Aos poucos, o time vai vendo que aquele comportamento de jogar mais para frente, marcando a saída do adversário, vai rendendo frutos. Como rende gols e vitórias, eles querem jogar mais desse jeito… tendo os resultados, mais eles vão querer manter essa consistência e mais vão persistir em jogar da melhor maneira. O mesmo acontece com o trader na correção dos comportamentos errados.

E tem os erros que fazem parte do dia a dia do trabalho do trader mesmo. É isso. Se você é trader, eles fazem parte. São difíceis de evitar. Querer evita-los é como querer ser salva vidas e não se molhar.

 

Eles acontecem porque o mercado, por definição, é imprevisível. Você pode ser o operador mais ágil, o que melhor avalia uma situação muito particular do gráfico de um ativo, tem todos os comportamentos e crenças dignos de um jedi da bolsa de valores. Mas o mercado é imprevisível. Na maior parte das vezes, vai dar certo. Mas o mercado faz o que quer.

 

Mas a principal lição aqui é que não podemos tratar nossas perdas como erros. Muitas vezes, é melhor ter uma perda pelo motivo certo, porque você entrou corretamente em uma operação, no tempo certo, com seu setup certinho, levando o stop onde devia levar, do que ter um lucro pelo motivo errado, porque entrou numa operação por impulso ou porque evitou sair no stop planejado.

 

A palavra erro não pode ter uma energia negativa.

 

O erro tem que ser algo positivo porque nosso objetivo é transformar o efeito negativo das crenças que impedem que a gente tenha sucesso.

 

A partir do momento que a gente olha o erro sob uma lupa, a gente consegue classificar, trabalhar com ele, organizar as coisas e isso, ainda, vai ajudar a lidar com o risco de operar. O risco sempre vai existir.

 

SER TRADER PRESSUPÕE O ERRO

 

O único trader que não erra é o trader que não opera. E, se não opera, não é trader. Tudo bem não ser trader, ninguém é obrigado, mas se quiser ser, vai ter que operar e, se operar, vai ter que conviver com eventuais erros, certo?

 

Tudo depende de que significado a gente vai dar pra esses erros. Tudo depende de nossas crenças, de nossas crenças quanto ao erro.

 

Se a gente vê o erro de uma forma negativa, vai dar um significado negativo sempre que errar. Se o erro tem uma carga positiva, sempre que errarmos teremos um viés positivo sobre ele.

 

A gente tem que dar um novo significado aos erros. Primeira coisa é fazer a diferenciação entre os erros. Cada um – erro de execução, erro de avaliação, erro de comportamento e aqueles erros inevitáveis porque o mercado é imprevisível – tem que estar bem definido. Cada um tem uma forma de cuidar diferente.

 

Os traders não costumam diferenciar os erros, mas é importante. Se a gente não fizer isso, nossas tentativas de arrumar nosso modo de pensar para a realidade do mercado pode não dar certo. Traders ativos, traders que operam de verdade, têm um jeito de pensar diferente do das outras pessoas. Traders de verdade dão significados diferentes a coisas que a maioria das pessoas percebe diferente.

 

Os erros, não importa se de execução, avaliação e comportamento, devem a partir de agora, ser encarados como custos educativos. E se é custo é algo para fazer seu empreendimento funcionar. Eles são seus professores e professores devem ser pagos. E, aos poucos, esses professores vão ensinando você a não errar mais.

 

Tão logo o aprendizado desses professores, os erros, comece a fazer efeito eles vão começando a ganhar uma polaridade positiva. Você não vai se sentir chateado ou inferior quando errar. Vai ter aprendido algo novo ou reforçado um aprendizado que já tinha ou que já devia ter absorvido.

 

Se não fizer isso, se não transformar essas crenças quanto aos erros, vai ser bem difícil ficar no mercado. São os três tipos de erros mais comuns na fase de seis meses em que estará aprendendo.

 

Porque você está nessa fase de aprendizado, é bom começar operando com lotes bem pequenos. Não sinta vergonha de operar com um ou dois minicontratos ou com um lote de ações apenas.

 

Também não lute contra os erros. Eles vão acontecer. Deixe que aconteçam. Quem aprendeu a andar de patins sabe que quanto mais você evita cair, mais tenso fica, quanto mais tenso fica mais difícil é aprender a andar de patins. Se for pra cair, caia. Do chão no passa. Do stop loss também não.

 

Mas quem está aprendendo a andar de patins não vai tentar fazer piruetas. Vai devagarinho. Se cair, vai ser um tombo mais de boa. Do mesmo jeito, para o trader iniciante, operar com a mão pequena ajuda a aceitar o fato de que ele vai cair. Tem pouca ficha no jogo. Olha, pode ter um milhão de reais para operar. Só comece a aumentar os lotes quando conseguir ter ganhos consistentes, se não até esse milhão vai embora. Não se empolgue porque desrespeitar a regra de começar pequeno tira muita gente do game.

 

Quando o tema é erros de julgamento, de avaliação, e aqueles erros inevitáveis por causa da natureza imprevisível do mercado, é fácil confundir os dois. Pra não misturar os dois, antes, a gente precisa entender melhor o que achamos que é uma oportunidade de ganhar dinheiro.

 

Vamos pegar como exemplo um investidor que faz Value Investing. Ele está procurando uma empresa que tem uma ação com preço inferior ao real valor da companhia. E tem que fazer isso antes dos outros investidores. Se ele interpretar errado os fundamentos da empresa, por exemplo, a projeção do patrimônio para o futuro, esse será um erro de avaliação. Mas, digamos que essa seja uma interpretação correta, e, então, a Polícia Federal começa a investigar a empresa. Não tinha como prever isso pelos métodos naturais do mercado. Esse foi um erro inerente ao fato de se estar fazendo negócios na bolsa. O potencial de ganho que se esperava já não existe mais.

 

O erro de avaliação pra quem faz day trade é o erro de julgamento cometido na leitura do gráfico, quando se usou as informações que estavam no gráfico, perfeitamente observáveis. Os erros inevitáveis causados pela imprevisibilidade do mercado são aqueles que acontecem por causa de coisas que não estão no gráfico, informações que não poderíamos ter nem que quiséssemos.

 

O gráfico, ainda mais com as ferramentas do Raio X Preditivo, mostra muita coisa: o deslocamento do preço, o aumento do volume em uma pernada, a acumulação, o preço médio dos investidores institucionais.

 

Mesmo sabendo de todas essas coisas, é possível que alguns erros sejam cometidos, afinal, a cada dia algo novo acontece no mercado. A cada tick tem uma novidade, a oferta se altera, a demanda muda também. O modo como interagimos com o mercado nunca, eu disse nunca, nunca é a mesma coisa.

 

A gente só consegue diferenciar o erro de avaliação de um erro inevitável do mercado quando a gente desenvolve bem a nossa leitura do mercado através do Raio X Preditivo. Leva algum tempo, mas não é uma tarefa impossível e os alunos, em pouco tempo, já conseguem ter resultados.

 

Olha, para diferenciar as duas coisas, a gente pode ser um pouco mais quantitativo, embora isso não seja o ideal para ajudar a entender o que é o erro de avaliação e o erro imprevisível.

 

Cada ação, contrato, minicontrato, o que for, tem certa frequência de oscilação em centavos ou pontos. Dá para, em todos, sacar quais são os movimentos mais comuns. Saber quais são esses movimentos, o tamanho deles, em cada ativo é fundamental para você se dar bem como trader.

 

Com elas dá para saber quanto posso esperar ganhar, quanto posso colocar de stop e o que é um objetivo razoável para cada operação.

 

Olha, leve em conta que expectativa é só expectativa. E expectativa nem sempre se comprova. Temos que estar prontos para aceitar o que o mercado nos apresenta. O mercado não faz o que a gente quer.

 

Muito bem, agora a gente já sabe o que é um erro inevitável no mercado, aquele erro a que todo trader, mesmo o mais habilidoso e com a melhor leitura, fica a mercê. Esse erro, por ser inevitável, fica energizado negativamente, por hábito. Mas a gente pode começar a pensar diferente a respeito deles e, assim, aceitar melhor o risco que eles representam.

 

Comece aceitando que o stop é o preço de encontrar uma oportunidade de ganhar dinheiro: além disso, nem sempre precisa pagar, quando a oportunidade se comprova. Levar um stop é bom porque protege nosso patrimônio.

 

Pensando assim, quando você levar um stop, vai até ficar feliz. Nossa, que bom que eu levei um stop. Já pensou se eu tivesse que ficar nessa operação até as profundezas do preço?

 

E, pra isso dar certo, pra gente mudar essa crença, a gente precisa a experimentar algo positivo quando adotamos essa forma de pensar.

 

Ou seja, tem que operar. O trader pra ser trader tem que operar.

 

Operando a gente vê que não dá para acertar sempre, sempre ter operações ganhadoras. Tem o fator imprevisível, os erros que fazem parte de nossa atividade apenas pelo fato de estarmos exercendo essa atividade.

 

Uma pessoa que dirige bem e com prudência raramente vai se meter em um acidente, mas se isso acontecer, tem o cinto de segurança. Não é para precisar, mas se precisar ele está ali. Mesma coisa o seguro. Que alívio ter seguro e cinto de segurança e air bag quando a gente precisa. O bom é não precisar, mas se a gente dirige, está exposto a isso. A mesma coisa o trader. Quando ele leva o stop por causa de um imprevisto do mercado, fica até feliz, aliviado, mesmo que seja uma violinada. Mesmo que ele leve o stop e o mercado volte para a direção de sua posição.

 

Tirando ensinamentos positivos dos seus erros, eles se tornam seus professores. E encarando os erros como professores, como um custo educacional, fica mais fácil aceitar o risco de estar exposto aos erros. Errar faz parte do aprendizado.

 

 

 

DINHEIRO NÃO É PROBLEMA: CUIDADO PARA VOCÊ NÃO SER O PROBLEMA DE SEU DINHEIRO

 

Depois do capítulo anterior, talvez você esteja pensando: puxa vida, tenho pouco dinheiro, não tem como competir com os possuidores fortes, contra os leões da bolsa.

 

De fato, mesmo que você tivesse R$ 1 milhão, não estaria à altura. Vou dizer que nem com R$ 100 milhões estaria. O bolso desses participantes é bilionário, quando não trilionário.

 

O problema não é ter pouco ou muito dinheiro. O problema é não estar preparado financeiramente. E estar preparado financeiramente não é uma questão de bolso. É uma questão de cabeça. Sem o tipo de pensamento certo, você pode ter muito dinheiro disponível e mesmo assim vai se dar mal.

 

Despreparo financeiro é não entender o que é o trading. É não entender o que implica ser um trade.

 

E isso pode estar acontecendo com você.

 

Começar a negociar na bolsa de valores, hoje, é muito fácil: é só abrir uma conta na corretora, depositar os valores necessários, baixar um programa para o computador, se conectar à internet e começar.

 

Isso dá uma ilusão de facilidade.

 

Pra gente ser trader, a gente precisa, de verdade, das mesmas coisas que para sermos empreendedores.

 

Precisamos de comportamentos adequados a quem espera ganhar dinheiro em um mercado altamente competitivo.

 

Como um empreendedor se comporta?

 

Você inicia uma empresa simplesmente abrindo uma conta no banco, depositando os valores, baixando um programa e começando a vender os seus produtos?

 

Isso não existe.

 

Eu diria que, hoje, um empreendedor precisa do mesmo nível de planejamento na área econômica e financeira que um general deveria ter antes de uma batalha importante.

 

Ele deve pensar nos fatores conhecidos, estar prontos para eles e considerar até os fatores desconhecidos do “inimigo” e ter reservas para essas contingências. Um plano B para se o A der errado. E um C. E um D também.

 

Como novo empresário, primeiro, você precisa comprar os equipamentos para sua produção, depois encontrar um imóvel para se instalar – se for trabalhar em casa, talvez precise fazer algumas reformas -, precisa considerar os gastos fixos como salários (inclusive o seu próprio salário), energia elétrica e muitos outros.

 

E isso tudo são só os gastos fixos.

 

Há, ainda, os custos variáveis, quando ocorrem picos de venda, por exemplo: nesse caso, tem que comprar matéria-prima e, talvez, contratar funcionários terceirizados. Ou até assinar carteira de novos, adquirir um veículo para a empresa…

 

O faturamento da nova empresa, por outro lado, depende de vários outros fatores que também devem ser planejados.

 

Pois alguns fatores, claro, dependem de seu esforço, inteligência e planejamento.

 

Outros, não: pode surgir uma nova lei dificultando o seu trabalho, obras próximas da empresa, crises ou bonanças econômicas.

 

A palavra lucro só irá surgir na cabeça do novo empresário quando o faturamento for maior que os custos.

 

E quando o investimento inicial for coberto, é claro.

 

Então, o tão desejado lucro – dependendo do negócio – pode demorar alguns meses para acontecer. Talvez anos.

 

E você, por isso, precisa saber de antemão dos valores dos custos fixos mensais e de quanto será preciso investir no início.

 

Quanto maior a precisão com que você sabe o tamanho do dinheiro que vai expor ao risco, maiores as chances de sucesso. Ou até mesmo de dizer: não, esse negócio não é viável… vou tentar outra coisa.

 

A partir do momento que sabemos quanto vamos ter de custos, aceitamos pagar sem a menor dor na consciência, porque aquilo é o necessário para que o negócio dê certo. Chegamos a pagar felizes da vida!

 

Um empresário, tão logo entenda que um custo é necessário para o sucesso de sua empresa, não fica chateado por ter de comprar uma máquina, pagar salários ou saldar o aluguel. Ele não foge dessas despesas.

 

É isso ou ser empregado de alguém. Nada errado em ser empregado de alguém, mas tudo deve ser uma escolha.

 

Como o general, em uma batalha, o empresário não se importa de enviar um pelotão a mais atacar o flanco do inimigo pois sabe que a vitória depende desse movimento.

 

E, se ele for contra-atacado pelo alto, certamente reservou uma bateria antiaérea para se proteger, sem que o inimigo desconfiasse.

 

Este é um exemplo bem simples e, certamente, a vida dos empreendedores é bem mais complexa que isso, mas mostra de maneira didática o tipo de pensamento e comportamento necessário para iniciar um negócio.

 

Como virar trader com a mente de um empreendedor?

 

São poucos os traders com os comportamentos que descrevemos aqui.

 

Muitos pensam que farão um salário no mercado, como se o mercado fosse o seu empregador.

 

Ouço muitas perguntas como: “Quanto dá para tirar por mês?” ou, ainda, “Quanto tempo leva pra eu conseguir viver do mercado?”

 

Essas perguntas revelam uma certa inocência sincera que deve ser respeitada, afinal, as únicas perguntas tolas são aquelas que não formulamos e guardamos para nós, sem respostas.

 

Mas também revelam uma falta de compreensão do que é o mercado e de tudo o que orbita as atividades dos traders… pelo menos dos traders que realmente “tiram” algo do mercado por mês e que, depois de um tempo, passaram a “viver do mercado”.

 

O trader, assim como o empreendedor, negocia na bolsa de valores como quem vai para o campo de batalha: ele também precisa estar em contato com a ideia de que algumas coisas são previsíveis – e ele deve estar pronto para essas coisas – e que certas contingências são imprevisíveis. E até para essas ele deve estar pronto.

 

Olha só, bem importante isso: o trader sabe que o mercado não lhe deve um salário.

 

Ele sabe, inclusive, que, se ele deixar, o mercado vai tomar dinheiro dele.

 

É exatamente o que acontece com qualquer empreendedor. Se ele deixar, o mercado vai tomar o dinheiro. E é banco cobrando juros de empréstimo, é o concorrente tomando cliente, é o imposto recolhendo a alíquota…

 

E não porque o mercado é malvadão.

 

Mas porque o mercado funciona assim.

 

São essas as regras do jogo e o general sabe que, na guerra, muitas das regras são criadas com a batalha em curso.

 

O problema é que os milhares de pessoas que abrem seus computadores todos os dias para negociar na bolsa de valores não assumem, por ingenuidade, fantasia ou simples negação, que o risco sofrido por um trader equipara-se ou até supera o risco sofrido por um empreendedor.

 

A atividade de trader pessoa física – você, sim, você – não se compara à nenhuma atividade do mundo corporativo.

 

Você não é empregado do mercado, o mercado não é seu patrão e ele não lhe deve nada.

 

O trader deve se enxergar como empreendedor e os riscos dos empreendedores são diferentes dos riscos dos funcionários.

 

Como aceitar o risco que envolve a atividade do trader?

 

Se você realmente quer ser um trader, este é o momento de aceitar o risco de tal atividade.

Assim como um empresário aprende cada dia mais sobre o setor em que vai atuar, assim como general que estuda o campo de batalha a ponto de conhecê-lo mais do que a si mesmo, você precisa pensar e planejar seu aprendizado como um empreendedor.

 

Organizei uma estrutura de investimento, de custos e de faturamento que deve ajudar no processo de aceitar o risco do negócio.

 

Primeiro devemos pensar em termos de investimento. Faça uma coluna onde você vai incluir tudo o que é necessário para começar.

 

Estamos preparando o exército antes de colocá-lo no campo de batalha. Anote todos os custos relativos a seu estudo, tais como cursos online e viagens para cursos presenciais (seja detalhista, você é um investidor; anote até o custo com alimentação) e também não esqueça que talvez você precise comprar um computador um pouco melhor (alguns indicadores mais avançado de volume, que é a principal informação com a qual lidamos pedem um certo processamento).

 

Até aqui, nada de novo, embora existam pessoas que comecem a fazer trades sem sequer pensar nesses detalhes. Espero que não seja o seu caso.

 

Agora, numa coluna ao lado, coloque os custos fixos mensais.

 

Alguns custos serão previsíveis, outros não.

 

Aconselho, no entanto, a estimar os custos que não são previsíveis também nesta área. Depois eu vou contar por quê.

 

Tem coisas que você sabe que vai ter que tirar dinheiro do gosto, como os custos de corretagem (estimando quantas operações fará por mês ou, então, comprando um plano de corretagem. Você também terá que pagar sua internet, mas suponho que esse é um custo que você já tem de qualquer maneira. Há também as plataformas de negociação. Algumas delas são pagas, mas as corretoras fornecem algumas delas gratuitamente e muitas dessas são bem versáteis, como o Meta Trader.

 

Mas tem uma coisa que sempre escapa das contas dos traders iniciantes: as perdas.

 

Sim, perdas. É bom considerar quanto você vai perder, principalmente no começo. É um “investimento” que você está fazendo.

 

E, com isso, aqui, começamos com alguns conceitos interessantes: sugiro que projete, estime, os custos da bolsa de valores, as perdas, assim como as despesas de corretagem por um período.

 

Note que estes não são custos fixos, sobretudo porque você não sabe quanto irá operar e quanto pode perder ou até mesmo ganhar. Mas se você já der esses valores como perdidos, já estará preparado para o pior cenário possível.

 

O fato é que você terá que aceitar o custo e as consequentes perdas dos trades que fizer durante o mês. Se você faz dez trades por dia, terá ao final do mês, aproximadamente 200 operações.

 

Embora esse custo não seja de fato previsível, você terá a noção de quanto pode custar potencialmente fazer essas 200 operações com perdas.

 

As perdas pré-definidas são os custos menos previsíveis. Pressupondo as 200 operações de day trade, é possível, a seguir, calcular com relativa precisão os custos, incluindo os da bolsa de valores, os da corretora e os demais.

 

Perdas? Certamente ocorrerão? Você já viu um empresário de sucesso que não passou por dificuldades? Ou um grande general que não tenha perdido batalhas? Mas não há como quantificar o tamanho dessas perdas. No entanto, no início, as perdas, embora mais frequentes, não devem ser grandes ou debilitantes.

 

O fato é que esses custos fazem parte do risco e minha intenção é que você aceite esse risco do negócio.

 

Então, neste princípio, trato dos custos da bolsa de valores, da taxa de corretagem e das perdas como se fossem fixos a fim de compelir você a operar.

 

Como eu disse, se você já entende tudo isso como o custo do seu negócio, algo que você vai ter que pagar de qualquer maneira para sua empresa ser possível, você põe a mão no bolso feliz da vida. Ou deixa para outro momento em que isso seja possível.

 

E, nunca é demais lembrar, você só aprenderá a operar na bolsa de valores se operar e só irá mudar crenças se operar.

 

A última conta que falta é o ganho. Obviamente quanto maior, melhor.

 

É o seu ganho que compensará todos os riscos e custos citados.

 

Entretanto, há muitas dificuldades no caminho e muitas coisas que o trader iniciante precisa aprender e desenvolver.

 

Por isso, seus ganhos serão progressivos.

 

É possível que, no começo, seus ganhos não sejam suficientes para bancar todas as despesas.

 

Para saber se valeu a pena, é preciso passar pela fase do aprendizado e superá-la. Não coloque muitas expectativas sobre o resultado dos primeiros meses.

 

Principalmente porque a relação entre ganho e risco costuma ser desvantajosa para quem opera lotes pequenos, caso dos iniciantes: assim, não tome como base seu resultado líquido durante a fase de aprendizado.

 

O seu foco deve ser aprender a fazer o trade.

 

Aceitando esses conceitos é mais fácil acreditar que trading é similar a qualquer negócio.

 

Há muitas incertezas envolvidas.

 

Quem operar com a perspectiva de evitar custos cairá em um sério problema, pois, como vimos, alguns custos fazem parte.

 

É impossível operar sem pagar corretagem e taxas da bolsa de valores.

 

Sem perdas também é impossível!

 

Se focar em economizar nos custos que fazem parte – e isso inclui as perdas, as vezes que você leva um belo de um stop loss – reduzirá a possibilidade de ganhar.

 

É a velha história: ninguém quer morrer mas todo mundo quer ir para o céu. O trader tem que morrer com os custos sim.

 

Quando aceitar isso, vai estar pronto para aceitar o risco da sequência de trades e não vai baquear com uma única operação que deu errado.

 

Aliás, a consistência vem da diluição do risco em diversas operações diferentes. É outra forma de diminuir o desconforto do ganha-perde de cada trade.

 

Ou, como diziam os generais desde a antiguidade, não é em uma batalha que se perde a guerra e também não é em uma batalha que ela é ganha.

CARLOS FERREIRA FERNANDO RAVAZZI CISNE NEGRO OSNEY OUTRAS HISTÓRIAS

Desci do ônibus e tive meu primeiro contato com a selva de pedra, a Cidade de São Paulo. O vai e vem de pessoas no terminal rodoviário de Barra Funda era um contraste com a relativa tranquilidade de Presidente Prudente, o grande quintal dos meus avós onde comi tanta manga e jabuticaba. Era 1998 e eu tinha 18 anos.

Muitos objetivos na cabeça, eu chegava com a convicção de vencer nesse mercado que eu já sabia ser altamente competitivo.

Sim, o comprometimento de ser alguém nesse meio era um sonho que já vinha sendo gestado desde a adolescência, desde dois anos antes.

Afinal, já fazia esse tempo desde que eu começara a conhecer o mundo da bolsa de valores, quando meu pai me colocou para trabalhar na corretora de um amigo, em Prudente, para implantar soluções de informática.

Mas a verdade era que eu fazia de tudo por lá, mesmo sem ganhar nada. Como o negócio estava começando, o amigo de meu pai não tinha como pagar.

Não vou negar. Vou usar termos educados: não fiquei nada feliz com essa história.

Porém, para meu pai, o mais importante era que eu adquirisse responsabilidade, aprendesse a cumprir horários e a ser útil para as pessoas. De manhã, meu pai me deixava na corretora no caminho para seu trabalho.

Fui receber o primeiro salário apenas seis meses depois de começar. Ainda assim, não era nenhuma fortuna: R$ 230 por mês. Mas como aquilo valia e ainda vale pra mim! Sou muito grato.

No tempo que me sobrava, eu me dedicava aos estudos. Mas, aos poucos, eu já me percebi me direcionando para aquilo que seria minha paixão profissional.

Realmente, eu entendia de tecnologia, programação e computadores e essa foi minha porta de entrada para o mundo da bolsa de valores. Frequentava cursos desde os 12 anos e já sabia montar computadores – os antigos 286, 386 e 486 – com componentes que eu e meu tio íamos buscar no Paraguai.

Isso me ajudou a acompanhar a instalação dos equipamentos na empresa do amigo do meu pai. Era um sistema de broadcast que recebia sinais das cotações da bolsa através de antena, pelo sinal da Band. Era algo avançado para a época, mas para os padrões de hoje era precário: quando chovia precisávamos chamar um técnico para regular o equipamento. Mas, na maior parte das vezes, os técnicos eram dispensados, porque eu dava conta de tudo.

– Tem um rapaz gordinho lá que faz a configuração melhor que a gente… – diziam.

Mas eu fazia de tudo mesmo. Era um verdadeiro office boy. Pagamentos, depósitos em bancos, buscava e levava documentos. Era comigo.

Desde o início, porém, eu fiquei interessado naquele negócio: como a bolsa de valores, como os investimentos, como os trades funcionavam.

Eu era meio acanhado, ainda, e pedi para meu pai falar com o amigo:

– Franciso, o Júnior está interessado nesse negócio aí de bolsa.

O Francisco concordou e respondeu que a partir do dia seguinte, durante meio período, eu ia começar a aprender. E na prática. Foi quando comecei a ter acesso à parte operacional.

A partir daí fiz vários cursos em São Paulo. Não demorou muito para que eu procurasse meu pai com uma decisão importante:

– Pai, quero largar a faculdade. Quero me dedicar ao aprendizado desse negócio.

Passei a ser o braço direito do Franciso e atender aos clientes com movimentações menores, ainda que sob supervisão.

Não demorou para que eu começasse a fazer indicações de ativos através da Análise Gráfica e com resultados positivos, o que rendeu boas conversas com meu chefe e, então, orientador, que era adepto da Análise Fundamentalista, que é voltada aos fundamentos das companhias.

Parece que foi o tempo de um piscar de olhos entre os primeiros momento dessa história e aquele momento em que eu estava eu chegando em São Paulo, maior de idade e já sabendo o que eu queria.

Mas, antes disso, tem uma história que envolve uma Mobilete e uma paulada na bolsa.

A PRIMEIRA PAULADA DA BOLSA A GENTE NUNCA ESQUECE

Eu começava a me sentir confiante, principalmente por causa do feedback positivo dos clientes que eu atendia.

Decidi vender uma Mobilete que havia ganho para fazer uma operação com opções.

Operei opções a descoberto da Telebrás: “Tá mole”, pensei.

Acontece que bem naquele dia saiu uma notícia com o Armínio Fraga e as ações dispararam.

Esses derivativos que eu vendi – ou que lancei, no jargão do mercado – me obrigariam a comprar ações que estavam muito caras e vendê-las a quem adquiriu minhas opções a um preço bem abaixo. Meu prejuízo chegou a R$ 8 mil e poderia piorar. Faça as contas: eu ganhava R$ 190. Liguei para meu pai, quase chorando.

– Encerra a operação -, disse meu pai com calma.

Meu pai, hoje, conta que esse episódio serviu para mim como lição:

– O Júnior achava que já entendia tudo de mercado. Na verdade, estava engatinhando.

E é verdade.

Mal sabia eu o quanto tinha ainda para aprender e o quanto ainda tenho.

FINALMENTE, CHEGANDO A SÃO PAULO

O Terminal da Barra Funda era uma loucura. Gente indo em todas as direções, chegando e partindo, carregando malas, sonhos, problemas, preocupações, desejos de reencontros e saudades.

No meio daquela agitação toda, alguém me esperava lá: Fernando Ravazi, meu fiel amigo até hoje. Ele levou-me de carro até o antigo Hotel Othon, no centro velho de São Paulo, uma hospedagem com a qual eu podia arcar, na época. Ficava ao lado da atual Praça do Patriarca.

Nos primeiros dias em que estive ali hospedado, o Fernando chegava a pé, cedinho, e íamos juntos até o terminal de ônibus Bandeira, entre a 9 de julho e a avenida 23 de maio. Pegávamos o ônibus e descíamos próximos da rua Dr. Renato Paes de Barros, 717, endereço da SLW até hoje.

Lembro bem da primeira impressão que tive ao chegar naquele ambiente de trabalho. Sem dúvida que eram menos pessoas que no Terminal Rodoviário, mas a energia era gigantesca.

Eu, vindo do pacato interior de São Paulo, fiquei impressionado com aquele grupo de umas 70 pessoas em ebulição: grudadas no telefone, atendendo e passando ordens de investidores no mercado através dos operadores.

Nessa época, a SLW tinha muitos assessores de investimentos que recebiam ligações de clientes e, por sua vez, esses assessores repassavam ordens para o Fernando, que era operador da então Bovespa e para o Carlos Ferreira, então operador da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), outro amigo importante para minha formação de que falarei logo mais.

Desde aquele tempo, a minha amizade com Fernando só cresceu. Certa vez, em 2007, o nosso avião atrasou devido a um problema nos instrumentos no aeroporto de Natal. Acabamos pousando em Guarulhos em vez de Congonhas. Tentamos correr para pegar o avião de volta a Presidente Prudente. Mas não teve jeito. Já que teríamos que ficar hospedados em São Paulo, resolvi ligar para o meu amigo para jantarmos com sua esposa e ele. Ao saber da situação, ele fez questão de que eu e minha esposa dormíssemos na casa deles. Não só isso: no quarto principal. É por essas que a gente acaba medindo o grau de estima de nossos amigos.

Até hoje, sempre que podemos, nos encontramos em São Paulo ou em Prudente ou mesmo no sitio da família dele na cidade de Getulina.

Desde 1998 – quando ele me recebeu na rodoviária – até 2002, eu permaneci indo e vindo entre Prudente e a capital paulista. Foi nesse ano, porém, que Chicão veio a falecer. Por gratidão e consideração à família, que manteria o negócio, acabei permanecendo na corretora por mais um ano.

Nessa época, eu já tinha resultados consideráveis e fazia operações de porte, graças a outro amigo que conheci na SLW, o Carlos Ferreira, e aos conhecimentos que ele teve a generosidade de compartilhar comigo.

UM CARA FORA DA CURVA

O Carlos é definitivamente um cara fora da curva, alguém com o pensamento duas ou três jogadas à frente até mesmo dos competidores mais fortes.

Nossa amizade começou a se estreitar entre os anos 2000 e 2002, quando ele operava o antigo sistema Global Trading System (GTS), para enviar ordens à BM&F. De Prudente, ligávamos para a SLW e o Carlos era responsável enviava nossas ordens ao Mercado Futuro. No Mercado à Vista, a conversa era com o Fernando, que operava no Megabolsa, então o sistema que viria a encerrar o pregão viva voz e que foi substituído em 2015 pelo Puma (Plataforma Unificada Multi Ativos), que hoje atende também à BM&F.

O NETO DO PADEIRO VAI À BOLSA

Com nossa amizade, me senti à vontade e mencionei ao Carlos que eu tinha um sonho: entrar no do pregão do Índice e conhecer de perto como o jogo funcionava. Ele não pensou duas vezes:

– Opa, considere realizado – já pegando o telefone e fazendo ligações para alguns amigos.

No dia seguinte – lembro que era julho de 2002 -, eu estava no pregão, no meio daquela gritaria. Eu ainda vou contar essa história com mais detalhes, mas já adianto: o que eu testemunhei mudou o modo como eu vejo o mercado e, se não fosse essa experiência, talvez você nem estivesse lendo isto.

O pregão viva voz acabou na Bovespa em 2005 e, na BM&F, em 2009. Muita coisa se transformou. Mas eu e muitos outros que souberam encarar a evolução continuamos, sem permitir que ficássemos obsoletos.

O Carlos, um dia, foi chamado para virar operador de um fundo multimercado que atuava pesado em volatilidade implícitas, que envolve um tipo de engenharia financeira extremamente complexa. Ele começou a conhecer um mundo muito diferente do varejo, aquele em que eu e você, pessoas físicas, operamos.

Era o mundo institucional.

Eu ia com muita frequência a São Paulo, agora, para fazer cursos na Ancord (Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias), porque meu patrão já estava doente e precisava de alguém com a certificação de assessor autônomo de investimento para ser responsável.

Era puxado e eu ainda não sabia que a melhor fase de minha vida estava começando.

Foi nessa época em que o Carlos me ensinou a montar operações de arbitragem nas volatilidades implícitas nas ações da antiga Telebrás e da Petrobras com uma planilha que ele mesmo criou. Assim, ele se tornou aquele que considero meu primeiro mentor dos mercados. Com ajuda dele, cheguei toda a literatura possível e ao meu alcance sobre fluxos e volatilidades nas opções e no Índice Futuro.

Posso dizer com certeza é que foi nessa época que a metodologia que hoje ensino, o Raio X Preditivo, começou a ser estruturada. Mas então eu nem fazia ideia disso.

Carlos foi o primeiro a me mostrar que a parte psicológica das operações tem pouca importância quando o método operacional é eficiente. Você passa a confiar no método e o emocional naturalmente fica do lado de fora do jogo. Vivenciei um cenário de prosperidade e ganhos financeiros com os trades somente com a técnica que o Carlos me passou. Foi quando vi que é uma tremenda bobagem essa história de que operar na bolsa é 80% psicológico e 20% técnica.

Nessa época, a técnica de arbitragem que aprendi a usar era eficiente porque o mercado brasileiro ainda não era dominado pelos robôs de negociação de alta frequência (High Frequency Trading Robots – HFTs) da UBS Group AG e do Credit Suisse. E posso dizer que,  graças a ela, consegui fazer um belo pé de meia.

O DIA DO CISNE NEGRO: A SEGUNDA PAULADA FOI MAIOR

Mais uma vez, eu estava confiante e me sentia o sabe tudo.

Sempre tome cuidado quando se sentir assim.

Foi quando eu vi, navegando em meu lago de tranquilidade e bem aventurança, o famoso cisne negro.

A expressão cisne negro se refere a coisas que não deveriam acontecer na vida da gente, porque são improváveis e terríveis. São improváveis, mas se algo é improvável não quer dizer que é impossível.

Então o cisne negro apareceu.

Eu já tinha conseguido fazer meu primeiro milhão com trades graças à técnica que aprendi com o Carlos. Talvez esse valor seja pequeno para alguns ou grande para outros, dependendo de quem estiver lendo este livro. Mas a verdade é que, poucos anos antes, eu estava entregando pão com meu avô de madrugada. Pra mim, essa cifra era uma vitória.

E, agora, eu estava me sentindo um deus do mercado.

Não tinha medo de nada.

Foi quando, do nada, o então presidente Lula – em 8 de novembro de 2007 – anunciou a descoberta do Tupi, a maior reserva petrolífera já encontrada no território brasileiro.

Aquela notícia tão boa para o país, para mim era o tal cisne. Tão negro quanto o petróleo.

Eu estava vendido em volatilidade nesse dia.

É um pouco complexo, mas vou tentar explicar. Se não entender agora, não se preocupe, pois com um pouco de conhecimento vai começar a entender o que aconteceu.

A minha posição era comprado em 350 mil opções de petrobras com strike in the money e vendido em 800 mil opções de um strike out the money.

Estava alavancado não só em termos de posição: também estava operando com dinheiro que nem era meu. Parte do financeiro envolvido pertencia a dois amigos que confiavam na minha técnica.

Na planilha, estava tudo bem: meu financeiro tranquilo e o lucro projetado até o momento era de R$ 25 mil.

A expectativa era carregar a posição por mais dois dias e sair dela com até R$ 40 mil.

Se o mercado fosse jogo de combinação, claro, a planilha que aprendi a usar com meu amigo, projetava isso, devido aos juros diários a favor conhecidos como “efeito theta”.

Foi quando olhei para meu terminal e vi o aviso de leilão somente para as ações e opções da Petrobras.

Acendeu uma luz amarela em minha cabeça.

Um dos grandes problemas para nós do varejo, pessoas físicas que operam na bolsa de valores, é que nós não temos informações relevantes em tempo hábil para nos basearmos em notícias. Quando as recebemos, já é tarde demais, geralmente.

Afinal, quem você acha que tem as notícias realmente importantes primeiro: o tesoureiro de um grande banco ou o estagiário do portal de notícias ou mesmo da Agência Reuters que aperta o botão “Publicar”?

No dia do anúncio do Tupi, eu vi claramente uma corretora – da qual não revelarei o nome – se posicionando de um modo que, acintosamente, revelava que essa empesa ou alguém operando através dela estava com informações privilegiadas, prática considerada criminosa conhecida como insider trading.

Quando o leilão das ações da Petrobras terminou, a cotação saiu de R$ 70 e foi para algo acima dos R$ 80. Só então vi o tamanho da encrenca em que tinha me metido.

É nessas horas que a luz amarela de alerta devem se tornar vermelhas em nossa cabeça, significando: “Me lasquei.”

Só para ficar em um único exemplo, uma opção de R$ 0,70 foi para R$ 13 em dois dias. Uma valorização de mais de 1100%.

Pense comigo:

  • 800 mil opções vendidas fora do dinheiro: essas me obrigariam a comprar 800 mil ações de R$ 90 e vendê-las a um preço inferior (o preço de strike ou de exercício) a quem comprou as opções. Aqui eu perdia dinheiro, na ponta vendida.
  • 350 mil opções vendidas dentro do dinheiro: essas permitiam que eu comprasse 350 mil ações abaixo do preço do de mercado e as vendesse a R$ 90. Aqui eu ganhava dinheiro, na ponta comprada.

Mas eu perdia MUITO mais dinheiro na ponta vendida que ganhava na ponta comprado.

Era de sentar no meio fio e chorar.

Consegue imaginar o que é isso?

Aí, sim, nesse dia, vi a importância do preparo psicológico. Tive que aprender na prática e não na teoria a dominar os meus medos e frustações.

No final do primeiro pregão, a planilha que me mostrava um lucro de R$ 25 mil fechou com prejuízo de 180 mil reais.

Parece que a porrada que eu levei na história da Mobilete não havia sido suficiente.

Eu vi, nesse dia, que as coisas não eram bem assim.

Eu não era nenhum deus no mercado.

Naquele momento pelo menos, eu não era sequer nada.

O mercado estava me dizendo:

– Recolha-se à sua insignificância, rapazinho.

No dia seguinte, ainda com o estômago embrulhado e sem recursos emocionais, voltei para a batalha.

Sangrando e ferido, vi as ações da Petrobras abrirem novamente em gap de alta. E a volatilidade em que estava vendido (apostando na queda), de 3% ao dia, foram até incríveis 10% ao dia!

Eram números que nunca imaginei que veria na minha planilha financeira!

A teoria por trás dessa planilha de volatilidade que eu estava usando era de Myron Scholes e Robert Merton – famosos acadêmicos das universidades de Harvard Stanford, Columbia e MIT. Scholes, Merton e também Fischer Black são os criadores da fórmula Black-Scholes, usada até hoje por quem opera opções.

Nesse dia, entendi o que esses dois sentiram quando perderam meio bilhão de dólares em um único dia durante a crise de Rússia.

Claro que minha perda de quase R$ 300 mil (até aquele momento) nem se compara a isso.

Mas veja: nem mesmo esses gênios estavam isentos de quebrar um fundo como o LTCM (Long Term Capital Management) e, ainda, arrastar o Sistema de Reserva Federal dos Estados Unidos da América (FED) junto na bagunça. Isso um ano depois de ganharem o Nobel de Economia de 1997. O que dirá pessoas comuns, como eu e você? Pense nisso quando começar a dar passos mais ousados na bolsa.

SEPARANDO O NETO DO PADEIRO E O ESPECULADOR FRIO

Apesar de ter ganho mais de 1 milhão em vários anos de trade, confesso que não foi fácil ver boa parte desses ganhos dilacerados em apenas 2 pregões

No segundo dia após a descoberta do Tupi, as ações da Petrobras chegaram a R$ 90. Como não é demais repetir: meu prejuízo bateu em R$ 300 mil.

Quero lembrar você que não era só meu dinheiro que estava em jogo. Meus dois amigos não ficariam nada felizes com a notícia de que eles perderam o que, para a época, era o preço de um apartamento bastante razoável, assim, numa sentada só.

Para você ter uma ideia do tamanho da encrenca, a opção que estava fora do dinheiro (out of the money ou com strike acima do valor de mercado da ação no momento da compra) passou de R$ 0,70 para R$ 13.

Nesse momento, veio um filme na minha cabeça e tive que tomar algumas decisões.

A primeira delas seria emocional: reconhecer que eu não tinha a mínima condição de saber o que poderia acontecer.

Inclusive, o que mais me preocupava era devolver tudo o que eu tinha ganho com muita raça e superação. Seria game over para mim. O medo de devolver tudo se a volatilidade da Petrobrás continuasse crescendo era gigante

A segunda decisão seria racional: nos últimos 5 anos operando vendido em volatilidade, nunca tinha visto níveis tão absurdos, então eu precisaria manter a calma.

As principais perguntas eram:

  • Essa volatilidade de 10% ao dia vai chegar a 15% ou até a 20% ao dia, acabando com tudo o que ganhei nos últimos 5 anos?
  • O que eu devo fazer agora? Encerrar ou carregar a posição?

Para responder essa última questão, eu tinha que recorrer à planilha criada pelo Carlos. Nela, havia uma pasta com a projeção do cenário futuro.

Ou seja, se a volatilidade se mantivesse naqueles níveis altíssimos, de quanto seriam os juros (efeito theta*) nas opções?

A resposta era: de três a quatro pregões.

Ou seja: se as variáveis se mantivessem como estavam, eu recuperaria os R$ 300 mil somente nos juros (theta menos valor extrinseco*).

O lado técnico e racional prevaleceu.

Decidi que a maior probabilidade era de que a volatilidade ficasse naqueles níveis ou que, então, caísse. E a diferença entre as duas opções assim descruzaria: a volatilidade da out the Money (Rubinho Barrichello) voltaria para trás da volatilidade da in the money (Michael Shumacher).

Esse era o cenário mais provável que passava em minha cabeça, mas se esse cenário não se confirmasse eu tinha um plano B que era encerrar a operação (ou tentar encerrar se o mercado deixasse, devido à alta volatilidade, ficando com R$ 500 mil de prejuízo máximo).

Pois bem. O que aconteceu em seguida foi muito melhor.

Os grandes institucionais que arbitram a volatilidade entraram vendendo volatilidade, socando opções goela abaixo do mercado. Quando percebi essa entrada – pelo volume no momento de euforia máxima dos compradores -, entrei junto com os institucionais, vendendo índice e apimentei a minha exposição ligeiramente para 40% de delta negativo. Ou seja, mantive 60% no delta zero (focando apenas no efeito theta). E 40% fiquei exposto na venda apostando numa correção do mercado. E foi exatamente isso que aconteceu: a Petrobras começou a cair de 90 para 80 reais.

Isso foi suficiente para eu conseguir baixar meu prejuízo de R$ 300 mil para R$ 160mil, no terceiro dia, e, no quarto dia, sair com um pequeno lucro de R$ 10 mil.

O QUE APRENDI COM O CISNE NEGRO?

Com esse cisne negro, aprendi que, por mais que tenhamos um técnica e ferramentas analíticas afiadas, nunca teremos acesso a nenhuma informação antes de a tsunami aparecer.

Basta apenas um dia de tsnunami nos mercados, um único dia, para levar o que você demorou anos para conseguir.

A partir daí diminui muito minha alavancagem.

Não só pelo evento em si, mas a ineficiência de mercado que existia antes – e que permitia esse tipo de operação – acabou devido a entrada dos robôs do UBS e do Credit Suisse no circuito.

Atualmente é possível ver esses robôs HFT arbitrando todos os strikes. Nos mercados atuais, o efeito theta continua existindo e sempre vai existir, mas as oportunidades de arbitragens entres volumes são disputadas pelos algoritmos, operando muito mais rápido que qualquer um de nós poderia.

______________________

* Valor do Tempo (Theta): Porção do preço de uma opção (prêmio) que está além do valor intrínseco. Também é conhecido como valor extrínseco ou valor de expectativa. Isto é, a opção de venda estará in-the-money quando a cotação do ativo adjacente estiver abaixo do preço de exercício da opção de venda.

UM PARCEIRO EDUCADOR: O SURGIMENTO DO RAIO X PREDITIVO

Depois de passar por grandes experiências, o Carlos saiu da SLW e me chamou para falar sobre a XP Investimentos. Fui para o Rio de Janeiro, onde ele seria o responsável pela criação da mesa institucional da companhia.

Mostrou-me todo o projeto da corretora e as soluções para treinamento dos clientes. Nessa época, eu conheci o Marcelo Maisonave e o Guilherme Benchimol, fundadores da XP. Recebi o convite para abrir um escritório em Presidente Prudente e também em Marilia, no interior de São Paulo.

Antes de decidir pela abertura da representação da XP nessas cidades, visitei um escritório da corretora numa cidade vizinha, Londrina, no Paraná, a 200 quilômetros de Prudente.

O pessoal da XP me indicou o escritório O2 Investimentos onde fui atendido pelo proprietário, o senhor Oswaldo Coutinho. Foi nesse dia que conheci um cara super atencioso, que era assessor ali, chamado Osney Cola.

Apesar de pouco tempo de conversa, apenas um dia, me identifiquei muito com ele, pois recebi uma atenção totalmente diferenciada. Ficamos amigos e chegamos a trocar mensagens pela internet durante algum tempo. Mas cada um seguiu seu caminho e perdemos contato.

Eventualmente, decidi abrir as empresas de investimento nas duas cidades. Além delas, dirijo um estacionamento num shopping do centro de Presidente Prudente e uma lotérica da família, mas continuo fazendo o que mais amo: operando nos mercados.

Mas não com a alavancagem agressiva do passado, apenas buscando complementar a renda da minha família: percebi, a partir do momento que eu tinha uma família, que não poderia arriscar mais tanto quanto arrisquei no passado, mais jovem. Afinal, não poderia colocar em risco a saúde, as emoções e o patrimônio daquelas pessoas que dependiam de mim com as loucuras que fazia antes.

O FILHO DO PADEIRO AGORA TEM SUA PRÓPRIA FAMÍLIA

Falar da minha esposa, Alessandra, é voltar ao ano de 1986, para a pré-escola do Sesi.

Foi amor à primeira vista! O amor inocente de uma criança de seis anos: aquela menina tinha algo que encantou o neto do padeiro. Durante todo o ensino fundamental, eu torcia, durante a virada de ano, para cair na sala dela no ano seguinte, pois havia três classes diferentes. Mas não tive a “sorte” de estudar novamente com ela. Acabei desanimando.

O tempo passou e, quando vi, terminava a oitava série e era hora de me despedir do Sesi. Era o momento de começar a pensar no colegial na Faculdade Eufrásio de Toledo, uma respeitada instituição de ensino de Direito, onde também funcionava, nas mesmas dependências, o colégio Athenas.

Lembro como se fosse hoje: fui até a secretaria para ver o resultado do vestibular. O primeiro nome da lista da minha turma era Alessandra Vioto.

Na mesma hora, pensei:

– Caramba! A menina dos meus sonhos novamente na minha sala no primeiro ano do colegial?

Aí, o inevitável aconteceu. Naquelas festas e churrascos da turma, nos finais de semana, a atração foi se tornando cada vez mais forte e irresistível. Acabamos namorando e casando em 9 de junho de 2007.

Os grandes amigos sempre estão presentes nos momentos importantes de nossas vidas e pude contar com a presença do Carlos Ferreira, que teve papel tão importante no início da minha carreira. Almoçou comigo no dia do matrimônio e foi à festa em Presidente Prudente. Qual não foi minha satisfação ao receber também Fernando Ravazi e sua esposa num dos meus momentos mais felizes.

Antes de casar com a Alessandra eu a via de um jeito. Mas, quando casamos, depois de viver e compartilhar momentos íntimos, pude ver que tinha tomado a melhor decisão da minha vida.

Hoje, agradeço todos os dias por ter sido tão privilegiado, por poder fazer parte desse número pequeno de pessoas que conhecem profundamente a mulher com quem casaram.

Antes de casarmos, temos algumas vantagens de sermos solteiro. Como não ter compromissos, sair com várias mulheres, não ter que dar satisfações de nada. Quando casamos, temos que dar satisfação de muitas coisas, como o que se faz e o que se pensa. Até com as brigas temos que crescer, apesar de não me lembrar da última briga séria que tive com ela.

Antes do casamento, eu tinha uma vida focada 100% em mim, no meu trabalho e hobbies. Depois que casei, isso mudou. Principalmente quando, em 8 de agosto de 2010, nasceu a minha princesa, chamada Maria Eduarda Sato.

Sempre falo dela nos vídeos de meu curso e muitos dos que me acompanham nas transmissões ao vivo devem conhecê-la apenas como Dudinha.

Ela é um anjo na minha vida, um ser muito além do que eu esperava, uma parceira que renova minhas forças com seu sorriso e sua alegria. Não existe dia ruim para a Duda. Ela ri e se diverte o dia inteiro, seja na escola, seja no sitio, seja na fazenda, seja em casa, em qualquer lugar.

Ela me ensina grandes lições de vida que nunca imaginei aprender com uma criança de oito anos. Às vezes me pergunto se não estou falando com uma pessoa de mais idade e experiência. A inteligência dela me surpreende muito. Talvez seja porque eu seja um pai babão ou talvez seja que minha intuição esteja certa. Somente o tempo dirá.

Modéstia à parte, ela se parece muito comigo.

Ela procura sempre motivar suas amigas e encorajá-las a partir de coisas que aprendeu comigo. Sim, eu já treino a mente da minha filha com ensinamentos do Tony Robbins, um autor que muito me influencia e de que falarei em um capítulo mais adiante.

Hoje a Duda consegue entender quando falo pra ela controlar seu sistema nervoso e que não vai adiantar nada agir daquela forma e já começa a replicar isso com suas amigas da escola.

Ela tem um hamster chamado Faro-fino. Uma amiga passou o dia em nossa casa e, a certa altura, demonstrou ter medo do bichinho. Duda começou a fazer algumas perguntas para sua amiga, que era um ano mais velha:

– Laura, você já pegou um hamster na mão?

Ela respondeu que não.

– Então, porque você está com medo?

A outra começou a chorar e disse que o ratinho poderia mordê-la.

– Claro que não, Laura… Quer ver?

Duda colocou a mão dentro da gaiola e disse:

– Tá vendo? Ele é calmo e não morde minha mão.

Ainda com lágrimas nos olhos, a outra insistiu que continuava com medo.

– Laura, preciso que você confie em mim, Você confia em mim, Laura? Olhe dentro dos meus olhos! Me responda, por favor…

– Confio em você, Dudinha! – disse a amiguinha.

– Então, vamos lá. Eu vou pegar o hamster e vou colocar bem devagar na sua mão, ok? Não aperte com força, mas também não deixe cair no chão, tá bom? Confie em mim. O Faro-fino não vai te morder, eu prometo.

Duda colocou o Faro-fino na mão da Laura e, depois disso, ela e Laura brincaram o dia inteiro com o bichinho.

Um dia depois, a mãe da amiguinha telefonou perguntando para minha esposa sobre onde havíamos comprado o hamster. A Laura não só havia superado o medo como também queria um.

Eu sei que Deus me deu essa filha com um propósito pra isso. Eu acredito que, se eu fui um bom filho, vou também ser um bom pai. Sou muito grato por terem sido confiadas a mim minha esposa e minha filha.

Tive muita sorte de ter escolhido a mulher certa para mim.

Atualmente passo a semana na cidade de Londrina, onde, juntamente com meus sócios, tocamos o projeto educativo Raio X Preditivo, e deixo meus dois amores na cidade de Presidente Prudente.

As duas me fazem muita falta durante esse tempo. Que bom que sempre nos reencontramos nos sábados e domingos.

Seria muito mais confortável eu ficar com elas, na minha zona de conforto. Hoje eu sei que elas pagam o preço pra que esse livro e todo o projeto Raio X Preditivo chegue ao público. Mas elas estão dispostas a dividir o marido e o pai. Assim como eu, elas pensam na lei da abundância. Elas tem consciência da importância desse projeto na vida de outras pessoas.

Tenho sempre muita saudades de você, Duda! Quero que nunca esqueça, quando crescer, que houve um cara que amou você mais que a própria vida. Porque é isso que você é pra mim, mais que minha vida.

Porém, mesmo tendo minha família como âncora e porto seguro e um fator a mais a considerar em minhas tomadas de decisões, uma vez no mercado, eu aprendi que…

VIVER É CORRER RISCOS

 

Viver é correr riscos. Não dá pra viver sem isso e sem aprender a lidar com eles.

 

Por exemplo, quando a gente aprende a andar. A gente ainda é bebê e já está aprendendo a lidar com o risco. O de cair. Até para tomar um copo d’água tem um risco envolvido. O de se engasgar. E a gente tem que saber lidar com ele.

 

Se a gente não souber lidar com os pequenos riscos do dia a dia, a gente não sai nem da cama.

 

Pra lidar com o risco de atravessar a rua, olhamos para os dois lados. E se não aceitamos que há um risco e atravessamos mesmo assim, sem olhar, o que acontece?

 

A gente more atropelado.

 

Na hora que a gente admite que tem um risco, a gente consegue atravessar a rua. Consegue até pular de um avião em movimento. A gente lida com o risco usando um paraquedas muito bem dobrado. E um paraquedas reserva. Olha só! Admitindo o risco e lidando com ele, a gente consegue sobreviver consistentemente a diversas quedas de milhares de metros de altura. Até isso!

 

O risco é o preço que pagamos para fazer as coisas na vida. A partir do momento que aprendemos a lidar com essa ideia, começamos a viver de verdade. Esse é o segredo de tudo. Eu nem sei o que é sucesso pra você, mas esse é o segredo do sucesso também. Aceitar o risco. Aceitar o preço que a vida cobra.

 

Imagine um general se preparando para a batalha. Esse general não é diferente de um bebê que dá o primeiro passo. Do ponto de vista do risco, eles são iguais. Cada um deles têm uma motivação, um objetivo. Um quer vencer o inimigo. O bebê quer chegar do ponto A ao ponto B, talvez aos braços da mãe. Um pode perder e seu país pode ser condenado. O outro pode cair sentado, talvez seja um susto e quem sabe doa um pouco.

 

O tamanho dos riscos é diferente, mas o risco existe e os dois terão de encará-lo.

 

O general, se não fizer nada, com medo de ser derrotado, já terá perdido.

 

Então ele faz. Se ficar olhando para as baixas da batalha, não consegue fazer uma boa estratégia e perde não só a batalha. Perde a guerra também. O general sabe que não vai ganhar todas, que não pode proteger todos os seus soldados. Então, se ele consegue lidar com essa realidade, ele pode traçar planos que vão ser melhores que os do inimigo.

 

Dizem que os samurais eram grandes guerreiros porque eles já tinham aceitado a morte. Isso e outras coisas, claro. Quer risco e perda maior que a morte, a perda da própria vida? O fato de aceitar a morte fazia com que lutassem com mais desprendimento e, assim, lutavam bem.

 

O general tem seus planos: ele sabe que o plano é bom e, se tudo correr bem, o melhor vai acontecer.

 

Mas ele também está preparado para o pior, aquilo que no exército e na vida se chama de contingência.

 

É o saber o que fazer se “der ruim”, sabe como? Ter um plano B e estar pronto se acontecer ainda outra coisa e você não tiver um plano C.

 

Evitar o risco, evitar perder, é uma péssima estratégia para a vida, para os jogos e para os trades. Isso é diferente de viver preparado para as perdas. Atenção, porque a diferença é pequena. Pequena e importante.

 

Se a gente fica só evitando os erros quando tem uma pressão muito grande em não errar, quando a gente erra, a gente fica frustrado.

 

E, quanto mais frustrado, mais dói o erro e mais a gente tenta evitar. E, quanto mais evita, por causa disso, mais erra: é um círculo vicioso.

 

Imagine aquela pessoa que conheceu uma outra. Os dois começam a se relacionar, dura um tempo e, em algum momento, terminam. E, no próximo relacionamento, ela vai pensando no que fez de errado e que não deve errar, mas não dá certo de novo… e de novo, de novo e de novo… sempre na expectativa de não errar.

 

Chega um momento em que ela prefere ficar sozinha, não porque escolheu isso – não tem nada errado ela ficar sozinha se tivesse escolhido isso –, mas porque se sente “machucada demais”, porque focou em não errar.

 

Outro foco que ela poderia ter é o que deu certo e o modo como cada um daquelas histórias ofereceram coisas boas e a prepararam para o próximo e para o próximo… de modo que mesmo que algumas coisas que fossem consideradas “erros” fossem aceitas como parte do processo, coisas inevitáveis que fazem parte da vida a dois e com as quais temos que lidar. E focando nos erros que não devem acontecer e naqueles que acontecem, não curtimos nem os acertos! Outra pessoa talvez tivesse olhado para aquelas histórias e dito que todos aqueles relacionamentos deram certo…

 

E o bebê que dá os primeiros passos? Certamente ele caiu e talvez tenha doído um pouco. Várias vezes! Mas se os bebês focassem na queda em vez do passo, nenhum de nós estaria andando, não é?

 

Se a queda pode ser grande, eu ponho um capacete, joelheiras e cotoveleiras justamente para que o passeio de skate seja numa boa. Eu já pensei nos riscos mais prováveis antes da atividade para não ter que pensar neles durante.

 

Quando a gente faz boxe, às vezes, o professor manda um aluno acertar um soco na cara ou na barriga do outro. Não com força total, mas com força suficiente pra sentir. Por dois motivos: isso prepara o aluno para o fato de que, sim, se ele lutar, vai levar socos na cara. E também porque ele, assim, vê que levar um soco na cara ou na barriga não é o fim do mundo. Ele fica preparado para o fato de que, se ele subir no ringue, ele vai levar soco na cara e talvez até saia sangue. Mas ele sempre pode revidar, não vai se apavorar. Se perder, pode treinar mais e marcar outra luta.

 

O que não pode acontecer? Ele subir no ringue com medo de levar soco. Isso é pior do que ser derrotado. E, se no treino você já levou uns socos, não vai ficar de costas para o adversário com medo de levar.

 

Acredito, porém, que deve ser dureza para um general entender que não existe batalha sem perdas. Ele está mandando alguns de seus homens, talvez até alguns amigos, para a morte certa. Já imaginou se ele fica focado nisso e não nas coisas que tem que ser feitas? Ele vai acabar não fazendo nada, não comandando, e, no fim, não alguns, mas TODOS vão morrer. E, ainda assim, ele consegue comandar e, talvez, salvar boa parte de seus comandados.

 

Perto de um dilema desses, chega a ser pequeno o problema do trader com medo de operar. Mas, ainda assim, muitos traders não conseguem operar direito porque ficam com medo de mandar os seus soldados para a batalha. Se você operar com a ideia de que nenhum de seus soldados seja sacrificado em algum momento, o mais provável é que todos sejam sacrificados em outro.

 

Pode ter certeza de que o preço que o general paga por ter mandado seus amigos e compatriotas para morrer na guerra é muito maior que o preço de alguns reais a menos na conta de um trader, porque uma estratégia não foi como o esperado. Fazer essa comparação chega a dar vergonha.

 

Ele paga com a consciência, supondo que se trata de uma pessoa boa que tem consciência. A questão é que ele aceitou lidar com essas perdas e só aceitando essas perdas ele pode exercer a função que escolheu.

 

Duvido que o general tenha total conforto emocional ao dar suas ordens.

 

Diferentemente do trader que, ao aceitar os riscos, pode conseguir se sentir confortável com eventuais perdas financeiras.

 

Operar sem medo de errar: não tem nada igual.

 

Isso deixa de atrapalhar o modo como você lê o mercado. Você opera despreocupado, fazendo o que tem que fazer na hora, sem hesitação.

 

Mas, olha só, não adianta pro lutador aceitar que tem soco no ringue se ele continuar com medo de soco.

 

Eu quero apresentar, no decorrer deste livro, alguns métodos pra você aceitar o risco de fazer trades, de perder o medo do soco, de saber mandar seus soldados para a batalha.

 

Meu plano é fazer você se livrar de suas crenças limitantes e aceitar que operar é um caminho crescente. Mas também não é de uma hora pra outra. Por isso: não comece levando socos nocauteantes. Comece com socos que façam sentir apenas.

 

Comece operando com valores baixos enquanto vai desenvolvendo essa força de trader e vai descobrindo métodos operacionais eficientes.

 

ALGO MAIOR QUE EU

Foi com essa mentalidade que, há pouco tempo, abracei um novo projeto. Até então, o trade era apenas uma caminhada individual. Mas, finalmente, senti que era a hora de dividir meu conhecimento com outras pessoas.

Em fevereiro de 2017, influenciado pelos ensinamentos do mestre Tony Robbins, que decidi fazer algo extraordinário, algo pelo qual eu possa vir a ser lembrado e reconhecido de alguma forma.

Lembrei daquele sujeito atencioso que conheci tempos antes e procurei o Osney para me ajudar a trazer para o Brasil a gama de conhecimentos que desenvolvi ao longo desses 20 anos de mercado.

Porém, para isso, era necessário que ele assinasse um contrato de confidencialidade de R$ 1 milhão:

– Osney, vou abrir todo meu conhecimento. Mas somente se você assinar esse contrato. Caso contrário, pode ficar tranquilo que vamos continuar amigos e eu perdi somente 5 horas da minha vida.

Sim, eram duas horas e meia de carro para ir e duas horas e meia para voltar de Londrina para Prudente.

Lembro dele ligando para o Elias, o responsável pelos documentos na empresa, pedindo pra ele preencher os dados do contrato. Após uma leitura minuciosa, Osney assinou.

Foi nesse dia que nasceu o treinamento Raio X Preditivo, um projeto de vida do qual este livro que você está lendo neste instante faz parte.

Para conseguir fazer isso, precisei me desapegar das minhas empresas. Fiquei somente com a Lotérica, que é administrada por minha esposa e pela irmã dela, que é sócia.

Sou muito grato ao meu amigo e hoje sócio Osney, além dos outros parceiros, como Mateus, Carlos, João Paulo que, juntos e com nossa união extraordinária, embarcaram comigo nesta linda história no mercado financeiro nacional que estamos criando. Hoje, sou sócio da Eagles, empresa de educação detentora da Marca Raio X Preditivo, e também da empresa Sato’s Technology, responsável no desenvolvimento de soluções de trading.

 

 

TIPOS DE COMPETÊNCIA: NÃO BASTA CONHECER AS TÉCNICAS DE BATALHA. É PRECISO SABER USÁ-LAS COM MAESTRIA

Desenvolver as técnicas que ensino neste livro foi um processo de tentativa e erro. De separar o joio do trigo, ficando apenas com aquilo que havia de mais eficiente em termos de negociação na bolsa de valores.

Porém, para chegar ao ponto de me considerar preparado para compartilhar essas técnicas, precisei chegar ao ponto de dominá-las ao nível que o faço hoje.

Desenvolver competência em qualquer área leva tempo, dedicação e estudo, num processo que descrevo a seguir.

As fases de competência de um trader podem ser divididas em quatro, bem como as fases de competência de qualquer área em que queiramos nos desenvolver, profissionalmente, artisticamente, nos esportes e até afetivamente.

O QUE É O CONCEITO SOBRE OS TIPOS DE COMPETÊNCIA

Veremos que temos os seguintes níveis, por ordem de magnitude:

  • Incompetência inconsciente
  • Incompetência consciente
  • Competência consciente
  • Competência inconsciente

Todos os traders que desejam ter sucesso devem passar obrigatoriamente pelas fases de aprendizado, pelas fases de incompetência e competência.

Para que essa evolução aconteça, o trader ter fases de adversidades, dificuldades e pressões. E, a fim de que persista, precisa resistir, ter resiliência e acreditar em si mesmo.

As quatro fases são a narrativa cronológica desse desenvolvimento pessoal e, certamente, você vai se identificar com uma delas. Vai reconhecer isso, tanto pelos seus resultados atuais como pelo seu autoconhecimento.

Se você desconhece em que fase está, provavelmente se encontra na fase de incompetência inconsciente.

Incompetência inconsciente

A incompetência inconsciente se caracteriza pelo trader que não sabe e não sabe que não sabe.

Imagine aquele iniciante que ouviu falar da bolsa de valores, que é muito fácil ganhar dinheiro nela e que quer começar agora mesmo pra não perder tempo. E coloca todas as suas economias nessa empreitada, achando que está pronto a enfrentar o que der e vier.

Olha, financeiramente, isso é o mesmo que comprar uma asa delta de uma hora pra a outra e pular da Pedra da Gávea sem nunca ter feito isso antes. Quero acreditar que ninguém seria louco (ou inconsciente) a ponto de fazer isso.

Mas, em maior ou menor grau, todos passamos por isso. Esse é o momento em que vamos buscar ferramentas analíticas, soluções, métodos mágicos.

E, surpresa, todas essas coisas normalmente fracassam. Porque nessa fase, geralmente, estamos buscando o Santo Graal, soluções encantadas para o mercado e para como tirar dinheiro dele.

Quanto mais tempo o aprendiz ficar nessa fase inconsciente, mais dinheiro ele vai perder. Quanto mais rápido ele descobrir que não sabe nada do mercado, mais rápido ele vai passar à segunda fase: a incompetência consciente.

Incompetência consciente

Depois de quase morrer e perder alguns milhares de reais em asas deltas por pular da Pedra da Gávea sem saber das coisas direito, você chegou à conclusão: você não sabe nada.

Você chegou à incompetência consciente e já sabe que não sabe.

No caso da bolsa de valores e de você querer ser trader, talvez tenha perdido algum montante de dinheiro, centenas ou milhares de reais e isso foi o suficiente para convencê-lo de que há muito ainda a ser aprendido.

Percebemos, então, que desconhecemos o real funcionamento daquelas ferramentas que estamos usando, aquele método analítico que decoramos e que imaginávamos que ia nos apontar o momento certo de entrar nas operações, como num passe de mágica.

Agora, você quer evoluir e quer ir a um outro patamar de conhecimento. Talvez você precise de outras ferramentas, de outros métodos. Mas quais? Você ainda não consegue sair dessa fase.

Por isso, é nessa fase que muitos traders desistem. Ou porque levaram muito tempo a fim de perceber que não sabiam de nada e, no processo, perderam todo o seu dinheiro ou não querem perder mais, ou porque chegaram à conclusão de que não tem como saber como lidar com o mercado.

Nem todos os que chegam na incompetência consciente têm a sorte de encontrar uma metodologia com os conceitos e as ferramentas certas e, ao mesmo tempo, professores que a ensinem a um preço justo.

A melhor imagem pra esta fase são os insetos em volta da lâmpada, gravitando em torno da luz, buscando a saída, sem perceber que não estão saindo do lugar quando, na verdade, a janela pra liberdade está a poucos metros dali.

Assim, a incompetência consciente é marcada pela percepção de que não estamos tendo bons resultados, mas a insistência em métodos antigos (às vezes disfarçados de novos métodos), que trazem esses mesmos resultados.

Mas algumas das “mariposas”, por sorte, por terem obtido ajuda ou por terem tido um estalo de sabedoria, vão se desgarrar da luminária e vão conseguir ir pra liberdade: essas passarão à terceira fase que é a competência consciente.

Competência consciente

A fase de evolução do trader conhecida como competência consciente é aquela caracterizada pelo fato de que o aprendiz, agora, sabe que não adianta estudar os efeitos que acontecem no mercado, mas as causas desses efeitos.

A partir do momento que percebe isso, ele entende que é possível sim lucrar com a bolsa de valores de uma forma ativa e consciente, sabendo por que isso acontece e não porque um analista disse que era hora de comprar ou porque a média móvel rápida cruzou a média móvel lenta para cima e o candle era de reversão.

As causas, no caso do mercado, são os movimentos dos big players, os grandes investidores institucionais que são capazes de fato de provocar o movimento do preço através das grandes posições que precisam montar e através de seu insaciável e voraz apetite por liquidez.

Nesse instante, o trader com competência consciente passará a buscar operações em que se posicione lado a lado com o dinheiro esperto. Ele já sabe como o mercado funciona e através dessa consciência ele passa a ser competente.

Isso pode ser medido através da consistência: primeiro, ele para de perder dinheiro; depois começa a ficar no zero a zero e, finalmente, começa a ter alguns lucros.

É difícil chegar na quarta fase, que vem a seguir, mas é possível: trata-se da competência inconsciente.

Competência inconsciente

Sabe aquela cena de Uma Nova Esperança, o episódio que deu origem à Guerra nas Estrelas? Aquela cena em que Luke Skywalker desliga todos os aparelhos auxiliares e consegue destruir a Estrela da Morte usando apenas as ferramentas manuais e sua própria capacidade? No filme, ele foi ajudado pela Força, mas por aqui vamos dizer que ele demonstrou competência inconsciente.

Esta é a fase em que o trader é consistente, isto é, tem bons lucros ao longo do tempo. Acerta mais do que erra e, quando erra, perde pouco no financeiro. E, nas suas tomadas de decisão, há algumas variáveis inconscientes que nem ele mesmo nem sabe dizer quais foram.

Ele bate o olho no gráfico, nos indicadores que costuma usar e, sem nem pensar no motivo ele compra ou vende.

Tem um exemplo cotidiano que explica bem isso: quando você está dirigindo, você lembra de todas as vezes em que trocou de marcha? Você pensa para dar aquela olhadinha para o espelho? Ou fica concentrado na distância adequada em relação ao carro da frente?

Claro que não. Na maior parte das vezes fazemos isso automaticamente, inconscientemente. Não precisamos pensar nisso.

Diferentemente de quando estávamos aprendendo a dirigir. Trocar a marcha e conversar com o instrutor de direção ao mesmo tempo nessa fase? Impossível!

Mas depois de alguns anos dirigindo, desenvolvemos uma competência inconsciente para dirigir.

Claro, para desenvolver a competência inconsciente, precisamos praticar muito na fase da competência consciente. Talvez, na bolsa de valores, nos trades, isso demore até mais do que no volante de um carro, mas é possível sim.

O trader com competência inconsciente toma atitudes automaticamente, às vezes ele nem sabe por quê, ele vai reagindo ao fluxo do mercado de forma automática, como um dançarino de salão conduz sua parceira pelo baile em sincronia com o andamento da música: você acha que Fred Astaire pensava em cada passo que ele dava numa coreografia? Não, ele era um mestre. Ele, naquela altura, tinha praticado tanto que naquela coreografia havia desenvolvido competência inconsciente.

POR QUE A MAIORIA DOS TRADERS NÃO CONSEGUE CHEGAR À COMPETÊNCIA INCONSCIENTE

O principal obstáculo para se chegar à competência inconsciente está justamente entre a incompetência consciente e a competência consciente.

A maioria dos traders desiste ou “morre” financeiramente no final da incompetência consciente.

É quando ele diz que não tem jeito, que não tem como entender o mercado e que a bolsa de valores é aleatória.

É quando o trader já perdeu tanto dinheiro que não poderia recomeçar nem se quisesse.

É quando ele diz que não sabe e quem diz que sabe só pode estar mentindo.

Ou, então, é quando foi convencido por algum instrutor que o “seu psicológico é fraco”.

Nessa hora, a grande maioria desiste. De fato, muitos deles, por falta de disseminação de informações corretas, não conseguiriam chegar lá de qualquer modo: 90%, talvez mais, dos traders que iniciam no mercado desistem antes de completar seis meses de operações.

São as mariposas que voam em torno da lâmpada, pensando que se trata da lua, quando a lua está logo ali, na janela aberta.

São aqueles que vão desistir sem saber que a vitória estava mais perto do que eles imaginavam.

 

 

COMO VOCÊ SERIA SE JÁ FOSSE UM TRADER PROFISSIONAL

Eis algumas das características que você teria:

  • Você focaria no jogo, não no dinheiro: o dinheiro é um placar não a qualidade do jogo
  • Sua vida pessoa é uma coisa, o trade é outra: perder dinheiro que impacte em sua vida pessoal significa que você está fazendo algo de errado
  • Viver em função dos ganhos e das perdas na bolsa é destrutivo
  • Se você precisar de dinheiro, perder dez operações seguidas pode destruir você
  • Se você é um assalariado que ganha dez mil por mês, ao final do mês, contará com esse dinheiro. Se você é trader, pensará o tempo todo que precisa ganhar 500 por dia para atingir sua meta. Cada operação bem sucedida, mais perto você está. Cada operação mal sucedida, mais longe. Isso gera pressão e desequilíbrio emocional
  • Traders profissionais estão focados nas oportunidades, não em quanto podem ganhar ou perder
  • O dinheiro é apenas uma consequência de um trabalho e de um estudo bem feito. Um sintoma de um estado de saúde mental e financeiro
  • Indicadores tradicionais estão longe de mostrar a realidade dos mercados para os traders profissionais: geralmente eles são nada mais do que a análise do passado, como dirigir olhando pelo retrovisor. Encontrar combinações de médias que deem boas entradas para os pregões de três meses atrás não serão suficientes para o pregão de amanhã. O mercado é sempre novo. Não se baseia no passado.
  • Os grandes traders institucionais não ligam para a calibragem de osciladores e indicadores, as coisas que motivam suas compras e suas vendas estão além das informações a que você tem acesso.
  • Traders profissionais não possuem regras rígidas de entradas em operações. Operam de acordo com o que sabem e não com o que um indicador obscuro está dizendo a eles
  • Traders profissionais nunca têm medo de operar e não tem dúvidas quanto a sua capacidade de fazer dinheiro no mercado.
  • Traders profissionais modelam seu comportamento através de Programação Neuro Linguística
  • Eles cortam suas perdas o mais rápido possível e permanecem em operações que estão dando lucro
  • Eles estão cientes de forma muito bem sedimentada de que não precisam ter razão quanto ao mercado e que não têm nenhum controle sobre ele
  • Traders profisionais cumprem regras facilmente
  • Eles não evitam erros: o foco são as oportunidades, sabem cumprir regras e tem total responsabilidade sobre seus atos.

 

 

ESTÁ BEM, MAS COMO ESQUECER DO DINHEIRO E FOCAR NO JOGO?

 

O fogo é uma coisa que dá muito medo, certo?

 

Não sei… talvez para uma pessoa que esteja com frio na floresta, conseguir fazer um fogo seja algo muito reconfortante que afasta o medo.

 

O fogo não é amedrontador nem reconfortante em si mesmo. Depende de quem olha pra ele, qual a experiência que essa pessoa teve com o fogo e qual o contexto… e se for uma pessoa que já tenha sofrido queimaduras?

 

O mercado é a mesma coisa. O mercado é neutro. Tudo depende de como a gente olha pra ele, a gente pode sentir medo ou até mesmo conforto. Depende.

 

Sabendo disso, é fácil pra gente entender que a definição de risco varia de pessoa para pessoa. Tem formas objetivas, científicas até, de avaliar o risco. Mas, na prática, quando você está operando, o que conta é a sua percepção pessoal, o que você sente que que é um risco grande e um risco pequeno.

 

Você comprou três minicontratos de dólar. Olhou sua estratégia, o mercado veio de encontro a ela e você comprou três. Um minuto depois, apareceram muitas, mas muitas ordens de compra. E o mercado começou a subir. Você vai encarar esse movimento como bom ou ruim? Como arriscado ou positivo? Ora, tá entrando dinheiro, claro que você vai encarar como bom!

 

Agora, imagine a mesma situação, mas a sua estratégia disse para você entrar vendido. Você entrou vendido na posição, vendeu três minicontratos de dólar. Aí entrou a mesma força compradora e o mercado começou a subir com força. E agora? É bom ou ruim? Claro que aí sua percepção não vai ser tão boa. Se tiver juízo, seu stop loss vai estar posicionado e você vai ser stopado.

 

Ué? Mas o movimento do mercado não foi o mesmo? Pois é. O risco é percebido de forma diferente, depende de como estamos não só posicionados, mas o tamanho da posição, o tamanho de nosso capital… muitos fatores.

 

Se eu tenho mil reais para fazer trades, compro um minidólar e o mercado cai dez pontos eu perdi cem reais. Dez por cento de meu capital.

Mas se eu tenho dez milhões de reais para operar, comprei cem contratos e o mercado caiu cem pontos, eu perdi dez mil reais. Zero vírgula um por cento do meu capital… nem me fez cócegas e olha que eu estava operando com uma posição cem vezes maior e a queda foi dez vezes maior.

 

Quem tem pouco dinheiro sente mais o risco.

 

O nosso objetivo nos trades também mudam o jeito que a gente vê o risco.

 

Dá pra gente estabelecer um lote máximo para fazer trade e quanto o mercado pode andar contra esse lote. Dá para saber quanto um ativo anda, no máximo, por dia. Dá também, assim, pra saber o tamanho dos lotes que vamos usar, considerando o tamanho dessa variação: esse é o risco máximo para um dia.

 

É uma forma de estabelecer objetivamente o que é o risco pra gente, em termos de tamanho.

 

O bom é que a gente não é obrigado a operar usando o lote máximo. Nem deve. Nem vai esperar o mercado chegar aos limites de sua variação diária num sentido contrário a nossa posição. O stop tem que parar a operação antes disso. Dentro desse limite, as coisas começam a ficar mais aceitáveis.

 

Nesses limites, o risco vai ficando mais aceitável pra mim.

 

Agora, um trader de uma multinacional, esse cara trabalha com milhões de dólares com objetivos diferentes do que tirar dinheiro do mercado, ele vai ter um percepção de risco bem diferente. Aliás, a percepção do risco é diferente porque tudo é diferente: o objetivo, o tamanho da posição, o tempo que essa operação vai durar, a faixa de preço em que é possível trabalhar.

 

Fora outros fatores que podem tornar a percepção do risco diferente para cada um: o quanto uma pessoa já perdeu ou já ganhou do mercado, o quanto ela é agressiva nos investimentos, até mesmo idade e formação sócio cultural. Tudo influencia na percepção do risco.

 

Já ouviu aquele ditado? Cachorro mordido de cobra tem medo de linguiça? Gato escaldado tem medo de água fria? Então, nem todo cachorro olha do mesmo jeito para as mesmas coisas e nem todo gato. A mesma coisa você olhando para o gráfico no computador: talvez você não sinta medo, mas vai ter muito trader sentindo. E vai ter hora que você vai ter medo e os outros traders não terão.

 

O mercado é como o fogo. O fogo não é bom nem ruim. Ele tem chamas maiores, às vezes se apaga, deixando brasas, às vezes ilumina, às vezes cega, às vezes queima, às vezes aquece. Mas sem a interferência de como a gente vê o fogo ele não tem significado algum. O mercado também. Ele é só um sobe e desce de preços, ofertas e demandas que mudam com o tempo… não tem energias positivas ou negativas nesse processo. Elas só entram quando colocamos a nossa leitura: aí vai ter medo, vai ter euforia, vai ter desespero até…

 

Quando lidamos com fogo, a gente aceita a possibilidade de algum acidente acontecer, aceita esse risco… então a gente lida com cuidado pra poder preparar uma receita da melhor forma possível, pra não precisar pensar no risco. Ninguém faz pão pensando em como você pode se queimar, você pensa em fazer pão… com o mercado é mesma coisa.

 

Então, nesse processe de lidar com o mercado, de fazer trades, é preciso assumir a responsabilidade sobre o que faremos a seguir, tomar as rédeas do processo. Feito isso, devemos entender e aceitar a realidade do mercado, que se vamos subir no ringue, para sermos vencedores, vamos levar soco na cara. O próximo passo é se preparar financeiramente, como um empreendedor faz ao abrir seu negócio. Ao mesmo tempo, devemos aprender um método de fazer trade e, não só isso, confiar nesse método, afinal pagamos por ele e uma pessoa mais preparada se deu ao trabalho de formatar a sua transmissão. Finalmente, é uma questão de muito treino pra termos a agilidade para atuar no mercado usando esse método, separando o que é acerto e o que é erro, sabendo que nem sempre prejuízos são erros e nem sempre lucros são acertos. E, no processo, mesmo exercícios de visualização da Programação Neurolinguística serão importantes.

 

Tudo, absolutamente tudo que ajudar você a lidar com a realidade subjetiva do mercado vai fazer com que você aceite melhor todos os riscos envolvidos na atividade do trade. O risco, mesmo quando concretizado, não deveria ser doloroso, pois desde o começo a gente já sabia que ele existia.

 

Ao tirar a dor da perda do mercado, você vai parar de evitar o risco, vai parar de se proteger e o mercado vai começar a ficar mais claro, os movimentos dos preços e das cotações vão se abrir pra você. Trades que antes você não via ficarão nítidos. Isso não quer dizer que você estará se sentindo como alguém que sabe o futuro dos preços e das cotações. Não é isso. Ao contrário. Você sente que não precisa adivinhar o futuro dos preços. Na verdade, o próprio mercado lhe dirá qual é o acontecimento mais provável dali a pouco e você vai estar pronto para ir junto com o mercado e não contra ele.

 

 

(O LEGADO DE MEUS PAIS E COMO SURGIU A ARTE DA GUERRA EM MINHA VIDA???)

Conta a minha mãe, Ivone Galante Sato, que eu nasci com quatro quilos e 54 cm.

Desde nascido, sempre fui um sujeito grande. Com pouco mais de um ano larguei a mamadeira. Gostava mesmo era de comer.

O primeiro bebê de minha mãe havia sido uma menina – minha irmã mais velha – muito bem-vinda, mas ela desejava ter um menino.

Na época não tinha ultrassom, então, na segunda gravidez, não havia como saber o sexo da criança.

Durante todos os nove meses, porém, dizia que queria muito um “Juninho” e era assim que ela iria me chamar.

Então, por isso, a primeira herança que meu pai me garantiu foi o seu nome: Luiz Yasuhiro Sato.

No dia 9 de março de 1980, Juninho chegava, pontualmente às 18 horas da tarde.

Cresci numa casa muito simples da periferia de Presidente Prudente, num lugar onde sequer tinha asfalto. Na frente do terreno, passava uma vala por onde corria o esgoto. Certa vez, o nosso carro quebrou as tábuas da ponte que passava por cima dessa valeta e ficou com as rodas penduradas. Situação de alto risco financeiro para quem já havia ficado seis meses sem transporte: para comprar a casa, meus pais venderam o veículo anterior.

Nesse período sem carro, nos dias em que havia lama, quando meu pai ia trabalhar, minha mãe o acompanhava com um balde de água até a parte menos barrenta do trajeto. Ali, eles limpavam o sapato, enxugavam, e, então, ela voltava para casa e ele tomava o ônibus para o emprego. Dava trabalho, mas os calçados estavam sempre limpos.

A situação era meio precária, como você pode ver.

Ainda assim, era uma casa boa: quando a compramos, havia até uma pequena piscina para nos refrescarmos nos dias quentes.

Foi nesse lugar que ganhei mais uma irmã, a mais nova.

Meu pai, além de gostar de sapatos impecáveis, é formado em Direito e Administração de Empresas e construiu sua carreira numa empresa do setor de transportes.

Ele é nissei, isto é, ele é da primeira geração de filhos de pais que vieram do Japão.

Meus avós chegaram no Brasil no Kasato Maru (笠戸丸), navio que, em 1908, trouxe a primeira leva de imigrantes japoneses em um acordo estabelecido com o governo brasileiro e o japonês.

Infelizmente, não cheguei a conhecer meu avô paterno, que faleceu em um acidente de carro. Também não conheci minha avó paterna.

Por sua criação e índole oriental, meu pai sempre me incentivou e me treinou para vencer na vida. Foi meu maior incentivador em tudo. Quem você acha que me ajudou a pagar o primeiro prejuízo na corretora, aquele da Mobilete? Quem pagava meus treinamentos e programas de análise que eu comprava nos Estados Unidos através do cartão internacional? Esse cara me ajudou a criar o Raio X Preditivo e, hoje, eu entendo isso.

Se eu pudesse resumir as coisas mais importantes que ele me ensinou, seriam: força, técnica, inteligência, disciplina e sabedoria.

Ele era responsável pela área jurídica da empresa, sobretudo o que dizia respeito a tributos. Viajava muito para São Paulo para resolver contratos da empresa. Em uma dessas viagens, em 1998, quando eu já começava a me envolver mais seriamente com a bolsa de valores, ele comprou o livro A Arte da Guerra, de Sun Tzu.

Mal sabia eu que esse livro me ajudaria, anos depois, a enfrentar meu grande inimigo: eu mesmo.

Sim, no fundo, as maiores batalhas que lutamos em nossas vidas é contra nós mesmos. Em tudo. Sempre.

E, como a sabedoria de Sun Tzu pode ser aplicada a quase todos os aspectos da vida, muito do meu jeito de fazer trades na bolsa de valores se baseia nesse livro. Por isso, algumas de suas páginas são dedicadas ao conhecimento que nos transmite esse milenar general chinês.

 

 

A ARTE DA GUERRA

De fato, o livro A Arte da Guerra mudou muito a minha forma de ver o mundo.

É uma obra que pode ser aplicada a todos os aspectos da vida: política, negócios, relacionamentos pessoais, esportes.

Pode ter certeza, se você está enfrentando qualquer coisa, qualquer dificuldade, qualquer desafio, há uma frase no texto de Sun Tzu que serve para essa situação e, desde a minha primeira leitura, eu percebi isso.

Trata-se de sabedoria condensada em poucas páginas: imagine que, em chinês, o original era simplesmente composto de 13 tiras de bambu, correspondentes cada uma a um capítulo.

Em cada capítulo, ideogramas chineses, dispostos verticalmente de cima a baixo, traziam tudo o que esse general milenar havia aprendido sobre a guerra.

Cada uma dessas tiras estava unida uma a outra, costuradas por fortes linhas, quase que, simbolicamente, mostrando que os capítulos eram uma unidade indissociável de conhecimento puro.

Conhecimento que – se trabalhado dessa forma unitária, com todas aquelas leis aplicadas em conjunto, em bloco único, sólido como a rocha – transformaria o menor dos exércitos numa máquina invicta de batalha.

A Arte da Guerra virou meu livro de cabeceira.

Tenho passagens dele guardadas de cor e, em vários momentos da vida, pude aplicá-los e observá-los nas relações humanas.

Realmente, meu pai sabia que podemos conquistar muitos bens materiais, mas os bens emocionais e intelectuais, dificilmente nos tiram: pra mim esse livro é isso, um bem intelectual, pelo quanto me ajudou no meu desenvolvimento pessoal, e emocional, pela gratidão e amor que tenho pelo meu pai e minha família que tanto me ensinou.

Então, muito antes de começar meus estudos do mercado, da bolsa de valores, muito antes de me tornar um trader e pensar em compartilhar meus conhecimentos com outras pessoas, A Arte da Guerra já fazia parte do meu modo de ver a mundo.

A ARTE DA GUERRA NA BOLSA DE VALORES

Não há como negar que a bolsa de valores é um campo de batalha. Se em outros setores de nossa existência, as características bélicas são mais atenuadas e sutis, cabendo às vezes uma concessão poética para adaptar e suavizar os ensinamentos de Sun Tzu, nos mercados mundiais trata-se de fato de uma guerra das mais sangrentas, pois não é só dinheiro que está em jogo: vidas, reputações, futuros.

Embora não existam mais os pregões viva voz, cuja gritaria emulava o furor dos guerreiros que se enfrentavam, agonizavam e se exaltavam diante do sangue derramado do inimigo, não se engane.

A hemorragia dos despreparados se dá, agora, em silêncio, nas negociações eletrônicas. Muitos desses despreparados sequer têm noção de que entraram em um campo sangrento e, de início, passeiam como se estivessem em um parque florido, sem ouvir as balas que zunem sobre suas cabeças ou mesmo quando algumas já os atingem.

Eu ousaria dizer que se, antigamente, as guerras eram travadas entre grandes nações, hoje elas acontecem entre gigantescas corporações, afetando a vida de países e até mesmo, indiretamente, causando mortes e carestia de um lado e prosperidade, florescimento cultural e riqueza de outro.

A BOLSA DE VALORES NÃO É UM CAMPO FLORIDO

Entender o terreno em que se está pisando, a propósito, é um dos cinco pontos cruciais apontados por Sun Tzu, coisas que um general precisa dominar para obter suas vitórias:

“Para uma guerra ser bem sucedida, existem cinco fatores fundamentais: clima, terreno, comando, doutrina militar e, o mais importante, a influência moral.”

O que dizer de alguém que entra numa guerra sem sequer saber que está entrando numa guerra?

É o que geralmente faz um investidor iniciante que, acreditando que, no longo prazo, a bolsa sempre dá lucro, deixa seu dinheiro investido em ações a perder de vista, imaginando que ele será o novo Warren Buffett.

Fazer isso com o seu dinheiro, sem ter conhecimento de que se está arriscando num dos mercados mais competitivos que existem, é o equivalente a colocar seu filho de oito anos nos confrontos do Vietnã, sozinho, sem treinamento e desarmado:

– Vai lá, filhão! Eu volto daqui a dez anos quando você for um Rambo!

Sério. Você faria isso com seu filho?

Então por que as pessoas fazem isso com o próprio dinheiro na bolsa de valores? Um dinheiro que lutaram muito para guardar, um dinheiro para o qual abriram mão de tantas coisas para acumular e que será dilacerado no fogo cruzado entre os senhores da guerra dos mercados.

Porque elas não conhecem o terreno.

Elas acham que estão entrando em um campo florido. Compraram ações num momento de otimismo e euforia e, por alguns instantes, dias, talvez semanas ou mesmo meses, verão seu capital crescer. Mas não fazem ideia da tempestade que está por vir.

QUEM É O INIMIGO, QUEM É VOCÊ?

Porém, saber que se está entrando em uma guerra não basta.

Sim, são muitos os que sabem dos riscos que há em colocar os pés em tais territórios.

Porém, não são poucos, destes, que acham que estão de olhos abertos, mas estão, em verdade, de olhos vendados.

Ouvem os tiros, mas não sabem de onde eles vêm. Acham que se posicionaram protegidos, mas estão na alça de mira de um sniper. Ou, então, pisam em minas terrestres enquanto se deslocam.

Não sabem quem eles mesmo são no contexto da bolsa, não sabem quem são os protagonistas e não sabem tampouco como os exércitos se deslocam e com que objetivo.

Isso nos leva a outra passagem de A Arte da Guerra, talvez uma das mais bonitas e importantes:

“Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória, sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, as suas derrotas serão contadas pelo número de batalhas que travar.”

E assim é.

A estimativa é de que 90% dos traders e investidores que entram na bolsa de valores a abandonam em menos de seis meses, derrotados e com prejuízos debilitantes.

Talvez esse número seja ainda mais estarrecedor: alguns falam em 95% ou até 99%.

Mas não importa a porcentagem exata.

Isso nos mostra que a maioria dos que assim se aventuram não conhece a si mesmo, não conhece os adversários, não conhece o terreno, não conhece nada.

UM SEGREDO PRESTES A SER REVELADO

A favor desses podemos dizer que não são completamente tolos.

Por um lado, eles estão atuando na bolsa com as informações erradas ou, no mínimo, insuficientes.

E, por outro, as informações realmente importantes são deles ocultadas propositadamente.

Nos diz Sun Tzu:

“Seja extremamente sutil, tão sutil que ninguém possa achar qualquer rastro. Seja extremamente misterioso, tão misterioso que ninguém possa ouvir qualquer informação. Se um general puder agir assim, então, poderá celebrar o destino do inimigo em suas próprias mãos.”

Mas quem são esses que ocultam informações aos meros mortais na bolsa de valores? Por que fazem isso? Quais são seus objetivos? E que informações fundamentais são essas? Será que os pequenos traders e investidores de varejo são, realmente, o alvo desses generais?

Sem sabermos antes as respostas para essas perguntas, de nada adiantará sabermos os segredos que tais forças tentam nos ocultar, ainda que tenhamos os conceitos e as ferramentas para lê-los nos gráficos da bolsa de valores.

AS VERDADEIRAS FORÇAS BÉLICAS DA BOLSA DE VALORES

Para sabermos quem são os grandes exércitos que se confrontam na bolsa de valores, precisamos voltar um pouco no tempo, a fim de que tenhamos uma pálida noção de com quem estamos lidando.

Em 2011, três pesquisadores – Stefania Vitali, James B. Glattfelder e Stefano Battiston – do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça, publicaram o estudo “A Rede de Controle Corporativo Global” (The Network of Global Corporate Control) na revista PLoS One (https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0025995). Nesse estudo, descobriram que o capital mundial estaria concentrado em 43.060 companhias de atuação internacional.

Isso mesmo. Dos estimados 30 milhões de companhias de que esses pesquisadores partiram, uma amostra de pouco mais de quatro dezenas de milhares são as que representam o grosso dos negócios.

O resto é trocado.

“Então nós começamos um banco de dados que contém 13 milhões de relações acionárias de 2007. Isto é muita informação, e porque nós queríamos descobrir quem rege o mundo, nós decidimos nos concentrar em corporações transnacionais, ou CTNs, quando abreviado. Estas são companhias que operam em mais de um país, e nós encontramos 43.000. No próximo passo, nós construímos a rede em volta dessas companhias, então pegamos todos os acionistas das CTNs e os acionistas dos acionistas, etc., subindo até o topo, e também fizemos o mesmo descendo, e o resultado foi uma rede com 600.000 nódulos e um milhão de conexões. Esta é a rede de CTN que analisamos”, disse James B. Glattfelder em sua palestra no TEDx Zurique, em 2012.

Trinta e seis por cento das CTNs formavam 95% da receita operacional total de todas as CTNs.

Mas os pesquisadores afunilaram mais esse universo.

E descobriram que apenas 146 dessas empresas  – apenas 0,024% de todas as 43 mil – conseguiam concentrar o controle de 40% de todas as outras. Quer dizer, apenas essas 146 dominam – através do controle direto e indireto das demais 40 e tantas mil – quase metade do capital mundial.

Isso foi em 2011.

Segundo o pesquisador James B. Glattfelder, a tendência é que o capital assim se mantenha ou se afunile cada vez mais.

Então, anos depois, é possível que ainda menos empresas concentrem ainda mais poder financeiro.

Considerando isso e para arredondar nossas contas – algo que nos ajudará a entendermos a dimensão desses “exércitos” –, vamos imaginar, então, que 100 empresas dominam 50% dos recursos econômicos do planeta.

A estimativa é que pelo menos metade dessas mega companhias tenha intensa atuação na bolsa de valores. Fazendo uma conta de padeiro – para lembrar do meu avô -, isso quer dizer que 50 corporações têm 20% do capital mundial para atuar nos mercados financeiros.

Que seja 10%: não é pouca coisa.

Alguns exemplos dentre esses 50 monstros: UBS AG, Merrill Lynch & Co Inc, Vanguard Group, Legal and General Group PLC, JP Morgan Chase & Co, State Street Corporation, AXA, Fidelity Investments, Capital Group Companies Inc, Barclays PLC e diversos outros.

É possível que alguns desses nomes toquem um sininho no seu ouvido.

Você já ouviu falar deles.

Mas outros chegam a ser obscuros, a não ser que você já esteja no mercado há algum tempo.

Mas é isso mesmo.

Esses nomes estão no controle de diversas marcas que você vê diariamente na publicidade, nas lojas, nos supermercados. Mas eles mesmos, assim como as informações que tentam esconder dos traders de varejo, como você ou eu, preferem ficar escondidos nas sombras, mesmo sendo gigantes.

Você já ouviu falar daquela que é, atualmente a maior gestora de ativos do mundo?

O nome dela é Black Rock. Controla 5 trilhões de dólares ou cinco vezes o PIB de um país como a Espanha. Se você der uma olhada no controle acionário de diversas blue chips brasileiras (informação facilmente encontrável no site da B3, a bolsa brasileira), verá o nome Black Rock.

Veja bem se não está na hora de pensar no mercado financeiro como o lugar onde as verdadeiras guerras estão acontecendo sem que nenhum sangue seja derramado. Pelo menos não diretamente.

OS 50 GLADIADORES

Quando empenhamos nossos parcos tostões comprando ações e contratos futuros, é num tiroteio cruzado entre esses 50 gigantes que estamos nos metendo.

Um amigo meu conta uma história de quando ele era criança e fez questão de jogar bola com os adultos. E entrou numa dividida com outros dois jogadores com o dobro do tamanho dele. Tudo de que ele lembra é de estar deitado no chão com aqueles sujeitos em círculo olhando para ele. Pensaram que tinha morrido.

O trader de varejo, quando coloca seu dinheiro na bolsa, é como esse meu amigo: vai entrar numa dividida entre jogadores muito maiores que ele. Mas a proporção é ainda mais descomunal. E, se você morrer de verdade, eles não estão nem aí. Não vão ficar olhando preocupados para você. Não vão levar você para o hospital levar pontos.

Para termos uma ideia da proporção, pense numa arena com 50 gladiadores anabolizados em combate, usando armas cibernéticas de última geração.

No meio disso tudo, você é uma formiguinha. Lá no chão. E, se não se souber posicionar, vai ser pisada.

E nenhum dos 50 gladiadores sequer vai tomar conhecimento de sua despercebida existência.

QUAL O PAPEL DELES, QUAL O SEU PAPEL

Enquanto nós, formiguinhas, negociamos de um a cem minicontratos de índice, de um a cem lotes de ações, esses gigantes negociam dezenas e dezenas de milhares, centenas de milhares e, dependendo do período analisado, às vezes, muito, muito mais que isso.

Quando compramos dez minicontratos em nossas operações e nos sentimos arriscando um pouco mais do que devíamos, suando frio enquanto pensamos se devíamos mesmo ter feito isso ou não, isso não faz nem cócegas na demanda pelo ativo em questão, não provoca um aumento no volume de compras capaz de causar um aumento de preços.

Mas imagine se um desses 50 gladiadores resolve comprar, de uma vez, 5 mil minicontratos de índice ou de dólar. É a lei do mercado: aumento de demanda aumenta o preço.

Não é preciso ser um Sherlock Holmes para entender que se tem alguém capaz de provocar uma movimentação dos preços, relevante e com sustentação, são esses gladiadores titânicos do mercado que, daqui por diante, chamaremos de big players ou investidores institucionais.

Eles são aqueles responsáveis pelo chamado smart money ou, em português, dinheiro esperto. Aqueles cuja atuação no mercado é conhecida como, de fato, profissional.

A partir do momento que sabemos que os big players têm capacidade de movimentar o preço começamos a deduzir uma informação fundamental e de vital importância. Uma informação que, apesar de estar evidente, não é usada pela maioria dos traders de varejo.

UMA LIÇÃO DA GUERRA DO VIETNÃ

O Vietnã foi uma guerra que os Estados Unidos da América perderam sem nunca terem sido derrotados uma vez sequer em batalha. De 1955 a 1975, com maior ênfase na década de 60, os vietcongues usaram de diversas táticas para minar politicamente as forças do adversário. Tanto que, por lá, o conflito é conhecido como Guerra da Resistência.

Uma das táticas usadas pelos guerreiros asiáticos está no livro de Sun Tzu:

“Mantenha suas estratégias em segredo, engane o inimigo, utilize simulações, minta e o surpreenda.”

E não só isso:

“Os generais hábeis na defesa devem esconder-se no âmago da terra. Os que querem brilhar no ataque devem elevar-se aos céus. Para colocar-se na defensiva contra o inimigo, é preciso esconder-se no seio da terra, como os veios d’água que não se sabe de onde manam e cujas ramificações são insondáveis.”

E, assim, milhares de armamentos, munições e outros suprimentos eram transportados por túneis subterrâneos.

Os vietnamitas do norte tiveram a petulância e a ousadia de fazer muitos desses túneis passarem por baixo de acampamentos americanos.

Datando da década de 40 e 50, esculpidos na argila dura, foram aperfeiçoados durante o conflito.

Um dos complexos encontrados contava com 120 quilômetros de corredores interligados.

Havia desníveis a fim de facilitar o trabalho de atiradores. Hospitais de campanha e depósitos eram distribuídos em pontos estratégicos.

Havia entradas secretas, portas com explosivos e sistemas complexos de ventilação. Soldados de pequena estatura, bravios e muito ágeis eram designados para essas estruturas.

O que o Vietnã do Norte estava fazendo com esse sistema que já existia há décadas mas que, até então, o inimigo desconhecia?

Escondendo o volume de seu armamento, do seu exército e da área que era capaz de dominar. Embora não pudesse fazer frente ao poder de fogo do adversário, tinha muito mais capacidade bélica do que o inimigo imaginava.

Vou repetir um conceito importante: eles estavam escondendo o volume de seu poderio.

O SEGREDO ESCONDIDO BEM NA SUA CARA

Na bolsa de valores, temos pouca oportunidade de sermos os vietnamitas enganando os americanos. Somos meros camponeses que estão no meio do conflito, tentando sobreviver à chuva de balas.

Mas, só de saber que isto está acontecendo, já nos dá uma vantagem. E diferentemente da guerra, podemos escolher ficar do lado vencedor sem maiores dilemas éticos.

E o que os big players tentam esconder com tanto afinco de nós?

Os vietnamitas já responderam: o volume.

A própria bolsa só divulga o saldo do volume de negócios que os players fizeram nos mercados de ações, opções e de contratos futuros dois dias depois dos negócios terem sido fechados.

No entanto, se quisermos passar a ter uma atuação profissional no mercado, como traders, precisamos dominar essa informação, ter ferramentas que a decifrem e conceitos que ajudem a interpretá-la.

POR QUE O VOLUME?

Como vimos, os investidores profissionais precisam montar e desmontar posições gigantescas em ativos, seja comprando, seja vendendo, respectivamente.

Porém, eles não podem dar ordens de compra gigantescas de uma vez só. Eles precisam conseguir liquidez em determinada faixa de preço a um certo preço médio. E comprar muitos ativos de uma vez só faria os preços subirem rapidamente.

Para isso, eles precisam lançar mão de diversas táticas que ajudam a esconder não só suas intenções como também o volume com o qual estão lidando.

  • Absorção: quando precisam comprar, já começam a fazê-lo com o preço em queda (o que vai contra o senso comum), absorvendo passivamente as vendas dos outros participantes que estão desesperados com a queda do preço de suas ações ou contratos; quando precisam vender, já começam a fazê-lo absorvendo passivamente a demanda dos outros participantes, que estão eufóricos com a tendência de alta (o que também vai contra o senso comum, afinal, quem é que vende ativos que estão em tendência de alta?)
  • Ordens iceberg: uma ordem gigantesca de compra ou de venda pode ser dividida em centenas ou milhares de ordens menores ao longo do tempo e, sem que ninguém perceba, ao longo de algum tempo, os big players podem acumular ou distribuir um grande número de ativos, interessados respectivamente na alta e na queda.
  • Spoofing: uma prática proibida mas que, com as ferramentas certas, pode ser detectada. Os institucionais posicionam uma grande ordem de compra ou venda a um preço que toma a frente no livro de ofertas, obrigando aos outros players (que temem que a liquidez naquele nível seja esgotada) a oferecerem preços melhores a fim de tomar à frente no livro de ofertas. Isso provoca uma movimentação artificial dos preços e, quando a cotação se aproxima do valor da grande ordem, numa fração de segundos, ela desaparece como se nunca tivesse existido.

Essas são apenas algumas das muitas táticas usadas pelos big players para esconder suas cartas.

Todas elas são facilitadas por uma tecnologia chamada HFT (High Frequency Trading) ou robôs de negociação de alta frequência, algoritmos capazes de enviar e cancelar ordens na faixa dos nano segundos. Estima-se que 80% dos negócios feitos nas bolsas de valores mundiais atualmente, talvez mais, sejam realizados pelos HFTs.

Agora, nossa arena de gladiadores fica muito interessante: além de estarmos lidando com gigantes, estamos lidando com gigantes cibernéticos, no melhor estilo de O Exterminador do Futuro e, para completar, eles fazem de tudo para serem invisíveis, como no filme O Predador.

E sabe por que com 90% dos traders essas táticas funcionam?

Porque todos estão olhando só para o preço.

Eles veem o estrago feito pelos gladiadores, mas não sabem onde eles estão.

Você não se posiciona diante de um gigante olhando para os ferimentos que ele causou no campo de batalha: aí já é tarde demais.

Você precisa saber onde ele está, para antecipar seus movimentos.

Então, como já estamos começando a perceber, o preço é só um efeito, um efeito provocado pelo volume de ativos negociados.

A MENSAGEM E O MENSAGEIRO

Você é um general está no campo de batalha, no furor da batalha.

Aproxima-se um mensageiro com uma carta nas mãos. Ela está muito bem acondicionada e marcada com as palavras “Altamente Secreto”.

Você vai perder tempo conversando com o mensageiro ou vai abrir o envelope o mais rapidamente possível? Talvez seja uma informação que pode mudar o curso dos eventos.

No entanto, o que a maioria dos traders faz nas suas batalhas diárias? Fica horas e horas conversando com o mensageiro. Muitos nem tomam conhecimento do envelope que ele traz em suas mãos.

De fato, a escola da Análise Técnica Clássica foca no preço e em sua movimentação no gráfico:

  • Linhas: resistências, suportes, de tendência de alta, de tendência de baixa, canais de alta e canais de baixa.
  • Padrões: os “desenhos” que o preço faz enquanto se movimenta, como letras M e W, ombro-cabeça-ombro e ombro-cabeça-ombro invertido, bandeiras, flâmulas, triângulos, retângulos; e a lista é infinita.
  • Indicadores: médias móveis (simples, ponderadas e exponenciais), RSI, bandas de Bollinger, Keltner Channels, MACD e, sério, centenas de outros que, de uma forma ou de outra, derivam do preço.
  • Estudos: como as retrações e expansões de Fibonacci e ângulos de Gann.

Eu mesmo já usei isso tudo e muito mais.

Mas o problema desses métodos é sempre o mesmo: eles derivam do preço.

Embora haja fundamentação estatística para algumas de suas premissas, as hipóteses nem sempre se comprovam, pois olhar para o passado nem sempre é garantia de algo se repetirá no futuro. E, como o preço é efeito do volume, por definição ele é passado.

Assim, se a regra é que, se o preço, rompendo uma resistência, deve continuar sua tendência de alta, na prática nem sempre é o que acontece.

A partir do momento em que começamos a ficar de olho no volume, através das ferramentas certas para isso, e interpretá-lo, através dos conceitos corretos começamos a falar da Nova Análise Técnica.

MINHAS IDEOLOGIAS DE TRADING

Acredito que os resultados do trading vem depois do aprendizado e não o contrário.

Como nos diz Sun Tzu, em A Arte da Guerra:

“Antes de te engajares num combate definitivo, é preciso que o tenhas previsto, e te preparado com muita antecipação.”

Assim, o sucesso nos trades são consequência do estudo, da prática e da experiência nessa área.

Embora cada um de nós use métodos diferentes de operar, devemos ser realistas quanto aos riscos que são inseparáveis do mercado.

O objetivo então, diante disso, é aprimorar nossa leitura de mercado para não sermos dilacerados pelos players de maior porte.

Outro ensinamento de Sun Tzu:

“Quem dispõe de poucos homens, deve preparar-se contra o inimigo. Quem tem muitos, deve forçar o inimigo a preparar-se.”

Adivinhe qual dos dois nós somos.

Nós somos os que têm a oportunidade de escolher um lado vencedor. Novamente, segundo Sun Tzu:

“Esses conhecimentos te permitirão discernir, entre os príncipes que governam o mundo, aquele que ostenta mais doutrina e virtudes. Conhecerás grandes generais nos mais diversos reinos, de forma que poderás prever com segurança qual dos adversários será vencedor; e se tiveres que intervir na contenda, poderás certamente gabar-te da vitória.”

Em quantas guerras temos a oportunidade de escolher o lado vencedor sem que isso seja considerado uma traição? Esse é o nosso privilégio como pequenos participantes dos mercados.

A Nova Análise Técnica nos traz para um mundo em que passamos a ver o posicionamento perdedor ou vencedor desses exércitos de maneira preditiva, de maneira que podemos escolher, comprando e vendendo no momento certo. Pois enquanto o preço nos traz apenas o efeito desses acontecimentos, o volume nos traz as causas.

Eu gostaria que você anotasse esta frase, a colocasse no teto sobre sua cama para que a leia sempre que abrir os olhos, ao despertar pela manhã: “Na bolsa de valores, o preço é o mensageiro, não a mensagem. A mensagem é o volume.”

Os gráficos têm memória. Os níveis de preço em que os big players se digladiaram são propensos a serem níveis de interesse novamente. E como sabemos que níveis de preço são esses? Mais uma vez: volume.

No capítulo 10 de seu livro, em que Sun Tzu nos conta sobre topografia, os tipos de terreno em que um bom general deve buscar o combate, ele cita diversas características que uma área deve ter para proporcionar um batalha favorável. Então, é natural que algumas áreas conheçam mais o cruzar das espadas do que outras e os encontros de exércitos serão frequentes nesses lugares. O mesmo se dá nos gráficos, em certas regiões de preço, com alta atuação institucional denunciada por um volume assombrosamente maior de negócios.

Não existe uma maneira única para entender o comportamento do mercado, mas todas as soluções de trading que eu procuro desenvolver são moldadas pelo estilo institucional e profissional das análises de mercado.

Duas décadas de estudo e dedicação à bolsa de valores me revelaram a informação mais importante sobre os mercados: o rastro do dinheiro esperto. Essa é a minha crença quanto ao mercado de risco. Procuro sempre, através do autoconhecimento, tanto na parte analítica como comportamental e operacional, buscando a cada dia mudanças e melhorias contínuas em minha evolução com trader e educador.

O trader é como um atleta profissional e deve continuar o seu treinamento para se tornar o melhor que pode ser: segundo Tony Robbins, a prática e a repetição leva à perfeição.

A competência de operar os mercados é uma jornada. E não o destino. Você vai ter que aprender com seus próprios erros para adquirir capacidade de operar no mercado mais competitivo do mundo.

Acredito que nenhum participante do mercado é idêntico em suas abordagens, portanto, em tudo aquilo que vamos aprender neste livro diversos estilos de análises, táticas e estratégias sempre baseadas em operar em harmonia com o dinheiro esperto.

O COMBUSTÍVEL DO MERCADO

Ok. Sabemos, agora, que o volume é importante.

A maior parte dos traders, sobretudo os traders de varejo, não têm conhecimento disso.

Mesmo traders experientes, que dão curso, não têm conhecimento da importância desse dado.

E mesmo os poucos que sabem, não poucas vezes, fazem uso equivocado dessa informação.

Se por um lado de pouco adianta olhar para o mensageiro e ignorar a mensagem, adianta quase tão pouco eu abrir a carta que traz a mensagem e não conhecer o idioma em que ela foi escrita.

Se ela estiver em código, então, eu preciso de uma ferramenta que me possibilite a leitura antes de eu conseguir interpretar os seus contextos a fim de tomar minha decisão.

Assim, o volume, como verdadeira mensagem, é importante: mas eu preciso ter as ferramentas certas para lê-lo. No caso da bolsa de valores, os indicadores corretos para tal.

Sobre as ferramentas, falaremos mais adiante neste livro.

Por ora, começaremos a aprender sobre os conceitos que permitirão que eu leia e interprete as informações.

A partir de agora, eu quero que você considere o volume como o combustível do mercado.

Para facilitar, vamos pensar em um movimento de alta, embora a analogia que faremos a seguir sirva para movimentos de baixa também.

O preço de um ativo ou a pontuação de um índice vem rompendo topo atrás de topo, subindo no gráfico.

Imagine que essa subida é uma ladeira e o preço é um tanque de guerra. Para que eu consiga subir, preciso pisar mais fundo no acelerador, fazer com que mais mistura de oxigênio com combustível chegue ao motor.

O que acontece se eu parar de pisar no acelerador ou se simplesmente a gasolina acabar?

O veículo andará mais alguns poucos metros no aclive, por inércia e, a seguir, vai descer, a não ser que eu acione o freio de mão ou o pedal do freio.

No mercado é a mesma coisa: se não entrar volume ele não se mexe. Volume na demanda, na compra, faz o preço subir. Volume na oferta, na venda, faz o preço cair.

Parece uma lei simples, porém, quando vamos olhar os indicadores da Análise Técnica Clássica, vamos ter informações dúbias. Muitos deles, como o On Balance Volume, baseando-se nessa informação nos dirá que o mercado subirá com volumes baixos ou altos ou mesmo permanecerá lateralizado com as mesmas quantidades de volume.

Alguns métodos como o Price Action poderão usar um alto volume para confirmar o rompimento de uma resistência – afinal, volume confirma a tendência – e afirmar que a tendência de alta continuará forte quando, a seguir, o que acontece de verdade é que o preço volta a cair.

Quão ruim pode ser um indicador de combustível ou outro indicador do painel de seu blindado que diz que estamos acelerando a 100 km/hora e, na verdade, estamos a 50 km/h ou um ponteiro que estamos com o tanque cheio e, no entanto, já estamos na reserva?

O indicador deve funcionar como um verdadeiro informante do que realmente está acontecendo com o volume a fim de detectar o que os big players estão fazendo, denunciando sua sorrateira atuação. Segundo Sun Tzu:

“Mantém espiões ao longo do caminho, inclusive no acampamento inimigo, e até na tenda do general. Nada negligencies do que pode render-te algo. Atenta a tudo.”

Agora, imagine se Sun Tzu iria usar espiões estúpidos que trazem informações erradas, que dizem que o inimigo está mal armado quando, na verdade, está munido dos melhores armamentos.

Para entendermos o funcionamento do volume, no entanto, devemos, antes entender as bases do equilíbrio entre a oferta e a demanda que é controlada pelos grandes players, uma vez que eles têm cacife para tanto: ora entrando na compra de ativos, ora entrando na venda, seja ativamente (agredindo) e passivamente (absorvendo) e ora simplesmente tirando o corpo fora.

COMO AGEM AS OUTRAS FORMIGUINHAS DO MERCADO

Enquanto os gladiadores cibernéticos travam suas batalhas de vida ou morte nessa arena, eu e você não somos as únicas formigas lá embaixo na areia. Existem milhares de outras ali. Todas elas com seus computadores ligados, olhando para a tela, tentando decifrar o que vai acontecer a seguir nos gráficos apresentados em suas plataformas de negociação.

A grande maioria deles está fascinada por seu novo indicador e pelo método que acabou de aprender.

A Análise Técnica Clássica é fascinante porque ela dá a ilusão ao praticante de que uma luzinha azul acenderá no momento de comprar e uma luzinha vermelha acenderá no momento de vender.

Esses mesmos iniciantes gostam de salas de trade em que um funcionário de uma corretora quase que pega na mão dos clientes dizendo:

– Vai, meu filho, pode clicar e vender.

Também gostam de fóruns onde outros iniciantes e outros sabichões dão “dicas”, espalham rumores e aconselham sobre a ação que vai “bombar” nos próximos dias.

Para dar um contraste nesses contextos, vamos exagerar um pouco: você imagina George Soros fazendo isso?

Você imagina Hamed Bin Zayed, responsável por um fundo de 900 bilhões de dólares e irmão do presidente de Abu Dhabi, “pescando” dicas em fóruns ou esperando uma luzinha ficar vermelha no seu computador de última geração antes de enviar uma ordem de venda de vinte milhões de ações da Vale?

Esse tipo de pessoa não tem tempo para essas bobagens. E, acredite, se não dá certo para elas, não dará certo para você. Você precisa começar a pensar como elas pensam, muito embora elas tenham mais recursos financeiros e tecnológicos, infinitamente mais.

Essas pessoas têm um nível de competitividade muito superior à média: muitos deles são medalhistas em esportes, ganham diplomas de honra ao mérito nas suas áreas de atuação, tem pós-graduações e doutorados nas melhores universidades, vêm de famílias milionárias com possibilidades que, por enquanto, só podemos sonhar.

Se essas pessoas são assim, o que dizer das empresas que elas controlam ou em que investem? São muito mais competitivas e até sanguinárias.

E, se vamos começar a fazer trades na bolsa de valores, com quem queremos nos aliar? Com as formigas ou com os gigantes?

Vejamos o que nos diz Sun Tzu:

“Se não conheces a arte das alianças, tuas tropas não poderão valer-se da força dos vassalos e feudatários. Quando tinham que enfrentar algum grande príncipe, uniam-se, tentavam perturbar toda o Universo, colocavam em seu campo a maior número possível de soldados, procuravam sobretudo conquistar a amizade de seus vizinhos.”

Neste livro você não só vai aprender quando os grandes generais do mercado estão colocando seus exércitos em campo, mas escolher o mais provável lado vencedor ou, até mesmo, saber mudar de lado quando lhe for conveniente.

Uma das frases que meus alunos costumam usar quando estão analisando o gráfico, apontando uma certa faixa de preço é:

– Aqui eu tenho parceiros para entrar na venda.

Ou:

– Aqui eu tenho parceiros para entrar na compra.

Esses parceiros nada mais são do que big players com os quais eles aprenderam a “pegar carona” ou, nas palavras de Sun Tzu, fazer aliança.

Pare de fazer alianças com formigas.

E, lembre-se: é inútil vencer um inimigo infinitamente superior ao nosso poder de fogo.

“Se fores inferior, fica alerta. O menor erro pode ser fatal. Tenta colocar-te a salvo, e evita, se possível, entrar em choque com o adversário. A prudência e a firmeza de um punhado de pessoas pode conseguir extenuar e dominar mesmo um exército numeroso. Assim, és ao mesmo tempo capaz de te proteger e de obter uma vitória completa.”

Então, se não pode com eles, junte-se a eles.

O DIA QUE MUDOU A MINHA VIDA

Você deve lembrar, do capítulo em que falo de minha amizade com Carlos Ferreira e todas as coisas que ele me ensinou, que, um dia ele ajudou-me a realizar meu sonho de visitar o pregão viva voz, na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). Foi em 2002, quando ela ainda não tinha se unido à Bovespa e mesmo a Bovespa ainda mantinha seu pregão viva voz.

Então, atenção.

Neste tópico está a base de tudo o que eu vou ensinar para você daqui por diante.

Então é importante que você entenda com clareza a partir daqui e, se preciso for, retorne a estes próximos parágrafos para revisar como comecei a entender a Lei da Oferta e da Demanda nos mercados.

A minha história na bolsa de valores tomou um novo rumo quando eu pude visitar aquele ambiente.

Um dia inesquecível.

Era praticamente impossível entrar ali durante a sessão se você não fosse um dos operadores.

Eu mesmo não conheço ninguém que teve a mesma sorte que eu.

O Carlos, na época, operava contratos futuros de índice para um fundo e conseguiu essa brecha pra mim.

E, pode acreditar, eu estive lá e a história que eu vou contar vi com os meus próprios olhos.

O momento da virada

Eu me aproximei da roda do contrato futuro de índice naquele dia.

Na bolsa era assim, cada tipo de papel era negociado em uma roda diferente.

Como todos estavam concentrados em executar suas ordens de venda e compra, nem repararam que eu estava ali e fiquei observando atentamente.

A bolsa estava caindo muito.

Queda livre!

Eu só escutava os operadores apregoando venda.

Todo o mundo querendo se livrar de seus lotes de contratos futuro de índice.

– Vendo 50 contratos!

– Vendo 150 contratos!

– Vendo 30 contratos!

Para você ter uma ideia do volume financeiro da coisa, cada contrato equivale em reais aproximadamente o valor em pontos do índice. Em termos de hoje, cada contrato é mais ou menos R$ 80 mil.

Eu só escutava falar em venda e, sério, 90% dos operadores estavam na venda.

Mas para conseguir se livrar desses contratos, vender esses contratos, alguém tem que comprar, não é mesmo?

E foi aí que apareceu um cara, no meio daquela gritaria desesperada com gente agitando braços e mãos segurando boletas para a venda.

O apelido do sujeito era JP. E começou a gritar “Fechado!” para todas as ofertas de venda que apareciam.

– Vendo 50!

E o JP:

– Fechado!

E o preço caindo.

– Vendo 150!!!

E o JP, de novo:

– Fechado!

E o preço continuando a cair.

– Vendo 200!

E o JP, incansável!

– Fechado! Fechado! Fechado!

O preço continuava a cair. Era muito estranho ver alguém comprando um ativo que só estava desvalorizando.

Quando eu achei que o JP já tinha comprado tudo o que queria ele grita:

– Tenho que comprar mais 1.000 lotes!

Como o fluxo do mercado ainda estava vendedor, continuaram a vender pra ele, como se não houvesse amanhã.

Porém…

… alguns operadores começaram a ficar com a pulga atrás da orelha.

Eu estava lá.

Eu via no rosto daquelas pessoas.

A emoção era transparente.

A linguagem corporal e a forma com que trocavam olhares me dizia: eles estão percebendo alguma coisa errada.

A essa altura, JP já tinha fechado com vários operadores vendedores, absorvendo todas aquelas vendas. E a seguir, compra mais mil papeis (negritei a palavra absorvendo porque ela é importante).

Já tinha absorvido uns 2 mil contratos.

– Caramba, será que o JP ficou louco? – na minha memória, tenho a impressão de ter ouvido algum daqueles vendedores dizer isso.

Mas o subtexto era:

“Será que o JP está comprando tudo a preço de banana e daqui a pouco esse negócio vai começar a subir?”

Eu vi acontecer: quem estava com aquele apetite na venda, ficou desconfiado e começou a diminuir as ofertas.

Vários até pararam de vender.

Nesse momento, para o espanto de todos, JP berrou de novo.

– COMPRO MAIS MIL!

Sério, JP?

Aí o olhar de muitos vendedores começou a virar preocupação.

Afinal, se o contrato de índice começasse a subir como o comportamento do JP indicava que aconteceria, teriam que fechar suas posições vendidas em algum momento.

Algumas dessas posições vendidas, para ganhar com a continuidade da baixa, recém haviam sido abertas e se a cotação subisse a partir dali virariam prejuízo.

Era preciso fechar aquelas posições! O mercado não caía mais! JP estava absorvendo tudo e não deixava mais o preço cair. Porque ele não parava de comprar, de absorver. E não dava sinais de que pararia.

Bom. Todos pararam de vender para o JP.

E agora que a oferta secou? O mercado fica parado, simplesmente?

Não.

JP ataca novamente.

Ele queria continuar comprando. Só que, agora, em vez de absorver as agressões de venda, ele passou a agredir, aceitando comprar a preços cada vez mais altos.

Isso fez com que o mercado subisse num soco só uns 300 pontos. Um movimento explosivo, frenético, incontrolável.

Quem tinha vendido apostado na queda, lá embaixo, precisou fechar suas posições. Para fechar posições vendidas o que temos que fazer? Exatamente: comprar. Mais demanda, faz o preço subir mais.

Graças a esse efeito – dos vendedores desesperados, agora na compra para fechar suas posições -, o JP nem precisava mais fazer força para o mercado continuar subindo.

E adivinhe quem estava vendendo a esses operadores, agora, a preços cada vez mais altos?

O JP.

Até eu, que não tinha caído na cilada, só estava olhando, fiquei com raiva

Simplesmente, ele conseguiu sozinho segurar o preço absorvendo as agressões de venda.

Depois de tanto comprar, ninguém mais queria vender para ele, porque ficaram com medo.

Ou seja: secou a oferta.

E, aí, ele se viu forte o suficiente pra fazer o mercado subir acionando os stops dos perdedores que venderam pra ele mesmo lá no fundo.

Parece ficção, não é? E que eu inventei tudo isso.

Mas não é.

Esse fato provocou um estalo na minha cabeça e a partir desse dia eu mudei completamente minha visão sobre os mercados.

Deixei de usar todos os indicadores que eu usava e entendi situações que antes todos aqueles indicadores não me mostravam.

Esse fato apenas abriu minha cabeça para uma nova forma de encarar o mercado.

E partir daí desenvolvi indicadores e estratégias voltadas para essa nova visão.

Tudo isso foi em 2002 e somente hoje posso dizer que domino a leitura profissional da bolsa de valores. Foi apenas o pontapé inicial para eu me desenvolver através dessa linha de raciocínio.

O que eu presenciei naquela ocasião foi um ensinamento de Sun Tzu na prática:

“Pareça fraco quando está forte e forte quando está fraco.”

JP aceitava passivamente as agressões que o mercado depositava sobre ele, com potência, até o momento que essa potência, esse combustível que empurrava o preço para baixo se esgotou.

E este foi o momento em que JP passou a ele mesmo fazer força para cima, agredindo na compra. Agora, quem absorvia eram os demais.

E, detalhe, ninguém sabia até quando ele continuaria agredindo os preços na compra: até prova em contrário, ele poderia fazer aquilo por muito tempo, por muitos milhares de contratos.

Podia ser um blefe?

Podia.

Mas a partir daí os vendedores decidiram acionar seus stops (bater em retirada), alimentando o fogo do mercado com esse combustível, só que, agora, para uma alta.

ELES SABEM O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO

Você já reparou como, às vezes, parece que o mercado “sabe” onde está seu stop, seu ponto de saída caso a operação dê errado, volta para acioná-lo e, então retorna para a tendência que você esperava em sua operação original? Que raiva de levar uma violinada dessas!

Acontece que os operadores profissionais sabem sim onde seu stop está. E, não, não é porque eles têm acesso ao seu computador ou a dados privados de sua corretora.

Acontece que eles dominam a arte de operar nos mercados de risco e sabem como o dinheiro neles se comporta.

Seus problemas são muito diferentes dos nossos. Enquanto nós só nos preocupamos em “acertar” se o preço vai subir ou cair, eles têm que lidar com liquidez, isto é, se vai haver vendedores de ativos suficientes em determinada faixa de preço para milhões de papeis que precisam comprar. E esses milhões de papeis devem ser comprados sem que esse preço médio suba.

Da mesma forma, quando precisam vender, precisam fazê-lo em determinada faixa de preço. E esse preço médio não pode cair enquanto desovam ativos para os compradores. E os compradores serão suficientes para todos os ativos que precisam desovar?

Assim, eles precisam dominar a primeira lei do mercado, a lei da oferta e da demanda: quando há um excesso de ofertas (ordens de venda), o preço desse papel que você estiver operando é reduzido para atrair a demanda necessária.

Resumindo: o investidor que estava operando através do JP só entrou na jogada quando o preço era interessante pra ele.

Antes de chegar naquele preço, pra ele, do seu ponto de vista dele, ainda estava caro.

Então, agora, vou repetir e você vai entender:

Quando há um excesso de ofertas (ordens de venda), o preço desse instrumento que você estiver operando é reduzido para atrair a demanda necessária, ou seja, ordens de compra do JP.

Porém, em preços menores para absorver essas ofertas, o contrário também é verdadeiro. Se houver uma escassez de oferta, então o preço desse mesmo instrumento deverá aumentar para criar uma oferta que irá atender essa demanda.

PARA TODA CAUSA DEVE(RIA) HAVER UM EFEITO PROPORCIONAL

A segunda lei que precisamos aprender nos mercados é que, para cada causa há um efeito: é a lei da causa e do efeito.

Já sabemos que quase todos os traders e analistas ainda estão focados no efeito, no sobe e desce dos preços, dos pontos. Eles acreditam que se o preço rompeu o topo anterior, tende a continuar subindo. Se o preço rompe o fundo anterior, tende a continuar caindo. Esse tipo de comportamento do efeito, vai disparar compras e vendas, respectivamente.

Isso vem da famosa Teoria de Dow: o mercado está em tendência de alta porque está fazendo topos e fundos ascendentes.

Mas, se o preço é um mero efeito, parece bastante razoável que haja antes dele uma causa. A causa, como já vimos, é o volume. O preço só sobe ou só cai se houver volume suficiente para tanto.

Em condições perfeitas, o deslocamento dos preços é proporcional a esse volume. Mas volume, mais deslocamento. Se vamos mover uma bicicleta ladeira acima e precisamos que ela suba a uma velocidade normal, basta um de nós subir e começar a pedalar com um certo esforço.

Agora se precisamos colocar essa bicicleta em órbita, vamos precisar de um monte de energia, de um monte de combustível para que ela, rapidamente, chegue a estratosfera.

Então, em tese – atenção, em tese – um pouco de volume deveria ter como resultado apenas um pequeno deslocamento no preço, certo? Sim. Em tese.

Do mesmo modo, em tese – repito, em tese – muito combustível deveria ter como resultado grandes deslocamentos de preços, certo? Sim. Em tese.

Uma pequena atividade de volume deveria resultar em uma pequena quantidade de deslocamento no preço, entendeu?

Vou repetir, se não houver volume, não deve – ou não deveria – haver grandes movimentos.

Se há muito volume, o preço deveria andar.

Porém… o mercado não é perfeito.

Assim como numa batalha nem sempre o maior exército ganha do menor. Não se trata de uma ciência exata, num primeiro momento, em que três é sempre maior que dois.

Mas antes de entendermos por que isso acontece, vamos continuar a observar essa lei como se ela fosse absoluta.

Imagine um grande navio, ancorado próximo da costa. O mar está tranquilo. Pequenas marolas agitam o oceano. Para quem está dentro da embarcação, essa agitação não faz a menor diferença. Parece até que estamos em terra firme. As marolas são o volume e, como são pequenas, não provocam instabilidade, volatilidade, no navio.

Eis que chega uma tempestade, com ondas gigantes, e, a partir de agora, o navio começa a balançar freneticamente. O volume das ondas está maior. O navio é o preço e ele se move de acordo com esse volume.

A partir do momento em que eu decidi focar no tamanho das ondas (no volume), mudei de nível da minha interpretação de para onde o navio (preço) iria, acertando com mais frequência as operações de compra e venda.

Quando conseguimos descobrir quando os operadores profissionais, os big players, os institucionais tiveram tempo o suficiente para se posicionar, acumulando energia potencial suficiente para causar uma tempestade com grandes tsunamis de volume, é quando conseguimos prever, nos antecipar aos movimentos mais importantes.

Atenção ao que nos diz Sun Tzu:

“Quando teus espiões infiltrados no território inimigo te informarem que ali falam baixo, de forma misteriosa e agem discretamente, conclui que premeditam uma ação geral e se preparam: avança contra eles sem demora. Eles querem te surpreender, surpreende primeiro.”

Lembre-se sempre que os big players montam suas posições sorrateiramente e para ter acesso ao que eles estão preparando é necessário ter as ferramentas (espiões) certas e a leitura do campo de combate correta (conceitos).

No caso, você não irá avançar contra eles, mas escolher o lado vencedor do embate e seguir lado a lado para a vitória.

LEI DO ESFORÇO E DO RESULTADO

Agora vamos começar a entender por que nem sempre uma certa causa não corresponde a um efeito proporcional, como destacado no tópico anterior.

É a terceira e última lei que você precisa aprender: a Lei do Esforço Versus Resultado.

Se houver um grande esforço, um grande volume, o resultado – o deslocamento de preço – deve ser proporcional a esse esforço e não pode ser separado dele.

Mas imagine que você está observando o mar durante uma grande tempestade. Ali, próximo, há ancorado um grande navio. Ele é atingido pelas ondas gigantescas, mas nem se mexe. Tem alguma coisa muito esquisita acontecendo.

Se o volume é grande e o preço não se move na mesma proporção, isso é um sinal de que há um desequilíbrio no mercado.

Se há um desequilíbrio, sempre é uma oportunidade de ganho para o trader que o observa.

Quando JP entrou no jogo aquele dia na BM&F, o preço parou de cair. O volume estava altíssimo e, no entanto, ele absorvia todas as ordens agressivas de venda, segurando o preço no peito: o mercado estava fazendo um grande esforço para cair, mas com pouco resultado.

Repetindo: muito esforço (volume) e pouco resultado (deslocamento de preço). Portanto, desequilíbrio da lei de esforço versus resultado.

A seguir, sobreveio o equilíbrio momentâneo, pois os próprios participantes que, então, agrediam na venda, pararam de alimentar a oferta: pouco esforço (volume) e pouco resultado (preço). Além disso, esses vendedores também não sabiam quantos lotes o JP seria capaz de comprar, não dava sinais de que pararia.

Mas o JP também percebeu a diminuição do volume nesse momento.

A percepção dele era muito clara em relação ao medo que ele provocou nos outros operadores. Não só pelas caras, pela leitura corporal, mas por causa do volume, que diminuiu.

Os operadores ficaram com medo de continuar vendendo.

Nos diz Sun Tzu, na Arte da Guerra, que, quando se percebe que o adversário tem tudo pra atacar, mas não ataca, é porque o adversário está fraco.

Foi o que aconteceu naquele momento com os adversários do JP: ele estava lá colocando suas ordens de compra. Era só chegar nele e vender a preços cada vez mais baixos. Teoricamente ele ia comprar até o fim dos tempos.

– Mas, ei, parece que acabou o combustível? Então, é só isso o que vocês têm? Tá bom, se é assim, é minha vez de atacar. Vocês têm tudo para atacar, mas não atacam. Logo, estão fracos. Vou começar agredir na compra em preços cada vez mais acima.

Após um forte movimento, seja para cima ou para baixo, seguido de um alto volume sem que o deslocamento preço aconteça, é sinal de que tem algum JP absorvendo as ordens do mercado: isso é um claro sinal de reversão.

QUESTÕES OPERACIONAIS: TENTANDO ENTENDER O QUE ESTÃO FAZENDO OS GIGANTES

Com as informações que obtemos até aqui, podemos dizer que já temos tudo ou quase tudo para começar a entender como agem esses mega exércitos da bolsa de valores nesse campo de batalha, a fim de entender os movimentos do preço e o volume de uma maneira como poucas pessoas conseguem hoje em dia.

Vamos usar o exemplo de um mercado em queda porque coincide com o exemplo da história do JP, muito embora a ideia funcione também para um mercado que está subindo.

Então, o mercado está caindo, bastante, com alto volume. Até aí, a Lei de Esforço Versus Resultado está correspondendo: temos o preço caindo bastante com uma grande quantidade de ativos negociados.

Mas, subitamente, o volume se mantém, mas o preço para de andar. Travou. Encontrou algum tipo de obstáculo. O mercado está pisando no acelerador, gastando combustível, mas parece que está atolado, as rodas estão girando, tem fumaça saindo do motor e ele não sai do lugar. Ou, então, encontrou uma escora, uma parede intransponível naquele momento.

Ou seja, nesse momento, a relação Esforço Versus Resultado foi violada. Ela para de acontecer.

Isso é sinal de que entrou algum JP no mercado e está absorvendo de uma forma tão contundente que o preço para de cair. Mas o volume continua o mesmo!

O próximo sinal a que devemos ficar atentos é a diminuição no volume: os operadores, concorrentes do JP, começam a se preocupar com o que ele está fazendo.

O mercado tira o pé do acelerador para tentar entender o que está acontecendo. Talvez precise olhar melhor o terreno, talvez o radiador tenha fervido, talvez esteja no caminho errado e precise dar uma olhada no GPS. Ninguém quer quebrar o veículo. O fato é que os participantes param de vender e isso abre a guarda para a atuação profissional, o big player, que por uma série de razões está mais preparado.

Segundo Sun Tzu:

“Se quem comanda os exércitos negligencia conhecer a fundo as tropas que deve levar ao combate e as que deve combater; se não conhece perfeitamente o terreno onde se encontra no momento; nem aquele para onde vai, nem aquele onde se refugiar em caso de revés, nem aquele onde pode simular ir, sem outra intenção senão a de arrastar o inimigo, e se tampouco conhece o terreno onde pode ser forçado a parar, de uma hora para outra; se movimenta seu exército inadvertidamente, se não está informado de todos os movimentos do exército inimigo e dos projetos de seu comandante (…) tal general será enganado pelos inimigos, que o ludibriarão mediante fugas planejadas, marchas dissimuladas, e por uma série de atos de que o general será a vítima.”

No episódio que eu testemunhei, todos os outros participantes eram levados pela emoção (do desespero por causa dos preços caindo ou da ganância por estarem lucrando em operações vendidas) sem prestar atenção exatamente ao que estava acontecendo de fato. Foram enganados pelo JP através de suas fugas planejadas e marchas dissimuladas.

Vamos ver, a seguir, exemplos desses momentos, em mercados de alta e de baixa em gráficos reais.

A ACUMULAÇÃO

Acumular significa comprar tantos ativos quanto for possível sem fazer com que o preço desses ativos suba.

Porque se o preço subir, os operadores profissionais teriam que comprar mais caro.

E é justamente isso que não querem.

Como explicamos, isso acontece de maneira dissimulada. Os robôs HFT realizam centenas ou milhares de pequenas operações durante um certo período de tempo a fim de disfarçar uma compra incrivelmente grande.

Esse processo, normalmente, é iniciado após uma grande tendência de baixa marcada por “Desespero Extremo”. Muita gente comprou no topo do mercado. E quando o preço chegar no nível do Desespero Extremo, essas pessoas vão “jogar a toalha”. O volume terá um espasmo frenético pouco antes do fim da queda. Você já ouviu falar de gente que vende seus ativos pouco antes de ver com assombro o mercado voltar a subir, certo?

Veja abaixo, no gráfico, o processo de acumulação após um “Desespero Extremo”.

 

Ninja Trader mini índice pregão 10/4

Imagine a situação: os contratos ou ações, durante a queda foram totalmente retirados das mãos dos operadores de varejo (gente como eu e você) e de outros grandes players (gestores de fundos, bancos e outros).

Logo, há pouca oferta naquela faixa de preço. A fonte da oferta secou por ali. Ninguém quer vender tão barato. O caminho está aberto para a alta pois a oferta foi solapada, removida, extirpada. Não há resistência. Basta um empurrãozinho para que o preço volte a subir:

“Considere os homens que devem combater como pedras ou troncos que tivessem que despencar de um penhasco. A pedra e a madeira não têm movimento próprio. Uma vez em repouso, não se mexem por si mesmos, mas seguem o movimento recebido. Se são quadrados, mantêm-se parados. Se redondos, rolam até encontrar uma resistência mais forte do que a força recebida. Age de forma que o inimigo seja, entre tuas mãos, como uma pedra redonda que terias que precipitar de um penhasco: a força necessária é insignificante; os resultados, espetaculares. É nesse ponto que se reconhecerá tua força e autoridade.”

Naquele momento, o JP, sem dúvida, tinha muita autoridade e os outros participantes não passavam de pedras redondas rolando pelo desfiladeiro (o que é uma imagem engraçada, considerando que o mercado passou a ser de alta).

Durante essa alta, é normal o preço sofrer turbulências ou quedas curtas (Reacumulação) conforme visto no gráfico acima.

A DISTRIBUIÇÃO

Em um potencial topo de mercado, operadores profissionais irão posicionar grandes ordens de venda, mas não a mercado (agredindo o comprador).

Nesses casos, os operadores profissionais se posicionam com grandes ordens de venda em uma faixa específica de preços (escoras institucionais). A escoras institucionais são o atoleiro que vai fazer com que o veículo do mercado acelere o quanto quiser, mas sem sair do lugar. Suas rodas vão girar, o motor vai fazer barulho, os participantes vão pisar no pedal e nada. Toda aquela energia será em vão. Tem uma parede impedindo seu avanço.

Mas, como sempre, esse processo deve ser realizado sem pressionar os preços para baixo, pois colocaria as cotações contra os interesses da atuação profissional.

E se a venda for muito grande e pressionar os preços para baixo, esses mesmos profissionais vão suportar os preços, na compra, permitindo a chance de distribuírem o máximo de contratos ou ações na próxima onda para cima. Aparentemente, estão jogando a toalha, desistindo de seus planos.

Nessa hora, os outros participantes podem até pensar: “Agora vai! Agora o preço vai até a lua!”.

Mas mal sabem eles que Sun Tzu tem palavras para este momento:

“Haverá ocasiões em que te rebaixarás, e outras em que simularás medo. Finge ser fraco a fim de que teus inimigos, abrindo a porta para a presunção e para o orgulho, venham atacar-te em hora errada, ou sejam surpreendidos e derrotados vergonhosamente.”

Porém, tão logo os big players tenham vendido a maioria de suas posições, um mercado de baixa se inicia. E sem o suporte  da compra profissional, o mercado tende a despencar.

Os processos de acumulação e distribuição dominam a forma de operar dos big players, sobretudo considerando o tamanho das posições que precisam montar e desmontar a todo momento. Porém, para nosso espanto, boa parte dos traders não conhece esses mecanismos e, se conhecem, não oS utilizam de acordo ou sequer sabem como eles funcionam.

Os big players são verdadeiros predadores do mercado, sempre atrás de liquidez em níveis que, para eles, por um motivo ou por outro, são vantajosos. Estamos lidando aqui com uma verdadeira selva em que lobos atuam em cima de cordeiros.

 

 

VOCÊ É UM LEÃO OU UMA ZEBRA?

Você é um leão ou uma zebra?

Você está entre os possuidores fortes ou entre os possuidores fracos?

Os possuidores fortes da bolsa de valores são poucos. Os possuidores fracos, milhares, talvez centenas de milhares (com todos os tamanhos de capital possível).

Dificilmente podemos ser possuidores fortes, pois isso envolve ter um capital gigantesco. Se depender de nosso tamanho financeiro, sempre seremos possuidores fracos.

Teríamos que ser big players, estar entre os investidores institucionais da bolsa que têm poder financeiro pra influenciar ativamente na movimentação do preço.

O que podemos de fato fazer, como traders e investidores de varejo, é, pelo menos, não agir como possuidores fracos, as dóceis zebras que se dirigem ao abate no comportamento de manada.

No capítulo anterior, mencionei o estudo de 2011 dos pesquisadores Stefania Vitali, James B. Glattfelder e Stefano Battiston – do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça, que revelou que apenas 146 empresas concentram o controle de 40% de todo o crédito circulante no planeta: UBS AG, Merrill Lynch & Co Inc, Vanguard Group, Legal and General Group PLC, JP Morgan Chase & Co, State Street Corporation, AXA, Fidelity Investments, Capital Group Companies Inc, Barclays PLC e diversas outras.

Muitas delas têm intensa atuação na bolsa: são os leões. Os possuidores fortes.

A todo instante que olhamos um gráfico da bolsa de valores, pode ter certeza: em cada ativo um ou dois deles, talvez mais, estão acumulando ativos a preços que consideram baratos (para a seguir provocar uma alta) ou distribuindo ativos aos possuidores fracos, em topos do gráfico, antes de eles mesmos provocarem uma queda.

Talvez num mesmo momento, dois deles estejam se enfrentando na ponta compradora ou na ponta vendedora e nós no meio do tiroteio devemos saber escolher o lado vencedor.

Uma coisa é certa: não devemos estar do lado dos possuidores fracos

Os possuidores fracos são reconhecíveis por seu comportamento de rebanho, comprando ativos caros nos momentos de otimismo e euforia.

E vendendo nos momentos de desespero, quando acham que o ativo vai continuar a cair, então com medo de realizar ainda mais prejuízos. Jogam a toalha.

Como agem possuidores fortes?

Os possuidores fortes nunca caem em operações pobres. Não vendem tudo quando o mercado cai e nem se empolgam comprando tudo quando o mercado está eufórico, num topo.

Eles operam no lado certo com uma base de capital gigantesca, grande competência e leitura apurada do mercado. Quando tomam prejuízos, suas perdas são relativamente pequenas se comparadas com o que estão arriscando, não passando de custos do negócio. Ainda que tenham mais posições perdedoras, o lucro das posições ganhadoras sobrepuja os prejuízos.

Os possuidores fortes são totalmente o contrário dos possuidores fracos. Estes, geralmente, são os novos participantes, os 90% que serão “expulsos” do mercado, devorados pelos leões.

Pra começo de conversa, os possuidores fracos têm pouco dinheiro: isto é, não suportam nenhum tipo de prejuízo. Prejuízos seguidos farão com que tomem decisões emocionais, um perigo no mercado de risco.

Os fracos vão ficar travados em posições perdedoras, torcendo pra que aquela ação que compraram em um topo volte a subir. E, quando ele achar que não vai subir mais, que só vai cair, vai vender tudo: logo antes de a ação se recuperar. Ainda que mesmo, pra eles, esteja evidente que estão do lado errado do mercado, terão dificuldade de sair de uma posição perdedora: eles não sabem como agir. Qualquer notícia boa os faz serem sugados para a compra num topo. Qualquer notícia ruim os faz sair de suas operações.

Começando a entender os ciclos de mercado a partir desses dois personagens

Assim podemos entender os ciclos de mercado como os momentos em que os possuidores fortes estão ou distribuindo ativos aos possuidores fracos no topo e, mais tarde, acumulando ativos que estão sendo vendidos pelos possuidores fracos, desesperados, nos fundos de mercado.

  • Alta: antecedida pela transferência de ativos dos possuidores fracos aos possuidores fortes
  • Baixa: antecedida pela transferência de ativos dos possuidores fortes aos fracos

Mas não se engane: tão logo a baixa comece, há a possibilidade de um possuidor forte já começar a acumular ativos passivamente, absorvendo as agressões de venda dos possuidores fracos desesperados, numa fase dos ciclos de mercado chamado Absorção, que veremos adiante.

Do mesmo modo, os possuidores fortes, a certa altura de uma alta que considerem interessante, poderão começar a absorver as agressões de compra dos eufóricos e otimistas possuidores fracos, a comprar como se não houvesse amanhã. Os fortes começam a distribuir ativos que, a seu ver, estão começando a ficar num preço bom para vender. Como estão absorvendo as agressões de compra dos fracos, esta fase também se chama de Absorção.

A Absorção é seguida então de Acumulação ou Distribuição, Teste de Demanda ou Teste de Oferta, Spike e Spike Channel, fases dos Ciclos de Mercado, que veremos detalhadamente a seguir.

COMO SEGUIR OS GRANDES PLAYERS (POSSUIDORES FORTES)?

Enquanto a Análise Técnica Clássica se concentra nos preços, que, na verdade, são efeitos de uma causa anterior, a Nova Análise Técnica, sistematizada no treinamento Raio X Preditivo, se concentra no volume de negócios.

Apenas os possuidores fortes tem capacidade financeira suficiente pra movimentar os preços de um ativo com sustentação. Apenas os big players possuem cacife pra aumentar a demanda o suficiente e fazer com que os preços subam e pra aumentar a oferta e fazer com que os preços caiam.

Imagine uma pequena canoa se movimentando no mar. Se ela passar ao nosso lado, nem sentiremos a diferença da turbulência causada por seu deslocamento e as marolas das águas tranquilas. Se um porta aviões passar ao nosso lado, no entanto, oscilaremos pra cima e pra baixo sendo levantados verticalmente pelas ondas enormes que serão formadas.

Para o preço, os possuidores fortes e o seu volume de ativos negociados são esse porta aviões.

No entanto, como eles precisam de que o preço não se desloque antes de terem construído suas posições enormes, usam de diversos artifícios para esconder o volume por eles gerado.

Para percebermos o volume dos possuidores fortes, porém, não é tão simples quanto observar barquinhos a deslizar no macio azul do mar: precisamos de ferramentas especialmente pensadas para isso e que estão todas incluídas em nossa metodologia Raio X Preditivo.

 

 

 

 

 

CONTEÚDOS TÉCNICOS BÁSICOS: O QUE É UMA AÇÃO, COMO FUNCIONA A BOLSA, COMPRA DE AÇÕES, LOTES, VENDA DESCOBERTA, OPÇÕES, CONTRATOS, MINICONTRATOS (QUANTO VALE CADA PONTO, CANDLES COMUNS, TEMPOS GRÁFICOS (VAMOS ESTUDAR COMO FAZER ISSO E O QUE É REALMENTE ESSENCIAL), ETC ETC ETC

 

 

O QUE É O AJUSTE DIÁRIO

O ajuste diário é uma forma de o mercado futuro e corretoras se protegerem diariamente de possíveis inadimplências. Assim, os lucros ou prejuízos são respectivamente depositados e debitados da conta do trader, equalizando e equilibrando financeiramente, de forma automática, a posição de todos os participantes das negociações.

O valor do ajuste é divulgado no final de cada pregão. Esse valor é obtido pela comparação dos preços de dois pregões consecutivos ou entre o preço de uma compra ou uma venda realizada no dia e o preço do ajuste, que é divulgado diariamente no site da B3.

O cálculo é o seguinte: AD = PA – PC (o ajuste diário é igual ao preço de ajuste menos o preço do contrato).

Por exemplo, você comprou um minicontrato de dólar cotado a 3500 pontos (US$ 1000 equivalentes a R$ 3500), sendo que cada minicontrato equivale a US$ 10 mil.

No fim do dia, o minicontrato fechou cotado a 3535 pontos (R$ 3535 é o preço do ajuste).

A conta é a seguinte:

Ajuste diário = (3535 x 10) – (3500 x 10) = 350.

A multiplicação por dez se dá porque a cotação é de US$ 1000, mas o contrato equivale a 10 vezes isso (US$ 10 mil).

Digamos que você tivesse na sua conta da corretora R$ 4000, como margem de garantia. No dia seguinte, seriam depositados R$ 350.

Em caso de desvalorização do minicontrato de dólar, por exemplo, de 3500 pontos para 3400 pontos, por exemplo, o resultado seria o seguinte:

Ajuste diário = (3400 x 10) – (3500 x 10) = -1000.

Assim, seus R$ 4 mil de margem de garantia seriam debitados em R$ 1000 e você ficaria com R$ 3 mil. Claro, estamos desconsiderando as taxas e impostos nos dois cálculos para efeitos didáticos.

Se em algum ajuste diário o saldo do trader ficar abaixo da margem de garantia mínima necessária (que varia de corretora para corretora), a corretora vai fazer uma chamada de margem e o trader terá que depositar o valor. Observe que alguns tipos de aplicações em renda fixa também servem como margem de garantia no mercado futuro.

 

 

 

CONCEITOS DO RAIO X PREDITIVO

Aqui vamos compilar todos os conceitos básicos do Raio X Preditivo a partir dos ebooks, artigos que já escrevi (control c control v): importante observar que é necessária alguma edição, pois como são artigos para blog, tem muito conteúdo repetido de artigo para artigo.

Itens que devemos abordar (peço que acrescente algum que achar necessário e reordene da forma que achar mais adequada):

  • Retomar os big players (já falamos no capítulo de A Arte da Guerra mas é bom retomar o fio da meada)
  • Retomar rapidamente a questão do volume e do fluxo das agressões
  • Ciclo de Mercado:
  • Absorção e seu final eufórico/desesperado, Acumulação/Distribuição, Testes, Spike e Spike Channel
  • Ranges
  • PPIV
  • Eventos Climáticos
  • Armadilhas
  • Ferramentas secundárias para o livro: Sato’s Force Histograma, Result, Defense
  • Sato’s Bar

 

 

CONFIE NO MÉTODO ESCOLHIDO

A partir daqui, vamos falar de metodologia propriamente dita: conceitos e ferramentas.

É a metodologia que eu uso. Eu confio nela pois vi os seus resultados. Realmente, você só confia em um equipamento de segurança a partir do momento em que vê um profissional fazendo uso dele com a maior tranquilidade. Ainda assim, quando vamos utilizá-lo, é normal que nos primeiros momentos nos sintamos inseguros. Porém, já nos primeiro minutos percebemos que tão logo entendamos o seu funcionamento, descobrimos que ele é capaz de nos levar de um avião em movimento até o chão, são e salvos (caso estivéssemos falando de salto de paraquedas).

O mesmo se dá com os métodos da bolsa de valores.

Um general, quando posiciona seus pelotões no campo de batalha, confia na sua estratégia, que ela pode ser – e provavelmente será – melhor que a do adversário. Se ele não confiasse, não sairia nem de casa naquele dia. A ideia de que um método funciona nos faz aceitar os riscos de perder, porque o “risco” de ganhar é maior.

A gente aprende diversos métodos de operar. E tenho certeza de que muitos métodos são bons. Mas pode ser o melhor método do mundo. Se você não confiar nesse método, o medo vai paralisar você, você não vai aceitar o risco de operar. O general tem que confiar na estratégia. O trader tem que confiar no método.

Tem um fenômeno interessante. Às vezes acontece de um trader iniciante começar a operar usando um método qualquer. E ele vai produzir bons resultados, às vezes. Mas aquele método deu resultado naquela semana ou naquele mês. Acontece que o mercado muda. O que funciona hoje, amanhã não funciona. E, de repente, nosso trader iniciante vai ver que as perdas começam a superar os ganhos.

E ele, então, começa a sentir medo. O preparo psicológico, o preparo emocional desse trader começa a ser posto a prova. E, assim, ele começa a duvidar do método. O método não funciona! Como ele vai seguir um método que não funciona, como ter confiança? Tudo porque ele não entendeu o funcionamento do mercado, que está sempre mudando, e porque faltou consistência ao método, que não acompanhou as mudanças.

O seu método deve ser, em primeiro lugar, consistente. Para ser consistente, é preciso que você tenha não uma fórmula pronta de entrada nas operações. Que fórmulas… por exemplo, rompimento de resistências e suportes, cruzamentos de médias e outros indicadores mais ou menos complexos. Não existe luzinha que acende dizendo “compre” e uma luzinha que acende dizendo “venda” no gráfico. Como seria bom se isso fosse verdade, hein?

Todas essas ferramentas das Análise Técnica clássicas de que falei são muito boas e muita gente as utiliza muito bem e com sucesso. Mas elas não proporcionam uma leitura consistente do mercado.

A gente precisa de um método que nos ensine a ler o mercado pra que a gente entenda o contexto em que ele está: quem está comprando, quem está vendendo, com que voracidade está comprando e com que interesse está vendendo. A gente já tem as ferramentas teóricas para entender essa dinâmica da demanda e da oferta e as ferramentas gráficas no Raio X Preditivo, além da ferramenta para acompanhar o fluxo das ordens no book de ofertas, simples e intuitiva, uma plataforma chamada Sato’s Order Flow (SOF).

Quando você chegar num nível de leitura do mercado em que começa a entender o que está acontecendo, os candles não serão apenas formas abstratas, mas serão como notas em uma partitura e, assim como numa melodia, às vezes é fácil saber qual nota vem a seguir mesmo que você nunca tenha ouvido aquela canção antes. Você vai se deixando levar pela melodia.

Às vezes você erra, mas quando chegar nesse nível de leitura, não vai mais duvidar que consegue tirar dinheiro do mercado. E o medo de perder vai embora.

É nessa hora que você para de ficar preocupado com adivinhar o que vai acontecer no mercado a seguir. O número de oportunidades que você vai ver surgindo na frente de seus olhos compensará o quanto o mercado é imprevisível.

 

 

O MOUSE MAIS RÁPIDO DO OESTE

A partir do momento em que você confia no seu método, a agilidade é o segundo passo. Se você é um trader que confia no seu método, a agilidade passa a ser uma virtude. Se você não tem método, vai parecer um maluco, clicando em comprar e vender sem nenhum critério ou por critérios inventados na hora. Já o trader que confia no método e desenvolve agilidade, vai parecer que está fazendo música.

A agilidade é a sua capacidade de entrar na hora, no segundo exato, nas oportunidades que o mercado mostra.

É você entrando com rapidez e segurança, sem pestanejar, na operação. É a bola quicar na área e você chutar de primeira sem nem precisar pensar.

O tempo entre um negócio e outro, atualmente, é inexistente. Os negócios acontecem com diferença de milissegundos. A reação manual do trader deve ser desenvolvida por isso.

Será que vou conseguir entrar na operação quando a oportunidade surgir? Essa dúvida gera muito stress em traders iniciantes e até em traders veteranos. Tipo o atacante de frente para o gol que decide fazer uma firula ou passar a bola e perde a oportunidade, sabe?

E se vier um movimento do mercado contrário a minha posição? Se eu estiver comprado e vier uma onda vendedora forte? E se ela pular meu stop?

Ter medo não vai mudar nada no comportamento do mercado. Ele vai fazer esse movimento tenha você medo ou coragem. Se isso acontecer, você precisa estar preparado para zerar. O medo não vai ajudar. O medo pode até paralisar, como aqueles bichos que ficam parados na estrada, hipnotizados pelos faróis e são atropelados.

A agilidade tem que ser desenvolvida. Quando for operar, a sua tela tem que ter as informações essenciais e os comandos essenciais para realizar as ordens. Quanto menos ruído, bagunça, melhor.

Se você não tem agilidade, ainda, pode treinar usando sua conta simulada que, felizmente, hoje, é muito parecida, se não igual à conta de trabalho, no que diz respeito à operação. Mas não esqueça que operar com dinheiro de verdade é muito diferente.

Claro, a agilidade é mais importante para quem faz scalping, operações que podem durar poucos segundos, mas mesmo se você faz um day trade seguidor de tendência é melhor ter uma agilidade bem desenvolvida, sobretudo em tempos de volatilidade aquecida.

 

 

 

COMO ATUAM OS BIG PLAYERS, OS INVESTIDORES INSTITUCIONAIS: OS DOMADORES DO DINHEIRO ESPERTO

O mercado é literalmente dominado pelos players institucionais. Aquelas companhias – 50 a 100 delas – que, com grande volume de negócios, movimentam os preços para cima e para baixo.

Para entender como essas empresas atuam na bolsa, a primeira coisa que você deve saber é: eles não sabem que você existe, eles não estão mirando nos seus R$ 800 de stop, eles nem tomam conhecimento de você. Como se eles estivessem de propósito tirando os R$ 10 mil que algum coitado investiu em Petrobras em maio de 2008 ou maio de 2018. Imagine!

Eles não estão interessados em nenhuma cifra com menos de sete casas decimais. Quando perdemos dinheiro por causa da atuação dos grandes investidores institucionais, é só porque estamos no lugar errado, na hora errada e fazendo a coisa errada.

Sabe o cara que vai assistir uma briga de rua de dois sujeitos bombados e acaba tomando porrada só porque está perto demais? É o que acontece quando você não sabe se posicionar na bolsa de valores.

Você vai entender isso melhor na parte do livro em que falo da pirâmide do mercado.

Quero que você conheça mais sobre os players institucionais pra que, então, você não seja mais uma vítima deles.

Ao contrário, com os conceitos e as ferramentas certas da Nova Análise Técnica, ensinada pelo Raio X Preditivo, podemos nos aproveitar da atuação predatória dos players institucionais.

PLAYERS INSTITUCIONAIS: QUEM SÃO?

Nós já falamos sobre eles no capítulo sobre A Arte da Guerra.

Imagine aquela rede de supermercados local de sua cidade. É uma empresa com um grande capital, certo? Pode ser. Dentro de nossos padrões financeiros pessoais, talvez. Nos padrões financeiros de sua cidade também. Mas, nos padrões mundiais, ela não representa… nada. É dinheiro do troco.

Vamos imaginar que existem, no mundo, algumas centenas de milhares de empresas como essa rede de supermercados de sua cidade ou de seu bairro.

O levantamento dos três estudiosos do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça nos mostrou apenas 43 mil companhias transnacionais com capital realmente relevante. Dessas, apenas pouco mais de 100 dominam quase metade do bolo.

Nunca é demais repetir o nome de alguma delas, para que você se acostume:

  • UBS AG (empresa suíça de investimentos financeiros)
  • Merrill Lynch & Co Inc (banco de investimento estadunidense)
  • Vanguard Group (companhia estadunidense de fundos de investimento)
  • Legal and General Group PLC (Companhia de seguros, pensões e investimentos, com operações no Reino Unido, Holanda, França, Alemanha, EUA, Egito, Índia e Emirados Árabes)
  • JP Morgan Chase & Co (banco com sede nos Estados Unidos)
  • State Street Corporation (holding que administra duas companhias financeiras dos EUA)
  • AXA (francesa que administra seguros e fundos)
  • Fidelity Investments (dos EUA)
  • Capital Group Companies Inc (algumas das centenas de empresas que estão sob a guarda desta: Bayer e Volkswagen)
  • Barclays PLC (instituição financeira do Reino Unido)

Acredite, se eles atuarem com apenas 1% da sua capacidade financeira num mercado como o brasileiro, isso é o suficiente pra provocar um tsunami. O faturamento dessas companhias facilmente é maior que o PIB de muitos países.

COMO OS GRANDES PLAYERS ATUAM NO MERCADO?

Os grandes players institucionais atuam de forma predatória e por diversas vezes jogam, para sermos delicados, de forma pouco ortodoxa.

Eles não estão atrás do dinheiro de investidores de varejo como nós. Eles estão atrás de dinheiro de fundos de pensão, hedge funds e bancos centrais dos países onde atuam. Se você estiver por perto e não souber como se posicionar, vai se ferir.

Mas, sério, eles não estavam mirando em você, sabe?

Algumas das artimanhas da atuação dos grandes players institucionais:

  • Ordens Iceberg: ordens enormes de compra ou venda de ativos disfarçadas em centenas ou milhares de ordens de compra ou venda de menor tamanho. Assim, o mercado como um todo não percebe a demanda ou a oferta e o preço nem sobe, nem cai demasiadamente. Assim, os players institucionais conseguem comprar e vender numa faixa de preço interessante
  • Spoofing: ordens de compra e venda que são posicionadas no book sem que haja a intenção de que sejam executadas. Seu objetivo é simplesmente tomar a frente na fila, forçando os demais participantes a fazerem ofertas melhores de preço. Dessa forma, o preço sobe ou desce para patamares mais interessantes aos institucionais. Atenção: isso é ilegal, mas os institucionais fazem isso todos os dias nas bolsas de valores.

Para executar essas artimanhas, os players institucionais têm a seu lado os robôs de HFT (do inglês, Trade de Alta Frequência).

Esses robôs são algoritmos, programas, rodando em poderosos computadores, programados por algumas das mentes matemáticas mais brilhantes do planeta. Eles são capazes de realizar transações em nanossegundos: no book de oferta que alguns traders, sobretudo os praticantes do book reading, costumam olhar é impossível perceber a atuação e a realização ou não das ordens emitidas por esses robôs.

Alguns traders tentam filtrar a atuação dos robôs, mas isso não faz muito sentido já que eles são responsáveis por 80% de todos os negócios realizados nas bolsas de valores.

QUAL O FOCO DOS GRANDES PLAYERS?

Os problemas dos grandes players institucionais não são os mesmos que os nossos.

Se eu vejo que uma ação vai subir, decido comprar dez lotes dela (mil ações) e, se for um papel do Índice Bovespa, com grande liquidez, imediatamente encontrarei um vendedor no preço a mercado.

Agora, se eu sou um investidor institucional e decido comprar dez milhões de ações, eu começo a ter um problema: liquidez naquela faixa de preço que eu considero ideal.

Se eu colocar uma ordem de compra de dez milhões de papéis, pra começo de conversa, é possível que não haja tanta gente assim vendendo. Aliás, é bem improvável. Não vai ter inventário pra uma demanda desse tamanho.

E, se aparecerem vendedores, será a um preço cada vez maior e, possivelmente, o valor do ativo vai disparar antes que eu termine de encerrar minha compra de dois milhões de ações.

Assim, os grandes players institucionais vão sempre lutar para comprar o maior volume possível de ativos a um preço menor e vender o maior número de ativos possível a um preço maior.

O foco desses titãs é:

  • Liquidez

E conseguir essa liquidez sem chamar a atenção é a mesma tarefa que colocar um elefante na água sem fazer muitas ondas.

COMO OS GRANDES PLAYERS INSTITUCIONAIS CONTROLAM O PREÇO DO MERCADO?

Para isso, ele vai lançar mão de táticas que já destacamos acima, aproveitando-se inclusive do pânico extremo dos outros participantes (para encher o carrinho de ações, comprando) e da euforia máxima (para esvaziar, vendendo).

Se eu fosse você, não deixaria de ler nossos artigos sobre acumulação e distribuição: você vai entender essa história bem melhor.

Os players institucionais – por intermédio de seus robôs HFT – conhecem o comportamento dos demais participantes do mercado. Facilmente, usando de seus recursos de alta velocidade e até mesmo financeiros, conseguem criar armadilhas de topo ou de fundo a fim de tomar o stop dos traders desavisados. Talvez você já tenha passado por situações de rompimento de resistência e comprou ativos só para ver ser stopado minutos depois.

COMO SEGUIR OS GRANDES PLAYERS INSTITUCIONAIS

A velha análise técnica ou Análise Técnica Clássica foca no preço. Os movimentos dos preços dos ativos, supostamente, dão pistas do que eles farão no futuro. Não há mistério nem mágica nisso: é probabilidade, estatística.

Acontece que o preço é só uma parte da informação. Eu já disse e vou repetir: o preço é só o mensageiro. A verdadeira mensagem é o volume. O preço e o seu movimento são só uma consequência das reais causas.

Não seria mais interessante entende as causas para, assim, de fato, antecipar as consequências, acertando com mais frequência quando um ativo vai subir ou cair?

Esta é a proposta da Nova Análise Técnica: o foco nos grandes investidores institucionais, aqueles que têm de fato poder financeiro e tecnológico para movimentar os preços por terem em suas mãos o verdadeiro combustível do mercado.

 

 

PIRÂMIDE DO MERCADO E A PIRÂMIDE DO DINHEIRO: QUAIS SÃO OS ALVOS DOS INVESTIDORES INSTITUCIONAIS E ONDE SE CONCENTRA O PODER FINANCEIRO

A pirâmide dos players do mercado nos ajuda, sem dúvida, a nos localizar na bolsa, saber qual o nosso papel de trader como coadjuvantes (que, sim, podem lucrar e muito) e saber quem são aqueles que têm os papeis principais e quais os seus objetivos.

Muito parecida com a cadeia alimentar, a pirâmide do mercado nos traz predadores maiores que comem presas menores e que, por sua vez, são comidos por predadores ainda maiores.

Ela se organiza com uma base mais larga embaixo, estreitando-se em direção ao topo.

Na base estamos nós, os traders de varejo, como somos popularmente conhecidos.

Na parte intermediária, bancos centrais, fundos e instituições financeiras de menor porte.

No topo, no topo mesmo, uma fatia bem pequena da ponta da pirâmide, estão os grandes players, a que podemos nos referir também como investidores institucionais.

Quem forma a base da pirâmide do mercado

A base sou eu, você, seu amigo que faz trades ocasionais na bolsa. Somos o trader de varejo, aquelas pessoas que, em casa, com seu computador conectado à internet tentam comprar e vender ativos, buscando adivinhar se as ações e contratos vão cair ou subir nos próximos períodos de tempo. Você acha que R$ 1 milhão é suficiente pra sair da base? Melhor achar de novo, pois R$ 1 milhão é pouco perto do que você precisa pra ser considerado parte do meio da pirâmide.

Quais players formam o meio da pirâmide do mercado

A parte intermediária da pirâmide dos players é formada por fundos de pensão, fundos de investimento, bancos centrais, bancos de menor porte. Obviamente, eles têm mais dinheiro que o varejo, claro, e é atrás deles que o topo da pirâmide está: a parte intermediária da pirâmide fornece liquidez financeira e em ativos para os grandes players. Aqui circula muito mais dinheiro do que o que está na mão do trader comum.

Quem forma o topo da pirâmide do mercado

O topo é formado pelos grandes players institucionais. São eles que através de sua sede infinita por liquidez fazem o mercado se movimentar pra onde querem, buscando comprar e vender a preços que sejam vantajosos. Só um grande player pode ter poder de fogo pra confrontar outro enquanto as duas partes mais baixas da pirâmide tentam se posicionar de acordo com esse enfrentamento. O pobre trader mal consegue imaginar as somas envolvidas nessa briga.

A PIRÂMIDE DO DINHEIRO

A pirâmide do dinheiro é uma pirâmide invertida. E é fácil de entender por quê.

  1. Na ponta da pirâmide invertida está o trader de varejo, personagens muito mais numerosos mas, que, ainda assim, têm pouquíssimo dinheiro. Mesmo juntando todo o financeiro do mercado trader de varejo, ele é apenas uma fração microscópica de todo o dinheiro que está em jogo. Ouvi falar certa vez de um grupo de traders que fez um grupo no Whatsapp para, através de compras coordenadas, fazerem o preço subir e, através de vendas coordenadas, fazerem o preço cair. Eles não tinham noção do que estavam falando.
  2. Um pouco mais acima, temos a parte intermediária da pirâmide invertida, correspondente aos bancos centrais e fundos de instituições financeiras de menor porte. Juntando todo o arsenal financeiro desses personagens, menos numerosos, dá muito mais dinheiro que a ponta da pirâmide invertida, onde nós estamos.
  3. No alto da pirâmide, tomando quase a metade de sua porção superior estão os big players. Possivelmente quase metade do dinheiro está em suas mãos. É muito dinheiro e o trader pode ter acesso a uma pequena parte dele, suficiente para ser considerada riqueza, se souber se posicionar

 

 

A CIBERGUERRA DO MERCADO: CONHEÇA OS ROBÔS HFT

Os HFT são os robôs de alta frequência de trade (high frequency trading, em inglês), programados por algumas das mentes mais poderosas e mais bem remuneradas do mundo, criados a fim de comprar ou vender automaticamente de forma bastante discreta, agressiva, precisa, veloz e predatória.

Se você assistiu a algum dos filmes da franquia Jurassic Park já deve estar familiarizado com os velociraptores. Os HFT – programas, algoritmos de negociação – são os velociraptores da bolsa.

Esses predadores do mercado estão a serviço dos grandes investidores institucionais.

Estima-se que mais de 80% dos negócios realizados nas bolsas mundiais sejam executados por esse tipo de tecnologia atualmente.

O objetivo aqui é conscientizar você da presença desses personagens cibernéticos na bolsa de valores e apresentar brevemente alguns dos conceitos que eles trazem – como as ordens iceberg e o spoofing.

Um ambiente desses não é lugar pra largar seu dinheiro de qualquer jeito. Afinal, você deixaria um ente querido numa jaula cheia de velociraptores?

Ou você entra armado até os dentes – com ferramentas e conceitos de ponta – ou nem entra.

E, olha, mesmo bem armado, eu não ficaria ali por muito tempo com os robôs HFT a solta.

O QUE SÃO OS ROBÔS HFT (ROBÔS DE HIGH FREQUENCY TRADING)?

A sigla HFT vem das iniciais das palavras High Frequency Trading. Os robôs de HFT são, portanto, algoritmos programados a fim de enviar e executar ordens numa frequência elevada, normalmente em milisecundos.

Os primeiros robôs HFT surgiram nos Estados Unidos por volta de 1998.

É uma tecnologia sofisticada e demanda muito conhecimento em matemática avançada, cálculo complexo, informações sobre a microestrutura do mercado, milhares de horas de programação, software e hardware de ponta para rodá-los.

Os investidores institucionais têm problemas bem diferentes dos nossos: eles têm dinheiro, sabem o que fazer pra ganhá-lo, mas os volumes de ativos com que trabalham é titânico.

Não há liquidez suficiente que preencha uma sacola desse tamanho.

Os robôs HFT, assim, vêm com o objetivo de resolver esse problema: buscar liquidez a preços atrativos.

E, se não houver liquidez nos patamares desejados, a tarefa deles é “inventar” liquidez, tirar isso da cartola nem sempre usando métodos muito éticos.

Spoofing

Antes de os negócios serem realizados na bolsa de valores, os compradores e os vendedores, humanos ou não, enviam suas ordens, suas intenções, e essas ordens ficam registradas no book de ofertas.

Digamos que o preço de um ativo está a R$ 10. Um vendedor pode, a certa altura manifestar que deseja vender 10 mil ativos a R$ 10,05. Um comprador pode oferecer a compra de 5 mil ativos a R$ 9,96. Isso fica registrado no book de ofertas.

Um robô HFT pode, por exemplo, posicionar e reposicionar uma ordem de venda de 20 mil ativos a R$ 10,02. Isso obriga os outros participantes a praticarem preços cada vez mais baixos, por exemplo, R$ 10,01, a fim de não perderem a vez na fila. Afinal, aquela ordem gigantesca esgotaria a liquidez naquela faixa de preço.

Sim, a fila no book de ofertas não é regida por ordem de chegada, mas pelos melhores preços. O melhor preço de venda será executado antes.

Isso, repetido diversas vezes, vai atraindo o preço a certas regiões cada vez mais baratas.

Mas, surpresa, o robô HFT não queria vender de verdade. Ele queria comprar, mas só quando o preço chegasse a R$ 9,90. E, quando o preço chegar a R$ 10,02, antes que a ordem seja executada, ela é retirada milésimos de segundos antes. E movida para R$ 10,01. O processo se repete até que se chegue ao valor ideal de compra.

O nome dessa prática é spoofing: é proibida e os primeiros casos já vem sendo punidos pelos órgãos reguladores.

Apesar disso, ocorre diariamente, centenas, se não milhares de vezes, na bolsa de valores.

Ordens iceberg

Se um investidor institucional, um big player, precisa comprar 20 milhões de ações de uma determinada empresa terá dificuldades ao adquiri-las sem movimentar excessivamente a cotação do ativo: segundo a lei da oferta e da procura, uma demanda tão grande pode provocar a alta de preços.

Os robôs HFT podem ser programados com o plano de comprar as ações a um determinado preço, porém com poucos lotes.

Ele vai lá compra 5 mil ações. Depois renova a oferta com mais 5 mil. E assim por diante. Ninguém sabe quantas vezes isso será feito. Só o investidor institucional sabe que precisa de R$ 20 milhões de ações.

Assim, o mercado não fica eufórico e não começa a subir com tanta intensidade. O lote está dividido em diversos lotes minúsculos (as pontas do Iceberg). Assim, os robôs HFT conseguem comprar ao menor preço possível.

Assim, os robôs HFT são utilizados tanto para posicionar ordens com a intenção de que sejam executadas quanto para posicionar ordens que serão canceladas milissegundos antes de serem executadas. Como o nome diz, os robôs HFT são capazes de fazer isso milhares de vezes por segundo de forma automática, seguindo sua programação e sem interferência humana.

Dificilmente saberemos todos os fatores que norteiam as decisões de um robô HFT.

Além de ser altamente complexo, certamente os segredos dos algoritmos e de sua programação são guardados sob contratos de sigilo com multas pesadíssimas.

Considere que muitas dos investidores institucionais têm faturamentos anuais equivalentes a PIBs de países: certos segredos dessas companhias certamente equivalem a segredos de estado.

No entanto, podemos ter certeza: o principal problema que os robôs HFT precisam resolver é liquidez.

E na necessidade de resolver essa questão, os HFT deixam pistas, seja através do volume, seja através dos rastros deixados no book de oferta.

Com os conceitos e as ferramentas certas, é possível detectar a atuação institucional.

Não, não sabemos quem está comprando e vendendo ou colocando ordens, mas basta saber que há grandes quantidades de negócios sendo realizadas, grandes ordens posicionadas para, então, nós mesmos tomarmos nossas decisões.

QUAIS OS RISCOS E VANTAGENS DOS HFTS?

A agressividade dos HFT e o seu nível de independência podem gerar alguns inconvenientes.

Por exemplo, esses algoritmos de negociação de alta frequência foram um dos causadores do crash e aumento da volatilidade em 6 de maio de 2010, evento que ficou conhecido como Flash Crash.

Robôs HFT programados para vender causaram um efeito dominó, disparando outros robôs para venderem também. Os preços caíram muito rapidamente. O índice Dow Jones caiu cerca de 9%, muita oscilação para uma economia como a dos dos Estados Unidos.

Não há maneira de lutar contra esses inimigos cibernéticos. Mas, ora, se eles são mais fortes, siga o fluxo de negócios que eles provocam.

Quer nadar contra a corrente, é? Você vai morrer afogado.

Mas, como fazer isso, seguir a corrente, só olhando o preço? Desculpe, mas não é possível. O preço é a mera consequência da atuação desses predadores.

Enquanto os métodos antigos, a Análise Técnica Clássica e o Price Action, por exemplo, olham só para o preço, a Nova Análise Técnica olha para o fluxo do mercado: se uma resistência ou um suporte são respeitados, há um motivo para isso.

Se há um “rompimento falso” de suporte ou resistência, há um motivo por trás disso também. Se o mercado gira, também. E é desse motivo que a Nova Análise Técnica vai atrás.

Além dos conceitos, ela dispõe de algumas ferramentas:

  • Indicadores: não são voltados para o preço (passado), mas para o fluxo de negócios (presente e futuro mais provável)
  • Sato’s Order Flow (SOF): trazido para o Brasil com exclusividade pelo Raio X Preditivo, ele registra todas as ordens posicionadas; isso proporciona um nível de visualização do book impossível nas interfaces atuais (apenas com os valores das melhores ofertas de compra e venda e o número de papeis)

Como disse, não é possível saber qual é o grande player que está atuando através dessas ferramentas, mas nem é necessário. Basta saber que o dinheiro esperto está se posicionando a certos níveis e fica fácil encontrar zonas de trade mais seguras para trabalhar tanto na compra quanto na venda.

E essas zonas de posicionamento nem os robôs HFT com suas ordens iceberg conseguem esconder.

 

 

SPOOFING: UMA PRÁTICA ILEGAL

O spoofing – posicionamento de ordens de compra ou de venda no book da bolsa de valores, sem a intenção de executá-las, apenas a fim de manipular o preço – é uma prática ilegal.

Mas, por falta de intensidade dos órgãos reguladores na fiscalização – ou até desconhecimento ou ausência das ferramentas certas e de pessoal pra verificar a prática -, o spoofing acontece todos os dias e a todo instante na bolsa de valores.

O spoofing é realizado principalmente pelos grandes investidores institucionais com ajuda dos robôs HFT com o objetivo é manipular o preço dos ativos.

Somente agora se começa a ouvir falar disso e em punições pra esse método de colocar ordens de compra ou venda falsas no book apenas com o objetivo atrair os ativos a regiões de liquidez e preço adequados ao praticante do delito.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) puniu em março de 2018 um administrador de carteira e sua empresa investidora por prática de spoofing: José Joaquim Paifer foi condenado a pagar R$ 684 mil e a Paiffer Management a pagar R$ 1,7 milhão, ambos o dobro da vantagem gerada pelo delito. Os acusados poderão apresentar recurso, com efeito suspensivo, ao Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional.

O QUE É SPOOFING

Sabe aquela cena de desenho animado em que o personagem está no deserto e vê ao longe um oásis, com sombra e água fresca?

Quando o desafortunado herói chega ao ponto, a paisagem salvadora desaparece e ele se vê tentando beber areia. Talvez uma nova miragem apareça mais à frente, fazendo ele seguir a jornada desafortunada.

Ordens imensas de compra e venda são colocadas no book e movimentam o preço. Quando o preço chega próximo da execução, no último milésimo de segundo, as ordens são retiradas.

Ordens de compra cada vez de maior valor empurram o preço acima. Ordens de venda, por sua vez, abaixo.

É isso o que o spoofing faz com o preço de um ativo. O preço vai em direção onde todos têm certeza de que haverá liquidez (claro, tem milhares de ordens ali no book, tomando a frente de outras ordens!) e, quando chega lá, elas somem.

Sumiram as ordens. Eram uma miragem, um blefe, a cenoura pendurada na ponta da vara pra fazer o burro andar (não sei bem se, nessa metáfora, o burro é o trader ou o preço).

Se faltava algo que fizesse você acreditar quando eu digo que bolsa de valores não é lugar de investimento, mas de especulação, o spoofing é esse argumento que faltava: o spoofing é predatório, enganador e frequentemente usado pra tomar dinheiro desde fundos menores a pessoas físicas com família pra manter, cheios de esperança em ver seu dinheiro “render na bolsa”.

Quem faz isso, não liga pra você. Só liga para a disputa titânica de capitais imensos no ringue do mercado.

Espero que, ao saber do spoofing, você pense duas vezes antes de investir ou “fazer poupança” na bolsa, como muitos por aí incentivam.

Cuidado.

COMO O SPOOFING FUNCIONA?

O spoofing é uma prática abusiva que provoca altas e baixas artificiais no preço de um ativo e, às vezes, em um mercado inteiro.

Essa prática, através do posicionamento de ordens de negócio que serão canceladas nano segundos antes de serem executadas, aciona a venda ou a compra, executada por outros robôs ou por traders desavisados de todos os portes e experiências no mercado.

Uma das características marcantes do spoofing é que essas ordens são enormes, simulando zonas de preço de grande liquidez no book. Elas, por oferecerem melhores preços de compra e venda no book, tomarão a frente na fila de ordens. Os que ficaram para trás farão então ofertas melhores, com medo de que o ativo naquela faixa de preço se esgote.

Normalmente, ordens grandes de compra tenderão a fazer o preço subir e ordens grandes de venda farão o preço cair.

A fila no book

A posição de uma oferta no book é diferente do sistema de filas normais, aquele em que quem chega por último fica por último. Ficam na frente, as melhores ofertas, independentemente da ordem de chegada.

Assim, imagine que o melhor comprador está oferecendo comprar 10 lotes de ações por R$ 10,23. O praticante de spoofing vai oferecer comprar 1.000 lotes de ações por R$ 10,24. Todos os outros participantes, com seus lotes, ainda que menores, vão tentar comprar, agora, a R$ 10,25 para recuperarem seus lugares na fila e comprarem o ativo a um preço razoável pois aquela ordem vai esgotar o ativo naquela faixa de preço. Certeza que vai subir!

Tão logo isso aconteça, as ordens de spoofing são reposicionadas de acordo com o interesse do meliante. Nesse exemplo, adivinhe quem pode estar no exato mesmo instante vendendo o tal ativo a um preço cada vez mais alto?

Exatamente, o praticante do spoofing.

Um spoofing de compra pode funcionar bem para um grande player que já esteja em uma posição comprada ou para um que queira entrar em uma posição vendida ou já esteja distribuindo ativos no caminho da subida, antes de fazer a cotação despencar.

Um spoofing de venda, por outro lado, pode ajudar um player que já está vendido e quer desvalorizar seus papeis ou que, então, quer comprar, criando de modo artificial um fundo no mercado.

Isso acontece em frações de tempo tão pequenas que “a olho nu” é impossível detectar.

EXEMPLOS DE SPOOFING

Imagine que eu sou um leiloeiro. Estou vendendo selos búlgaros em um leilão.

Compareceram cem possíveis compradores em meu evento. Mas estou com medo que meus preciosos selos sejam vendidos a um preço muito baixo.

O que eu faço?

Coloco um camarada meu no meio da plateia.

Sempre que as ofertas ficam estagnadas abaixo de um preço que eu acho justo, no dou-lhe duas, um momento antes de o negócio ser fechado, meu camarada faz um novo lance, um pouco maior que o anterior.

Ele não tem a intenção de comprar, mas a pessoa que realmente está interessada desconhece isso.

E, então, essa pessoa tem que fazer uma nova oferta. Essa real, com chances de ser executada. Se o preço ainda estiver ruim (na minha opinião), meu amigo fará uma nova oferta falsa até que cheguemos a um preço que eu julgue interessante.

Claro que isso, em leilões, também é ilegal.

Outro exemplo de spoofing

Apocalipse zumbi. Falta água no mundo.

Um caminhão pipa vem abastecer sua vila.

Além da água ser pouca, temos que pagar 10 dinheiros por um litro de água.

Estão todos enfileirados tranquilamente.

Mas um figura, cupincha do vendedor de água (vamos chamá-lo apenas por suas iniciais, HFT), aparece dizendo que precisa de mil litros e, por isso, aceita pagar 11 dinheiros.

Como ninguém quer ficar sem água e esse sujeito parece que vai acabar com tudo, todos passam a aceitar pagar 12 dinheiros, fazendo o pilantra voltar para a fila, lá atrás.

O cupincha, por sua vez, retira sua oferta pela água, como se estivesse, agora, magicamente desinteressado.

Aliás, ele desapareceu, como um ninja, numa nuvem de fumaça.

Spoofing na cara dura.

COMO A CVM MONITORA O SPOOFING

Quando olhamos o book de ofertas, no Brasil, ainda é possível verificar de qual corretora partiram as ordens (isso vai mudar em breve).

Mas não podemos saber quais foram os investidores que requisitaram a ordem, por intermédio do agente de valores.

Essa informação é protegida.

A CVM está de olho no seu spoofing, mas ainda tem muito trabalho a ser feito

Porém, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que regula e fiscaliza esse mercado, tem esse registro e monitora desde 2011 todas as práticas que possam configurar spoofing.

No entanto, a entidade só vai conseguir fiscalizar o spoofing adequadamente no momento em que tiver tecnologia tão avançada quanto os grandes traders institucionais e pessoal capacitado para isso.

A metáfora para a atual situação: o Ibama tentando monitorar a Floresta Amazônica. Não tem pessoal suficiente e nem tecnologia para isso. Tem dois sujeitos e um barquinho para cuidar de 2 milhões de hectares.

Regulação sobre spoofing

O caso que relatamos no início do capítulo é um dos primeiros do tipo a ser punido no Brasil. Mas, segundo a CVM, outros tantos já começam a ter suas investigações aprofundadas.

A regulamentação sobre esse tipo de questão é muito mais antiga do que o dia em que algum doido imaginou que seria possível comprar e vender ações usando programas de computador, automaticamente.

O termo spoofing, claro, não aparece no texto, mas a ideia já é citada na instrução CVM número 8, de 1979. Ela veda condições artificiais de demanda e oferta, assim como a manipulação do mercado.

Certamente, logo, logo, a palavra spoofing estará nas normas, à medida que o mercado e suas regras for se modernizando. Ou talvez uma equivalente em português. Ainda é uma incerteza jurídica se spoofing configura manipulação de mercado ou criação de condições artificiais de preço.

COMO VOCÊ PODE MONITORAR O SPOOFING AO VIVO

Muitos traders gostam de olhar o book de ofertas enquanto operam através de suas plataformas gráficas de negociação.

Porém, é muito difícil acompanhar o que está acontecendo de fato através do volume de ordens em sua configuração numérica, uma vez que elas vão mudando a cada segundo a cada nível de preço.

Além de não sabermos como elas estão sendo executadas (ou não), não conseguimos visualizar as “ordens iceberg”, aquelas em que os grandes operadores institucionais disfarçam posições maiores em dezenas ou centenas de ordens menores.

É humanamente impossível: tudo acontece e muda em frações de segundo, em nano segundos.

SATO’S ORDER FLOW (SOF)

Uma das ferramentas do Raio X Preditivo habilita o trader, independentemente do tamanho da carteira, a identificar a atuação institucional, inclusive quando alguém está fazendo spoofing no mercado.

O Sato’s Order Flow (SOF), através de um mapa de calor, permite ver as ordens que estão no book há muito tempo, possibilita a leitura daquelas ordens que realmente foram executadas, se as agressões foram compradoras (ao melhor preço de venda) ou vendedoras (ao melhor preço de compra) e também os pontos de liquidez onde muitas ordens são levadas a cabo, aos poucos, mas paulatinamente.

O Raio X Preditivo não só tem um arsenal de ferramentas para a leitura eficiente das causas e efeitos dentro da bolsa de valores como os conceitos que fazem o praticante entender o mercado de um modo único e ainda inédito no Brasil.

Uma das maiores utilidades do Sato’s Order Flow (SOF) é encontrar escoras institucionais, aquelas grandes ordens que permanecem no book e acabam por segurar o preço.

O SPOOFING NA HISTÓRIA

Em 2010, robôs programados para fazer spoofing, provocaram o evento que ficou conhecido como Flash Crash, nas bolsas americanas.

Programas estavam preparados para vender ativos. Essas vendas dispararam outros robôs. Que dispararam outros robôs. Foi um efeito dominó no melhor estilo catástrofe. Esses robozinhos fizeram o mercado estadunidense cair 9%.

A responsabilidade, finalmente, em 2015, caiu sobre os ombros de um investidor que havia colocado US$ 200 milhões em minicontratos na Bolsa de Chicago.

As ordens de venda de todos esses minicontratos foram colocadas, retiradas e reposicionadas 19 mil vezes em poucos segundos. Não dá pra fazer isso na mão nem em um dia inteiro. Eram robôs, algoritmos, programas de computador.

Em 2015, o testemunho de um programador foi o suficiente pra pedir a condenação do diretor da gestora Phanter Energy, Michael Coscia, pela prática.

Ele havia pedido a essa testemunha pra que criasse os algoritmos com o objetivo de turbinar o mercado e as anotações da criação do programa foram usadas no caso, para punir o bandido de colarinho branco.

 

 

AGRESSÃO VERSUS ABSORÇÃO: NÃO IMPORTA SE ELES VENDEM OU COMPRAM, MAS COMO FAZEM ISSO

Conhecer os momentos de agressão e absorção, quem são seus protagonistas e o significado desses posicionamentos é tão ou mais importante que saber se a cotação sobe ou desce ou se a tendência é de alta ou de baixa.

No entanto, muitos praticantes de Análise Técnica Clássica sequer sabem da existência desses conceitos.

Comprar agredindo ou comprar absorvendo são duas coisas completamente diferentes. Da mesma forma, vender agredindo ou vender absorvendo dá outro significado a essas duas atuações que parecem tão iguais ao operar.

E mais: saber quem é quem na absorção e na agressão – e em que momento – é fundamental pra se posicionar ao operar.

Por isso, nesse artigo você terá uma introdução aos conceitos de absorção e agressão.

Operar baseando-se só no deslocamento dos preços é como operar um avião às cegas. Faltam dados. É importante saber quem é quem na agressão e quem é quem na absorção. E não é uma questão de seguir quem está na agressão: muitas vezes esse é o lado perdedor.

O QUE É A AGRESSÃO

O termo “agressão” pode confundir o iniciante. Porque, no mercado, o agressor é o que “cede” e aceita fechar o negócio pelo valor do outro lado.

Um exemplo simples

Você já deve ter assistido ao programa Trato Feito, certo?

O sujeito vai na loja do Rick e quer vender um boneco de Guerra nas Estrelas. O produto é bom e o Rick se interessa. Depois de chamar um amigo especialista pra avaliar o produto, eles começam a negociar.

– Quando você que pelo boneco?

– R$ 1000.

– Olha, R$ 1000 é muito caro e eu tenho que lucrar. Aceito pagar R$ 500.

Note que, enquanto não se chegar a um valor em comum, ainda que haja apenas um centavo de diferença, o negócio não é fechado.

– R$ 500 é muito pouco. Você pagaria R$ 750?

– Olha, o máximo que posso fazer é R$ 650.

Relutantemente, o vendedor pensa um pouco e aceita os R$ 650.

Trato feito.

Quem é o agressor neste exemplo? O vendedor do boneco. Ele agrediu o melhor valor do lado comprador, a melhor oferta compradora. Ele teve que ceder.

E ao operar na bolsa de valores?

No mercado, também é assim. Vendedores e compradores de ativos e derivativos (ações, contratos, minicontratos, opções…) estão o tempo todo tentando fazer com que o outro lado aceite sua melhor oferta.

O mercado tende a andar na direção dos agressores. Quer dizer, se os vendedores estão agredindo, vão acabar agredindo valores cada vez inferiores. Se os compradores estão agredindo, vão agredir valores superiores.

Você poderia pensar, então é melhor estar do lado dos agressores…

Sim, porque se eu compro na agressão e outros continuam a agredir na compra, o preço vai subir e vou poder vender mais caro a seguir.

Nem sempre.

É importante saber QUEM está agredindo e com que intenção antes de tudo.

O QUE É A ABSORÇÃO

A absorção é o lado que vende ou compra passivamente. No nosso primeiro exemplo, é o Rick.

Mas vamos imaginar de outra forma fácil de entender.

Um supermercado, por exemplo.

Os produtos vendidos em um supermercado, de forma geral, são vendidos na absorção.

O supermercado absorve a demanda por, sei lá, maionese. O preço é aquele. Os consumidores vão lá e agridem o preço e levam a maionese pra casa. Se, por acaso, a maionese estiver muito cara, os consumidores não agredirão o preço e ela ficará parada nas prateleiras. Mas em geral, sempre haverá compradores agressivos de maionese.

Mas digamos que há muita concorrência, outros estabelecimentos na região.

Aí, o supermercado lança uma promoção: batemos o preço da concorrência, comprove que estão vendendo mais barato que nós e fazemos um preço melhor.

Você leva o jornalzinho do outro supermercado, em que a maionese está R$ 1 mais barata. O supermercado que fez a promoção, baixa o preço e aceita vender a maionese pelo valor que você está propondo.

Quem está na agressão agora? Exatamente, o supermercado. E você ficou na absorção da oferta de venda pelo ativo (maionese).

E a medida que forem aparecendo consumidores com jornaizinhos de outros concorrentes mostrando preços cada vez mais baratos, o preço do ativo (maionese) vai cair.

E na bolsa de valores?

Na bolsa de valores, não são negociados produtos de consumo como a maionese. E, embora, alguns até tenham data de validade (como opções e contratos futuros), pode ser do interesse do agressor da venda que os preços fiquem cada vez mais baratos.

Os supermercados não costumam recomprar maionese, mas traders que atuam agressivamente na venda estão esperando, de fato, que o preço caia a fim de que eles possam recomprar o ativo em questão mais barato dali a um tempo: a diferença entre o preço da venda e da recompra é o seu lucro.

Então, mais uma vez, você pode estar pensando: então é bom ficar do lado da agressão de venda? Talvez sim, talvez não.

COMO IDENTIFICAR ZONAS DE AGRESSÃO E ABSORÇÃO

Com as ferramentas comuns de observação dos gráficos é muito difícil determinar os locais onde está ocorrendo absorção significativa. Sim, porque afinal os negócios só ocorrem se houve alguém agredindo e absorvendo. Tudo isso acontece ao mesmo tempo.

Porém, há locais onde os big players absorvem ou agridem com mais veemência.

Por exemplo, o preço de uma ação está subindo. Parece que vai pra lua. Mas, de repente, ele chega a um patamar e para.

Olhamos no indicador Sato’s Bar e ele nos mostra uma barra vermelha a cada vez que o preço chega àquela altura, indicando um alto volume de negociações. Quer dizer, muita gente querendo comprar na agressão, mas alguém está absorvendo violentamente as agressões naquele preço, impedindo que o preço suba.

Alguém com suficiente bala na agulha está na absorção, aproveitando a liquidez que o povo da agressão está dando para, assim, vender todos os seus ativos a um preço que considera bom ou, então, abrir posições de venda descoberta.

Com as ferramentas Sato’s podemos verificar, através do aumento do volume de negociações, que muito provavelmente, a absorção das agressões de compra começaram já no movimento de alta: isto é, trata-se de um investidor institucional com um cacife tão alto que, mesmo com o preço subindo, ele vê isso como uma oportunidade para se desfazer de ativos que comprou lá atrás, quando estavam bem baratos.

De fato, a Absorção é tão importante que é uma das cinco fases dos Ciclos de Mercado, segundo a Nova Análise Técnica e ela pode acontecer tanto na queda quanto na alta dos preços.

O que estamos procurando aqui é saber quando os investidores institucionais, aqueles que realmente movimentam quantidades significativas de dinheiro e ativos estão na absorção.

QUANDO OS GRANDES PLAYERS DEIXAM DE ABSORVER E PASSAM A AGREDIR O MERCADO?

No último exemplo, coloque-se no lugar de alguém mais atento, mas que ainda está comprando ativos.

O preço está subindo sem parar. Todos estão comprando como se não houvesse amanhã, na agressão de ofertas passivas de venda ao operar.

Em algum momento, você começa a ficar desconfiado. Por que tem alguém vendendo tanto se o preço está subindo? Esse cara quer perder dinheiro?

Aí você começa a tremer nas bases. Talvez esteja na hora de parar de comprar. Aos poucos todos param de oferecer demanda pelo ativo, param de agredir. O mercado perde volume.

O próprio investidor institucional que estava fornecendo os ativos para de vender, para testar essa demanda, pra ver se não entra algum outro institucional tão ou mais forte que ele capaz de levar os preços ainda mais para o alto.

De repente, o mercado perde liquidez, perde volume, como um carro, num aclive, que fica sem combustível e vai desacelerando.

Se esse outro player não entrar, o mercado está maduro.

Fazendo a mesma coisa só que de um jeito diferente

Agora o big player vai voltar a vender. Mas desta vez, na agressão. Veja que doido: o big player vai continuar a vender, mas a postura de agressão muda tudo. Agora, é ele, ainda com muitos ativos para desovar ou muitas condições de abrir posições descobertas, quem está na agressão.

Ele vai em direção a preços de compra cada vez mais baixos. Resultado: o preço cai.

Os traders que compraram no topo, tem seus stops acionados. Resultado? Stop para operações de compra são vendas.

O nome disso é “short covering”: a necessidade de se fechar posições abertas quando o mercado vem com tudo contra você.

Se há mais vendas, há mais ofertas, se há mais ofertas, o preço continua a cair. E, agora, sem sequer a necessidade da atuação do big player que, por assim dizer, “deu um empurrãozinho inicial” para o ativo descer violentamente a ladeira.

O grande investidor institucional vendeu os ativos caros e, dali a pouco, poderá comprá-los a um preço bem inferior ou, então, encerrar suas posições vendidas com grande vantagem.

O processo de Absorção quando o preço está em queda é o mesmo. Só que em vez de vender, o big player irá atuar na absorção comprando a preços cada vez menores. Uma vez ressecada a liquidez (porque todos pararam de vender) passará a continuar comprando, mas na agressão, para desencadear um processo violento de alta. Tão violento que quem vendeu no fundo ficará sem reação, tendo que recomprar caro algo que vendeu barato.

Como podemos ver, não importa se é venda ou compra. Não importa se é absorção ou agressão. O que importa é quem está fazendo isso. Para operar na bolsa de valores, precisamos estar sempre do lado vencedor e entender quem está na absorção e na agressão faz parte disso.

A melhor forma de determinarmos isso é através do fluxo de mercado, do volume das operações: baixo volume indica baixa atuação institucional.

Grandes volumes indicam atuação institucional. E, conhecendo as fases do Ciclo do Mercado (explicado detalhadamente mais à frente), podemos nos antecipar ao movimentos mais marcantes de qualquer ativo com liquidez suficiente para ser analisado.

POR QUE DEVERIA USAR OS INDICADORES SATO’S PARA OPERAR NA BOLSA

Operar na bolsa sem saber quem está atuando na absorção ou na agressão é como operar às cegas.

De nada adianta saber para onde o preço está indo ou que padrão desenhou no gráfico, se desconhecemos quem está por trás desse comportamento.

Os indicadores Sato’s foram criados para seguir a atuação dos institucionais através do fluxo do mercado e do volume.

Claro que existem vários big players com muita bala na agulha se enfrentando no mercado. Mas ao operar com os indicadores Sato’s conseguimos avaliar pontos em que essas batalhas são mais decisivas e um desequilíbrio pode ser uma oportunidade de escolher o lado vencedor.

São as zonas de trade de alta probabilidade onde é fácil e seguro até mudar a direção da operação se for necessário.

Muitos cursos que ensinam a operar na bolsa de valores sequer falam da importância da absorção e da agressão. Quanto mais da importância de saber quem está operando desta ou daquela forma, seja na compra, seja na venda.

Porém, agressão a absorção são conceitos importantíssimos e entendê-los com qualidade pode fazer diferença no resultado de suas operações.

 

 

 

CICLO DO MERCADO: AS CINCO FASES DO DINHEIRO ESPERTO

As fases do ciclo de mercado são movimentações que acontecem periodicamente e a todos os momentos na bolsa de valores, em qualquer ativo, derivativo ou índice e particularmente melhor observados naqueles de maior liquidez através da Nova Análise Técnica ensinada pelo Raio X Preditivo.

Estamos habituados a ouvir valar, na Análise Técnica Clássica, de tendência primária, secundária e terciária e também das subfases de cada um desses movimentos.

Mas as fases do ciclo de mercado de que fala a Nova Análise Técnica observa sobretudo o comportamento dos grandes investidores institucionais. Ele é detectável através do volume de suas operações e, com as pistas deixadas por esses gigantes do mercado, podemos perceber as seguintes fases:

  1. Absorção: o começo do ciclo de mercado
  2. Acumulação/Distribuição: preparando o bote do ciclo de mercado
  3. Teste de oferta/Teste de demanda: o institucional fica na moita para ver se aparece um adversário operando no sentido contrário
  4. Spike: o ataque do ciclo de mercado
  5. Spike Channel: o último suspiro do ciclo de mercado

Reconhecendo essas fases do ciclo de mercado no nosso dia a dia, conseguimos identificar os melhores momentos pra entrar em operações – compradas ou vendidas – e os melhores momentos de sair, tanto no lucro (stop gain) quanto no prejuízo (stop loss).

ENTENDENDO CADA FASE E SUAS CARACTERÍSTICAS

A oscilação do preço dos ativos na bolsa de valores não é tão aleatória quanto muitos ensinantes de Análise Técnica gostam de fazer acreditar.

Tudo, absolutamente tudo, no mercado, acontece por uma razão, mais ou menos direta.

Nosso trabalho, de pequenos traders, é perceber a luta que os investidores institucionais tentam a todo custo disfarçar em movimentos que “parecem” aleatórios.

  1. Absorção: momento em que os grandes players “absorvem” as agressões dos demais; eles compram ou vendem a determinado preço e os demais “caem em cima” aceitando o preço; a característica desse momento é a queda ou a alta, geralmente, com grande volume, que, no fim, se encerra com pânico ou euforia, respectivamente
  2. Acumulação/Distribuição: observa-se um range, em que o preço fica oscilando em uma faixa mais ou menos estreita; é o momento em que o grande player continua acumular ativos a um preço atrativo antes de uma alta acentuada ou, ao contrário, em que ele está distribuindo ativos antes de os preços caírem
  3. Teste de oferta/Teste de demanda: o volume de negócios diminui; o grande player ou os grandes players tiram o time de campo só pra ver se tem algum outro gigante querendo dar continuidade ao movimento no sentido contrário ao que eles esperam operar
  4. Spike: com o sumiço da oferta ou da demanda, o ativo acaba fazendo um movimento forte na direção contrária ao movimento anterior. O motivo é que se, antes, o big player comprava passivamente, agora compra agressivamente (fazendo o preço subir pelo aumento da demanda). No caso contrário, se antes ele vendia passivamente, absorvendo as ordens de compra, agora vende agressivamente (fazendo o preço cair pelo aumento da oferta).
  5. Spike Channel: o mercado está empolgado com o spike e observamos uma continuidade da alta ou da queda (conforme o caso), mas se trata apenas de uma continuidade provocada pela inércia, quando os traders de menor magnitude continuam o movimento

Agora, vamos ver mais detalhadamente cada uma dessas fases.

ABSORÇÃO: O INÍCIO DO CICLO DE MERCADO

Quando os big players precisam adquirir ativos em quantidades que, pra nós, meros mortais, são inimagináveis, elas precisam fazê-lo ao custo mais baixo possível.

Mas se o fizerem de uma vez, se forem com muita sede ao pote, vão acabar fazendo o preço subir apenas pela demanda acentuada que causarão.

A tarefa de comprar cem mil contratos cheios de dólar sem aumentar o preço do ativo é parecida com colocar um elefante em uma banheira cheia tentando derramar o mínimo de água possível.

Há dois momentos em que as absorções acontecem:

  • Quando os grandes players decidem ir às compras
  • Quando os grandes players decidem vender tudo

As absorções são finalizadas em topos e fundos.

Isto é: em momentos de grande euforia (sabe quando todo o mundo está empolgado, comprando, imaginando que vai subir mais?), fazendo um topo, e momentos de grande desespero (quando todo o mundo vende, porque não aguenta mais perder dinheiro, em profunda desilusão), fazendo um fundo.

Por exemplo, num cenário de baixa, temos diversos participantes do mercado vendendo seus ativos. Eles não creem que a bolsa volte a subir: começam a vender com o objetivo de se livrar de seus papeis enquanto ainda podem se salvar.

Os grandes players, nesse ciclo de mercado, aproveitam e compram a preços cada vez menores e com grande liquidez. Note que a grande questão dos grandes players é liquidez, visto que as posições que precisam montar são muito grandes.

A ideia também vai contra ao senso comum: normalmente o que nos ensinam é que devemos comprar quando a tendência for de alta e vender quando a tendência for de baixa. Na absorção, o big player faz exata e paulatinamente o contrário.

Num cenário de alta, em que todos estão empolgados, é a mesma coisa, mas no sentido contrário: agora os grandes players estão aproveitando pra se desfazer de seus ativos ou montando posições vendidas a preços cada vez melhores e maiores, preparando o bote antes de uma queda acentuada mais à frente.

ACUMULAÇÃO/DISTRIBUIÇÃO: PREPARANDO O BOTE

Depois do processo de absorção, no ciclo de mercado, vai acontecer a acumulação (em que o grande player continua comprando depois de um período de baixa) ou distribuição (em que o grande player continua vendendo depois de um período de alta).

  • Acumulação: os grandes players estão “cozinhando” o mercado para uma grande fase de alta
  • Distribuição: os grandes players estão preparando o cenário para uma grande fase de queda

A fase anterior, de absorção, não foi suficiente para montar a posição comprada ou vendida do grande player.

O que é? Como funciona?

Agora, o preço será mantido em um range – uma estreita e alongada faixa de preços em que o ativo vai se lateralizar – enquanto o investidor institucional encherá ainda mais o carrinho (depois de uma queda, preparando-se para a alta que pode vir a seguir) ou enquanto ele vende mais e mais (depois do final da alta e depois da euforia máxima, preparando-se para o despenhadeiro que tem grande potencial de acontecer na fase seguinte.

Como identificar?

Depois de um longo movimento direcional (de queda ou de alta) em que vamos observar intensa atividade profissional (detectada com os indicadores sobre os quais falaremos a seguir), vamos observar, no final, um momento de intensa atividade (desespero extremo ou euforia máxima), momento possivelmente marcado por um grande volume. A seguir, veremos o preço se movimentar em uma faixa e o ativo se lateraliza ou, como você vai ouvir muito, entra em consolidação.

TESTE DE OFERTA E DEMANDA

Esta é uma fase do ciclo de mercado bem interessante.

Sabe aqueles filmes de guerra antigos? Os soldados avançaram um tanto já no campo de batalha. Aí, estão todos abaixados e alguém resolve ver se há inimigos ainda lá na frente. O sujeito pega um pedaço de pau, coloca o capacete e levanta um pouco acima da linha, da trincheira, onde estão escondidos. Esse soltado está fazendo um teste de oferta de artilharia.

Então, depois de uma fase de alta ou de baixa em que o investidor institucional, nessa fase do ciclo de mercado, esvaziou ou encheu o carrinho, respectivamente, ele se amoita. Fica na dele. Fica entrincheirado. Tipo, só pra ver como o mercado se comporta.

Daqui a pouco, é a hora de fazer o mercado subir, no caso de ter comprado um monte de papeis durante a queda, durante o desespero extremo e durante a Acumulação. A ideia é ver se, nessa fase do ciclo de mercado, bem nessa hora, não vai entrar um trader institucional tão grande ou maior que ele interessado em encher o carrinho ainda mais, continuando a queda.

O que é? Como funciona?

  • Teste de oferta: acontece depois da queda (absorção) e da lateralização (acumulação); o grande player tira seu time de campo; se os players que estavam comprando saem do mercado, seria hora do preço cair, afinal pouca procura pelo ativo afetará a sustentação do preço. Um teste de ofertas bem sucedido é quando o preço se sustenta em níveis de preços, mesmo com a diminuição da atuação dos grandes players na compra.
  • Teste de demanda: o teste de demanda tem a mesma função: testar o mercado para que os preços caminhem para uma determinada direção, porém agora estamos falando de um ciclo de baixa.

Qual a importância do teste de Oferta e Demanda para os grandes traders

A ideia desses testes também é chamar os outros grandes players para a disputa. Quando não existe liquidez (e é o que acontece quando uma das pontas do negócio tira o time de campo nesse ciclo de mercado), é mais fácil movimentar o preço.

Isso pode atrair outros players que queiram movimentar o preço. Lembra do soldado levantando o capacete para cima da trincheira num pedaço de pau? O teste bem sucedido será se ele não ouvir nenhum tiro (oferta de chumbo). Se ele ouvir tiros ou até mesmo tiver seu capacete alvejado, nesse caso terá que aguardar para dar o comando de avançar de suas tropas: tem um player ofertando chumbo.

Essa analogia significa que, se não entrar um novo player no jogo, está na hora de colher os frutos das fases do ciclo de mercado anteriores.

Esforço x Resultado 

Haverá momentos em que veremos, ao final de um movimento no ciclo de mercado, antecedendo um outro forte movimento no sentido contrário, um grande esforço – manifestado pelo volume elevado -, mas com um resultado inferior aos swings (pernadas) anteriores. Simplificando a linguagem, swing é o ziguezague ascendente ou descendente que o preço desenha no gráfico do ativo.

Isso é também um claro sinal de que a queda ou a alta terminaram e podemos estar a entrar em uma forte movimentação girando o mercado para o outro lado.

SPIKE: O ATAQUE DO CICLO DE MERCADO

Traduzindo ao pé da letra, spike quer dizer espigão. Nessa fase do ciclo de mercado pode ser comum um candle ou mesmo mais candles que parecem espigões, verdadeiros edifícios apontando para o sentido que o grande player quer que o mercado ande.

Antes do spike, tivemos três fases do ciclo de mercado: absorção, distribuição/ou acumulação e teste de oferta/ou demanda. Juntas, elas podem ser consideradas uma grande fase que é a preparação para o objetivo do grande player, que é o spike, a hora de rapelar a mesa, o momento de juntar todas as fichas que estão sobre a toalha.

O que é? Como funciona?

Imaginando um grande player que deseja que o mercado suba, vamos imaginar que nesse momento do ciclo de mercado ele já absorveu o pânico dos outros participantes durante a fase de absorção, continuou a encher o carrinho de compras durante a acumulação e já testou a oferta, vendo que o preço permaneceu nos patamares ideais.

Os amadores já assumiram que o mercado vai continuar a cair e continuaram a vender. Alguns estão vendidos a descoberto, tentando ganhar com a continuidade da queda.

E o spike provocado pelo grande player vai fazê-los ficar presos nessas posições vendidas, “locked by position”.

Outros, que se posicionaram assim, vão dar stop em suas posições. Stop de posição vendida é compra. Compra é demanda. Mais demanda, o preço sobe mais ainda realimentando essa fase do ciclo de mercado.

Demos o exemplo de spike para cima, mas ele acontece nas duas direções.

Como antever quando um Spike deve acontecer?

Com ajuda de indicadores como o Sato’s Force Histograma, Sato’s Force, Sato’s Bar e Sato’s Result conseguimos detectar os momentos em que as três fases do ciclo de mercado que antecedem o spike através da leitura do volume e, por consequência, da atuação dos grandes players.

Se estas três fases do ciclo de mercado estão configuradas, a probabilidade de um spike é grande, configurando o momento de se posicionar na compra, no caso de uma acumulação, ou na venda, no caso de uma distribuição.

SPIKE CHANNEL: O CICLO DE MERCADO ESTÁ CHEGANDO AO FIM

É um canal de continuidade do spike. Agora, empolgados pelo forte movimento, os demais participantes do mercado tentam ir no embalo. De fato, o preço está indo na inércia. O grande player provavelmente já colheu os frutos de sua estratégia, integral ou parcialmente.

Vamos notar que o volume negociado, por isso, já é bem menor.

O que é? Como funciona?

O spike channel é formado pelos traders atrasados, que não conhecem as fases do mercado: eles acreditam que a tendência permanece a mesma até o momento em que é substituída por outra, a de sentido contrário.

O spike, por ser tão exuberante, chama a atenção daqueles que não sabem ler as sutilezas do mercado e só conseguem ouvir seus chamados mais brutais. E, graças a eles, é produzido esse movimento residual, esse último espasmo. Os leões já fizeram a festa, agora é a vez das hienas, dos abutres e outros animais considerados menos nobres no reino animal pegarem os restos do banquete: o movimento (de alta ou de baixa) está chegando ao final. O ciclo de mercado (pelo menos esse) está próximo do fim para vermos o início de outro.

Mas não se engane: os ciclos não são todos iguais e nem sempre é fácil de observar ao vivo.

É preciso aprender a ler o mercado e ter as ferramentas certas para isso. Você prefere ser o leão ou a hiena?

ENTENDENDO OS MOVIMENTOS FORMADOS DENTRO DOS CICLOS

A Análise Técnica Clássica tende a usar os topos e fundos como referência para determinar se a tendência está tendo continuidade.

Os topos e fundos, às vezes, mesmo quando superados, podem dar o entendimento que, ao contrário, a tendência está se revertendo.

Tudo depende de se saber ler o contexto e sobretudo entender o que estão fazendo os grandes investidores institucionais.

Topos e Fundos

Os principais topos e fundos são formados nos momentos de euforia máxima e desespero extremo do mercado: são neles que os investidores profissionais, com seus grandes portfólios, começam suas fases de distribuição e acumulação, respectivamente.

Inclusive, a ultrapassagem desses topos e desses fundos podem constituir não a continuidade de um movimento mas tão somente uma armadilha para acionar stops ou provocar a entrada equivocada em operações: vamos estudar as armadilhas de topo e fundo em um capítulo mais adiante.

QUAIS INDICADORES ME AJUDAM A SE POSICIONAR EM CADA CICLO DE MERCADO

Embora não venhamos a estudar alguns destes indicadores neste livro, gostaria de elencar algumas das ferramentas que costumamos usar para detectar e entender todas essas fases:

  • Sato’s Force: junto aos swings, temos o número de negócios realizados (volume), a porcentagem que esses negócios representam da pernada anterior no mesmo sentido (sabendo quanto o volume aumentou ou diminuiu) e também o tamanho do swing
  • Sato’s Force histograma: leitura mais limpa do volume de negócios acumulado em um único swing
  • Sato’s Bar: através de um sistema de cores, sabemos a intensidade da presença institucional em uma única vela do gráfico
  • Sato’s Result: com esse indicador, conseguimos ver com clareza o resultado (deslocamento da cotação) do esforço (volume). Um grande esforço com um baixo resultado, por exemplo, pode indicar a exaustão de um movimento ou a presença de um grande player distribuindo (no alto) ou acumulando (embaixo)
  • Sato’s defense: já pensou saber o preço médio dos grandes players? É isso o que este indicador faz, criando assim suportes e resistências dinâmicos, de acordo com a posição (comprada ou vendida) dos participantes da bolsa de valores

COMO IDENTIFICAR OPORTUNIDADES DE GANHO

Como dissemos, as oportunidades de ganho do mercado aparecem a todo instante na bolsa de valores. Não só no gráfico dos minutos, mas em qualquer tempo gráfico, as fases do ciclo de mercado podem ser identificadas. É importante ter paciência e entrar no momento certo.

Claro, o ideal é entrar antes de um spike, logo depois do teste de oferta ou de demanda, quando os ganhos são mais expressivos. Se possível, ficar até o fim do spike channel para maximizar os ganhos.

Mas, na prática, é preciso aprender com um trader experiente para conseguir identificar todas essas fases com eficácia. Quando estamos observando os gráficos, mesmo com as ferramentas certas, não veremos legendas e setas apontando para cada uma das cinco fases do ciclo de mercado.

Não devemos nos enganar.

Conhecer as fases do ciclo de mercado, não é em si garantia de que vamos ganhar dinheiro na bolsa de valores.

A Nova Análise Técnica, ensinada pelo Raio X Preditivo, deixa bem claro que a participação do trader na hora de realizar negócios deve ser muito mais ativa do que em outras metodologias.

Enquanto em muitas metodologias o trader realiza entradas baseado em “setups” que seriam melhor realizados por robozinhos automáticos, a Nova Análise Técnica exige interpretação de contexto.

Ver as fases do ciclo de mercado acontecendo ao vivo exige leitura de indicadores que, embora simples, juntos, nos levam a conclusões incríveis sobre como a dinâmica da bolsa funciona.

Em alguns momentos, esse tipo de leitura vai nos fazer tomar decisões ao contrário do que todos os outros traders fariam.

Mas você não notou que com as antigas metodologias o mercado muitas vezes fazia justamente o contrário do que você estava esperando? Pois é. Talvez você estivesse usando a metodologia errada.

 

 

RANGE, O ACAMPAMENTO DOS GRANDES PLAYERS

O range é um conceito muito útil da Nova Análise Técnica a fim de detectar áreas com grande probabilidade de trades vencedores.

O preço nunca passa impune por essas áreas.

Pode ser que o range tenha acontecido vários pregões atrás, talvez na semana passada: quando o preço chegar nesse nível, algo importante pode acontecer.

O range é facilmente identificável no gráfico, caracterizados por lateralizações mais ou menos longas em que a cotação fica oscilando pra cima e pra baixo, sem variar muito.

Pode ser que, no range, os grandes players tenham distribuído ativos. Pode ser que eles tenham acumulado.

Não importa.

O importante é saber que, nesse período, muito dinheiro, muitas apostas podem ter sido colocadas na mesa.

E elas serão defendidas.

Pois uma vez perdido o nível de um range – pra cima ou pra baixo – o valor de um ativo quase sempre apresenta movimentos intensos: quem está na direção certa reforça o impulso, quem estava na posição contrária corre com o objetivo de se desfazer dela e virar a mão. Quem estava fora, entra.

O mercado entra em ebulição.

Se formos traduzir a palavra range ao pé da letra, do inglês, ela significa alcance.

Para o nosso contexto e entendimento, porém, seria mais adequado entendê-la como intervalo.

Digamos que, a certo momento, o preço esteja em R$ 11. Passado algum tempo, ele vai pra R$ 11,27. Depois, ele volta pra R$ 11,01. Passa mais um tempo e ele retorna pra R$ 11,28. E, finalmente, cai, novamente, pra R$ 10,99. E assim indefinidamente. Percebeu um padrão aí?

No gráfico veremos que o preço está andando de lado. Fazendo um longo “retângulo”, como se houvesse um campo de força na faixa dos R$ 11 e R$ 11,30 que não o deixasse sair desse cercado.

PARA QUE SERVEM AS ÁREAS DE RANGE?

Uma cotação não fica oscilando durante tanto tempo em um intervalo tão restrito à toa. Existe uma razão.

Considere que muitos negócios aconteceram nesse período. No nosso exemplo, significa que, possivelmente, um ou mais big players estavam interessados nessa faixa de valor.

E, juntamente com eles, muitos players abriram posições durante o tempo que a cotação ficou por ali. Alguns venderam. Outros compraram. O fato é que muitas, muitas posições foram abertas. Disso não há dúvida.

COMO OS GRANDES PLAYERS ATUAM NAS ÁREAS DE RANGE?

Durante o range, quem abriu posições compradas espera que ele seja rompido pra cima, com alta acentuada.

Quem abriu posições vendidas espera que ele seja rompido pra baixo, com queda acentuada.

Uma hora ou outra, inevitavelmente, uma dessas opções acontecerá promovendo efeitos importantes no mercado.

O QUE ACONTECE QUANDO O PREÇO ROMPE O RANGE?

Por exemplo, vamos imaginar um grande player que tenha aberto posições compradas num range.

Porém, o range é rompido abaixo. Isto é, o ativo está caindo.

O player do nosso exemplo estava “errado” e agora terá que zerar suas posições. Ele tinha comprado, mas, agora, a cada ponto ou centavo que o ativo cai ele perde milhares ou milhões de reais.

Para zerar uma posição comprada, o que fazemos?

Vendemos.

Vendendo milhares de ativos geramos o quê? Oferta.

Oferta excessiva gera o quê? Queda.

Com o preço caindo, mais pessoas abrem posições vendidas.

Possivelmente até o player de nosso exemplo abre novas posições vendidas provocando maiores quedas.

Esse tipo de reação em cadeia gera fluxo e o fluxo do mercado é um dos principais fatores a que a Nova Análise Técnica presta atenção.

Como podemos ver, o range é como uma caixa de abelhas, lotada, e qualquer instabilidade fará com que o enxame saia dela em uma certa direção e com intensidade.

COMO SE POSICIONAR EM ÁREAS DE RANGE?

Observando o fluxo do mercado durante um range podemos nos posicionar com relativa segurança em uma direção, comprada e vendida.

Para isso, usamos sobretudo os indicadores Sato’s Bar e Sato’s Force, verificando se a atuação institucional está mais forte na compra ou na venda.

A partir daí, uma vez posicionados, podemos inclusive sair da operação antes do stop financeiro ou estratégico, uma vez que não vejamos a entrada de fluxo na direção esperada ou até mesmo o seu enfraquecimento.

Quer dizer, podemos sair da operação antes mesmo que ela vá na direção “errada”, pois o fluxo do mercado está nos adiantando esse acontecimento.

Tão logo o range seja rompido na direção “certa”, podemos aumentar a mão, comprando ou vendendo mais ações, com grande possibilidade de que aconteça um “spike”, um movimento forte, uma das fases do ciclo do mercado sobre a qual falamos em outro artigo.

COMO IDENTIFICAR OPORTUNIDADES DE COMPRA POR RANGE

Não é necessário estarmos no range a fim de identificarmos oportunidades.

Ranges formados em períodos passados, até mesmo em pregões passados, podem servir como referência na identificação de zonas de trade location importantes.

O trader deve lembrar que, de toda maneira, algumas das apostas feitas naquela região continuam válidas ou que, então, há interesse na liquidez que aquele intervalo de preços oferece a algum grande investidor institucional.

IDENTIFICANDO ÁREAS DE RESISTÊNCIA

Uma forma de identificar prováveis e importantes áreas de resistência ou suporte através de range é traçar duas linhas horizontais no gráfico a partir dos seus limites inferior e superior.

Como há diversas apostas nessas áreas, é provável que elas sejam defendidas ou que, então, à medida que a cotação for se aproximando delas, a oferta ou a demanda “sequem” demonstrando que o preço vai bater ali e voltar.

COMO USAR OS INDICADORES SATO’S AO IDENTIFICAR RANGE EM TOPOS E FUNDOS

Os indicadores Sato ajudam no sentido de termos a leitura a fim de saber se o fluxo do mercado está secando ou aumentando na aproximação dessas “resistências” formadas pelos ranges que, embora já no passado, têm forte influência no comportamento do preço.

Poderemos, por exemplo, ver casos em que por diversas vezes o ativo vem testar áreas de range e, a cada teste, o fluxo de negócios diminui, indicando que, em breve, retornará com força no sentido contrário, abrindo uma oportunidade nessa direção, de compra ou venda, conforme o caso.

A regra é: se o fluxo diminui no teste, a tendência de que o intervalo do range será respeitado é maior.

Setup mais conservador

Inclusive este é um setup mais conservador que operar antes do rompimento do range.

É comum que, depois de o range ser rompido, a cotação venha testar essa área. Caso tenha rompido acima, por exemplo, ele tentará descer novamente, tentando “entrar” novamente no range. É nessa área de teste que devemos comprar.

Observando-se a aproximação do valor bem como o fluxo se comporta durante esse teste, podemos abrir posições com grande possibilidade de êxito com stops bem curtos.

Isto é, caso a operação dê errado (baixa probabilidade), ainda assim, perdemos pouco do nosso financeiro.

O range é apenas uma pequena parte dessa história. E saber identifica-lo e usá-lo de uma forma versátil é algo que você só aprende no Raio X Preditivo.

Mas cuidado: nem sempre um rompimento de range ou o rompimento do último topo é sinal de entrar comprando. Ou, no caso de um fundo, vendendo.

Você pode cair em uma armadilha.

 

 

PADRÃO PSICOLÓGICO INSTITUCIONAL EM V, O PPI V

O mercado de renda variável parece caótico, sem lógica.

É como se fosse um ser vivo, que se move conforme sua própria vontade.

Todos olham hipnotizados para seus movimentos de subida e descida, que tecnicamente são chamados de volatilidade.

É comum que muitas pessoas se encantem por eles, tendo sonhos de enriquecimento rápido.

E o número dessas pessoas que tem suas contas pulverizadas por esses movimentos aparentemente caóticos é gigantesco. A história dos mercados está cheio de gente que descobriu o sistema perfeito, que tentou mapear o sobe e desce de preços, e que, no fim, foi esmagada.

Nos momentos de euforia, pessoas assim são sugadas para dentro da bolsa de valores sem saber exatamente onde estão se metendo, atraídas pela promessa de grana fácil.

Há toda uma indústria especializada nesse tipo de público: cursos, pacotes de corretagem, programadores vendendo robôs com a fórmula mágica, pacotes caríssimos de indicadores dos quais apenas alguns, dentre centenas, se salvam e olhe lá.

Mas, afinal, como é possível ler o comportamento das ações, dos índices e do dólar?

Como funciona esse sobe e desce dos principais ativos negociados na bolsa?

A visão de o movimento é aleatório é a de muitos pessoas dos que estão no mercado. E isso inclui profissionais que fazem parte do setor que, por sua posição de destaque, acabam influenciando milhares de outras pessoas.

É IMPREVISÍVEL OU NÃO?

Concordo que as variáveis que determinam a formação do preço jamais se alinharão de forma idêntica.

Em outras palavras, segundo o filósofo Heráclito de Éfeso: “Nós não podemos nunca entrar no mesmo rio, pois como as águas e nós mesmos já somos outros.”

Fazendo um paralelo com o pensador, as mudanças de cenários econômicos e informações (o rio) acontecem continuamente.

Do mesmo modo, mudam os que estão participando do mercado, indivíduos enviando ordens de compra e venda.

As mudanças das variáveis que influenciam na formação do preço, porém, não devem nos deixar descrentes da possibilidade de que o mercado repete padrões. Até porque, atualmente, existem muitos algoritmos ativos no mercado programados para tomar decisões seguindo regras já pré-estabelecidas. Ou seja, esses algoritmos respeitam padrões para, assim, captar pequenas distorções.

Esses poderosos programas atuam a favor de grandes e poderosas instituições, gerando muito lucro. Esses robôs operam volumes financeiros gigantes. Por consequência, acabam deixando rastros e através desses rastros é possível mapear padrões no preço segundo os seus movimentos.

Nossa opinião em relação a essa questão é a seguinte: o mercado é previsível, sim, em boa parte do tempo, desde que ele seja monitorado com as ferramentas certas e que os padrões de grande probabilidade sejam reconhecidos.

CONHEÇA O PADRÃO PSICOLÓGICO INSTITUCIONAL V: O PPI V

O nome representa bem o que ocorre com o mercado quando esse padrão é formado: vemos uma letra “V”, normal ou invertida.

Ele é considerado um padrão psicológico pelo simples fato de provocar um sentimento de arrependimento e desespero nos participantes do mercado.

Também é considerado um padrão institucional porque somente os players que movimentam muito dinheiro no mercado conseguem montar esse padrão.

A grande sacada do padrão V é entender o contexto do mercado para que se possa fazer uma leitura que coloque você à frente dos outros participantes. Dessa forma, você conseguirá se adiantar aos movimentos seguintes.

Confira na imagem abaixo, um padrão V típico:

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Vamos primeiro estudar um padrão V em posição normal.

O primeiro movimento que forma o padrão V é o que atrai muitos vendedores: note que durante a sua formação há o rompimento do fundo anterior

Isso é importante. Vou repetir: há o rompimento do fundo anterior.

Assim, o mercado atinge novas mínimas e mais vendas são feitas. Segundo a Análise Técnica Clássica, rompimento de fundo anterior indica força da tendência e continuidade do movimento.

As novas vendas também acontecem porque quem comprou acreditando que o mercado iria respeitar o fundo anterior – pelo simples fato de ter feito fundo nessa mesma região anteriormente – vai encerrar sua operação: o famoso stop é disparado.

Temos, portanto: compras na região circulada acreditando que o mercado iria parar de cair, seguindo o mesmo movimento do fundo anterior, e vendas após o rompimento do fundo, região com círculo vermelho.

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Imagine como sua cabeça ficaria. Se você já fez trades, talvez até tenha passado por isso.

Você comprou achando que o mercado respeitaria o fundo anterior. Em seguida, vê o rompimento de suporte e seu stop é acionado, realizando um prejuízo.

Em seguida, decide abrir uma operação de venda, para aproveitar a continuidade da queda.

Porém, rapidamente, um movimento de alta acontece e agora é a vez de sua posição vendida ficar em uma situação desfavorável?

 

Você comprou e caiu: prejuízo número um.

Aí você vende e o mercado sobe: prejuízo número 2.

Impressionante: você acaba de tomar duas decisões erradas. Nas duas tentativas o mercado caminha contra você.

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Observe que, para fazer o rompimento de um fundo anterior é necessário muita injeção de dinheiro no mercado. De outra forma, de fato, ele será respeitado. Por isso é um padrão institucional.

Esse rompimento não foi feito por amadores. Muito provável que há interesse de pelo menos um grande player pela queda do preço.

O que também faz com que essa afirmação ganhe sentido é que as barras, durante o rompimento, foram destacadas na cor amarela através do indicador Sato’s Bar, ou seja, atuação dos institucionais acima da média.

Mas a grande dúvida que fica é: cadê o fluxo para manter o mercado em queda?

Se esse big player que provocou o rompimento ainda tem fluxo para manter o mercado caindo, por que o preço dá uma guinada de alta que contraria sua posição?

O mercado rejeitou esse nível de preço.

O big player que vendeu e forçou o rompimento do fundo anterior está em uma situação de desvantagem.

E agora? Como devemos seguir ao ter conhecimento dessa mecânica?

Os próximos movimentos nos ajudarão muito a identificar se realmente o rompimento foi rejeitado e se uma operação deve ser feita levando em conta o padrão V.

MOVIMENTOS APÓS O PADRÃO PPI V

Os movimentos pós-padrão mais propícios para abertura de posição são dois:

  • Teste de até 90% na retração do movimento
  • Acumulação em range seguido de rompimento

PPPI V com teste de até 90% na retração

Na figura abaixo, o teste não foi de 90%, mas essa queda pode atingir até 90% em relação a segunda perna do V.

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No exemplo abaixo, o padrão PPI V está bem mais destacado justamente pelos movimentos maiores. Porém, a regra é a mesma: após o padrão V, o mercado voltou, testou a região de 90% da segunda perna do V e depois surfou um enorme movimento de alta.

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Então, lembre-se: no caso do teste, ele pode ser de até 90%. Ou seja: o retorno até o fundo do V não pode passar de 90%.

PPI V com rompimento de range

Na figura abaixo verifique que não houve o teste dos 90%.

Após o PPI V, o ativo fez um range e, depois, realiza o rompimento, que seria o gatilho para um movimento de alta.

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É um padrão menos comum, mas também um cenário interessante para tomada de risco.

PPI V Invertido

É importante você compreender que o mesmo padrão feito em um topo se chama PPI V invertido. Ou seja: um movimento totalmente inverso, respeitando as mesmas regras e que nos sugere o início de uma tendência de baixa.

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EVENTOS CLIMÁTICOS: QUANDO OS AMADORES PEDEM PRA SAIR

A Teoria de Dow – desenvolvida para entender e analisar possíveis movimentos do mercado – é considerada a estrutura, a espinha dorsal, da Análise Técnica Clássica.

Atualmente, sustenta inúmeros métodos que se apoiam em seus princípios.

Pode parecer estranho, porém, em 1884, Charles Henry Dow, colunista do Wall Street Journal, desenvolvia o que hoje em dia ainda é muito utilizado por milhares de pessoas ao redor do mundo para tomar decisões de compra e venda de ativos de renda variável.

São mais de 100 anos!

Por todo o globo, milhares de traders, analistas e amantes do mercado também desenvolvem suas crenças, criam seus setups, programam seus robôs, levando em consideração os princípios da Teoria de Dow.

Charles Dow foi reconhecido mundialmente não somente pela criação da Teoria de Dow, mas também pela criação em 1896 do índice Dow Jones, que reflete o desempenho das ações das principais empresas dos Estados Unidos.

Um dos princípios que compõem a Teoria de Dow é:

“A tendência é vigente até que seja substituída por outra oposta.”

É um princípio muito óbvio, pois nos diz que, se não houver uma mudança de direção do preço, a tendência atual deve continuar.

Traduzindo em outras palavras, para que fique mais fácil a compreensão, “um carro deve continuar no trajeto atual até que haja uma mudança de direção”.

A grande dificuldade é descobrir quando essa mudança de direção vai acontecer e quais são os sinais que o próprio mercado emite para que eu possa me adiantar a essa mudança de direção.

Um outro princípio interessante da Teoria de Dow, que vai nos ajudar a compreender a dinâmica do mercado e nos proporcionar decisões mais certeiras:

“Volume convergente: quando o mercado for mudar a tendência, haverá um aumento expressivo no volume das negociações.”

Se você já estiver no mercado há um certo tempo, eu tenho certeza de que já escutou alguém fazer a seguinte menção: “Quando o porteiro do seu prédio estiver falando bem da bolsa, é hora de vender.”

Essa menção é famosa e muito inteligente.

Isso é uma realidade.

Quando a grande massa estiver convicta de algo, faça exatamente o contrário daquilo de que eles estão convencidos.

Isso faz sentido, porque a grande massa se convence que a bolsa é um negócio bom somente depois de um grande ciclo de alta.

Já, quando os preços estão caindo dentro de um ciclo de baixa, ninguém fala bem da bolsa. Nos jornais, as manchetes são todas falando de índices e números ruins, colocando sobre eles a culpa da queda nos mercados.

Nessa hora o pânico toma conta das pessoas e até guardar dinheiro debaixo do colchão soa mais inteligente do que comprar ações.

É exatamente nesse momento que os grandes investidores ao redor do mundo verificam duas coisas de extrema importância: preço baixo e liquidez.

  • Preço baixo: se os fundamentos que os levam a investir em determinada empresa ou em determinados setores da economia ainda existirem, eles poderão comprar mais ativos a preços promocionais.
  • Liquidez: na hora do grande pânico – provocado pelos prejuízos e incentivados pela enxurrada de notícias ruins -, as pessoas vendem sem pensar duas vezes; o volume de negociações cresce e os big players encontram liquidez suficiente para executar suas compras sem se preocupar com a falta de oferta.

Eis a explicação para o princípio de Dow que se refere ao aumento no volume quando das mudanças de direção: enxurrada de oferta devido ao pânico generalizado! Isso também vale para movimentos de alta, pois empolgados por acreditar que a alta recente deve permanecer, a grande massa vai às compras e toma coragem para pagar caro pelos ativos, gerando assim demanda suficiente para que os grandes players possam vender suas posições com ótimos lucros, sem que haja desvalorização dos ativos por conta da grande oferta gerada.

Gosto muito de dizer que o evento climático é exatamente o momento em que os players que estão em desvantagem e tomando prejuízo vão jogar a toalha.

Quem já fez operações com certeza já passou por uma situação dessas.

Acompanhe.

Você estava posicionado, aguardando uma alta para poder vender com lucro, porém o resultado esperado não aconteceu.

Quedas e mais quedas.

No entanto, em algum momento o indivíduo toma coragem e encerra a posição para limitar o prejuízo.

Ao tomar essa atitude o mercado reverte e o movimento de alta acontece.

Você jogou a toalha e a alta que você tanto esperava ocorre.

Alguns até me dizem que parece uma “marcação”, acreditando que o mercado sabe o que estamos fazendo e se move de forma contrárias às decisões tomadas por nós.

Sim!!!

O mercado sabe exatamente onde a maioria dos participantes vai jogar a toalha. E quem tem a informação aproveita para comprar mais lotes dos que jogaram a toalha a preços promocionais.

 

Sabendo disso você deve ficar de olho nos eventos climáticos que são exatamente os momentos em que a aceleração no preço acontece e o volume de negociação aumenta muito.

Desenvolvemos ferramentas que vão nos ajudar muito a monitorar os eventos climáticos.

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Assim que você verificar um evento climático, fique atento, pois o mercado pode estar muito perto de uma reversão.

Observações

  • Não é simplesmente porque caiu ou subiu com aumento no volume que a reversão deve acontecer
  • Em nenhum momento somos contra a utilização do stop loss: sempre limite seus prejuízos e defina um valor máximo para arriscar a cada operação. É importante que isso seja dito, pois pode ficar a impressão de que não usamos stop. Porém saiba jogar a toalha no momento certo
  • Conheça e utilize os padrões da melhor forma possível

 

 

 

 

VOCÊ JÁ CAIU EM ALGUMA ARMADILHA?

Se você já operou na bolsa, provavelmente sim.

Viu aquele rompimento de resistência e comprou. Sim, porque é isso o que a Análise Técnica Clássica ensina. Ativo rompendo resistência é sinal de força! Vai subir mais…

Viu um rompimento de suporte e vendeu. Se estava comprado, se desfez das posições. Se não estava, abriu posições de venda descoberta. Porque, segundo a Análise Técnica Clássica, rompimento de suporte é sinal de fraqueza e o ativo vai despencar na bolsa.

Mas, pra sua surpresa, pouco depois do rompimento, no primeiro caso, o ativo volta a cair e, no segundo caso, o ativo volta a subir.

É isso: você caiu na armadilha da bolsa.

A armadilha de fundo e a armadilha de topo são extremamente comuns na bolsa e diariamente passam a perna em milhares de praticantes de Análise Técnica Clássica.

A armadilha tem uma razão de ser. E entendê-la fará com que sejamos vítimas com menor frequência.

O QUE SÃO ARMADILHAS NA BOLSA?

De maneira simplista, podemos chamar a armadilha de fundo e a armadilha de topo como falsos rompimentos.

Mas esta denominação nos dá a noção de que elas acontecem ao acaso, como se, por trás delas, não houvesse uma causa.

Não estou falando de teorias da conspiração, mas dos investidores institucionais que, de fato, precisam lançar mão desses estratagemas a fim de obter níveis enormes de liquidez.

A armadilha de fundo e de topo são apenas algumas das estratégias por eles usadas a fim de conseguir vender e comprar ativos sem provocar deslocamentos acentuados de preço, de queda no caso de quererem vender posições muito grandes e de alta no caso de quererem comprar.

Então, esses “falsos rompimentos” ficam melhor denominados como armadilha.

PARA QUE SERVE A ARMADILHA NA BOLSA?

Imagine um negociador que tem dinheiro pra comprar todos os imóveis de determinado bairro e vai fazê-lo porque sabe que haverá um grande investimento do governo na região e isso vai fazer com que os terrenos se valorizem até a estratosfera.

Ele começa a comprar como se não houvesse amanhã. Os primeiros sairão por um bom preço. Mas aos poucos, o mercado vai perceber que há demanda maior por aqueles imóveis. Não é preciso nem saber a razão: basta saber que tem um sujeito comprando tudo.

Os preços vão começar a disparar se esse negociador quiser comprar tudo de vez. Vai ter até atravessadores comprando terrenos antecipadamente para, a seguir, vender ainda mais caro pra ele.

Para evitar isso, ele terá de comprar os imóveis aos poucos, na surdina, quem sabe até com ajuda de mais de uma empresa.

Uma tática que vemos também na bolsa e que também veríamos nesse caso é o negociador esperar o grande desespero do mercado. Por alguma razão, os preços podem começar a cair e as pessoas vão começar a vender seus imóveis naturalmente: o negociador diz… tudo bem, eu compro, eu faço esse favor pra você, compro a esse preço aí, mesmo com o mercado em queda.

E o negociador, mesmo com o preço dos imóveis em queda, continua a “absorver” essas ofertas. Na bolsa, quando falamos de ações, contratos futuros e minicontratos, essa é a fase da Absorção.

Os jornais vão dizer que a culpa é da política, das eleições, da insegurança, da greve dos caminhoneiros. Não importa o motivo. Para o grande player isso é mera justificativa para a queda. O que importa é que está caindo e ele pode absorver ativos com grande liquidez e a preços cada vez melhores.

Objetivos da armadilha

Durante a absorção veremos intensa atividade dos big players – também chamada de grande atividade institucional.

Podemos identificar essa atividade no indicador Sato’s Bar através da presença de barras alaranjadas e vermelhas.

No indicador Sato’s Force Histograma, identificamos histogramas cada vez mais altos na queda (no caso de absorção em uma desvalorização) e mais altos na alta (no caso de absorção em um movimento de valorização).

Mas vamos continuar a pensar no caso de um grande player da bolsa ou um grande negociador de imóveis que está interessado em comprar enquanto os preços caem. Essa queda, nos seus últimos momentos, é marcada pelo Desespero Extremo, como se fosse uma convulsão do mercado, com grande volume máximo de ativos negociados.

É possível que, então, se forme um fundo e, portanto, um suporte. Depois disso, talvez o mercado se lateralize durante um tempo – os preços ficam flutuando em faixa estreita de valor – ou que até subam um pouco. Mas, em certo momento, até mesmo o fundo do “Desespero Extremo”, aquele que teve uma galera jogando a toalha ou entrando vendido gerando um volume enorme de negócios, é rompido.

Segundo a Análise Técnica Clássica, na bolsa, quando um fundo anterior, é rompido, a regra é clara: vai cair mais! Se nem ali o preço conseguiu segurar! Então vai ter um monte de gente vendendo ativos, na esperança de recomprar mais barato mais tarde e ficar com a diferença, que é o lucro.

Só que, surpresa!

O preço não continua a queda. Pelo contrário, pode acontecer de ele voltar a subir. E com força!

COMO IDENTIFICAR A ARMADILHA NA BOLSA?

Um dos motivos da armadilha de fundo acontecer é que os compradores fracos – aqueles que botavam fé no suporte, que o preço ia segurar ali, colocaram seus stops logo abaixo do último fundo.

Não à toa, as armadilhas ficaram conhecidas durante muito tempo como “papa stop”. E quando os stops dos compradores fortes são acionados, os grandes players aproveitam a fim de comprar ainda mais na bolsa. Tipo: “Não vai segurar a onda? Deixa que eu seguro!”, dizem eles, tirando os outros corredores da pista com um jogo de corpo.

Isso acontece muito quando, por exemplo, uma empresa vai receber uma importante injeção de capital ou será vendida. Os acionistas majoritários tiram as ações dos minoritários. Com a armadilha, os gorilas balançam a árvore e os macaquinhos caem.

E no topo? Como é a armadilha?

É só inverter o sentido do raciocínio.

Em vez de desespero, temos euforia máxima, todos os amadores estão comprando loucamente. Enquanto isso, os grandes players estão absorvendo a demanda de compra: “Vem que eu tenho! Tem mais de onde saíram estas ações/contratos futuros/opções!”

E vão vendendo, desfazendo-se de posições compradas ou abrindo posições vendidas gigantescas.

Finalmente, há o espasmo da euforia máxima, marcando um topo.

E, finalmente, a armadilha.

Quem vendeu achando que a bolsa ia segurar no último pico e era um “vendedor fraco” vai ter seu stop acionado.

O grande player, então, terá uma nova chance de descarregar ativos na bolsa e, então, quem, no rompimento, comprou achando que teríamos uma nova decolagem vai quebrar a cara porque é bem provável que o ativo despenque.

TIPOS DE ARMADILHA NA BOLSA

Como vimos, temos armadilha de topo e armadilha de fundo e elas funcionam de modo bastante similar, só alterando o sentido. Há modos de identificar uma provável armadilha na bolsa.

Armadilha de Topo

  • Identificando falsos rompimentos: estamos em um momento de alta avassaladora. Todo o mundo está comprando como se não houvesse amanhã. Não temos como saber, mas é bem provável que um big player esteja distribuindo ativos a essa altura. O volume é identificado por um grande histograma do Sato’s Force Histograma nessa pernada de alta. Marque o topo, sobretudo se ele se encerra com uma barra vermelha do Sato’s Bar. A seguir, observe o rompimento. O volume é baixo? Se o volume for baixo, se o fluxo na compra for pequeno é quase certeza de que é uma armadilha. Lembre-se: o fluxo de negócios é o combustível do mercado. Se não tem combustível, como é que vai continuar subindo?
  • Operadores travados no topo: o que vai acontecer a seguir é um drama. Diversos operadores comprarão nesse topo. Porém, o movimento de queda que deve vir a seguir, depois de uma armadilha de topo, será rápido e violento. Muitos deles ficarão presos em posições perdedoras e terão que encerrar suas operações com grandes prejuízos. O encerramento dessas operações, com vendas, acelera a queda do ativo em questão.
  • Teste de demanda – como funciona? O big player, em algum momento desse processo em que veio vendendo com intensidade decide fazer um teste pra ver se o mercado está maduro para começar a cair. E, assim, tira o seu time de campo. Para de vender na absorção. Se ainda houver players interessados em comprar e um player forte o suficiente para continuar a atender essa demanda, o mercado continuará sua alta. Se esse cenário não se comprovar, ele passa a vender, desta vez agredindo. O aumento de vendas agressivas, por sua vez, aumenta a oferta de ativos e isso provoca a queda e um efeito em cadeia que causa uma queda violenta do papel negociado.

Armadilha de Fundo

  • Identificando falsos rompimentos: estão todos pessimistas, falando em crise e vendendo todos os ativos. Enquanto isso o big player está lá: “Vem em mim que eu compro, compro tudo! Não se preocupem que eu estou aqui para livrar vocês desses papeis que não valem nada!” E, nesse cenário, chega o momento em que mesmo o mais aguerrido player joga a toalha, não aguenta mais! É o desespero extremo. Veremos uma pernada de alta, com grande volume marcado no Sato’s Force Histograma e, possivelmente, encerrada com uma barra vermelha do Sato’s Bar. Marque esse fundo, esse suporte. Se, a seguir, houver um rompimento mas com baixo volume é bem provável que seja uma armadilha de fundo.
  • Operadores travados no fundo: com o rompimento do fundo anterior, muitos players farão operações na venda; outros que acreditaram na força do suporte e compraram terão seus stops acionados. Os que acreditaram na continuidade da queda ficarão paralisados como o animal parado na estrada, prestes a ser atropelado pelos faróis que se aproximam. Porém, em algum momento, terão que se render ao fato de que o ativo subiu como um foguete e terão que se desfazer das posições vendidas. Posições vendidas se encerram com compras. Mais compras aumentam a demanda e maior demanda acelera o movimento de alta.
  • Teste de oferta – como funciona? O teste de oferta é similar ao teste de demanda, mas no sentido contrário. O grande player que, até então, tinha absorvido as ofertas, as vendas, precisa saber se ainda há outros participantes querendo vender e por outro lado participantes capazes de absorver isso. Então ele para de comprar: se for para entrar outro grande player, esse é o momento, quando a liquidez seca. Se isso não acontecer, é o momento de o grande player começar a agredir na compra, aumentando a demanda e, por consequência, aumentando o preço do ativo.

COMO GANHAR NA BOLSA COM A ARMADILHA DE TOPO E FUNDO?

Uma vez detectadas armadilhas de fundo ou topo sabemos que existe grande possibilidade de o ativo ir na direção contrária.

Se a armadilha é de fundo, a postura do trader é compra. Se é de topo, de vender.

No entanto, nada é tão simples: é preciso ter uma leitura apurada do fluxo do mercado e para que lado (compra ou venda) ele está mais forte.

A armadilha de fundo e a armadilha de topo não chegam a ser novidades: o que muda é o modo de entender esses fenômenos da bolsa. Com as ferramentas fornecidas pelo Raio X Preditivo, é possível entender como e por que eles acontecem, bem como antecipá-los e até mesmo, através de sua leitura, aumentar as chances de lucro do trader.

 

 

E POR FALAR EM CAIR EM ARMADILHAS… COMO LIDAR COM ISSO?

Técnicas de visualização são usadas até intuitivamente por aquelas que precisam de desempenho. O próprio Ayrton Senna antes de começar uma corrida visualizava mentalmente todo o circuito, fazendo cada trecho do percurso de maneira ideal em sua mente. É uma prática muito eficiente e que devemos usar a nosso favor.

 

Sim, nós trades também podemos usar as técnicas de visualização, de mentalização, como fazem os grandes atletas.

 

Mas, antes, vamos dar uma olhada num problema que existe no mundo dos traders. A maioria dos traders prefere buscar sistemas prontos, fórmulas mágicas e, na ansiedade de ganhar dinheiro, acham que vão ganhar, como se as suas plataformas operacionais fossem acender uma luzinha na hora de comprar e acender outra na hora de vender.

 

Imagine um trader que já opera há algum tempo, mas ainda não aceita, não lida bem com o risco inerente à atividade de operar nos mercados. Ele compra um ativo a R$ 20. Ele viu uma oportunidade, o setup dele disse que dava compra e ele comprou. Ele colocou o stop dele em R$ 19,90. Mas, se ele não aceita bem o risco, ainda, quando chegar perto de $ 19,90 e ele estiver perto de ser estopado, ele vai puxar o stop pra baixo ou vai até tirar.

 

Ele comprou porque a estratégia dele disse que ia subir. Era lógico comprar. O stop estava ali, mas como ele não aceita o risco, só comprou porque não tinha como dar errado – o que não é verdade – e porque ele não ia ser estopado… tanto que tirou o stop.

 

Estopar não estava nos planos. Se a gente tem uma expectativa que não é atendida a gente sente dor, a gente sente medo. É isso o que esse trader está sentindo. Enquanto ele estiver nessa operação que talvez, agora, esteja abaixo de R$ 19,90 ele vai estar agindo com esperança. Cada vez que o mercado vai na direção de sua operação ele dá um peso enorme e esse movimento, como se fosse resolver sua vida.

 

Sabe aquela pessoa apaixonada que já levou o fora e cada palavra que a pessoa que ele gosta dirige a ela, geralmente por aplicativos de mensagens, parece ter um significado de que tudo vai dar certo agora? Não sei se você já passou por isso ou se conhece alguém que passou, mas isso é basicamente expectativa. O preço dá uma subidinha e parece que já vai dar tudo certo… mas a coisa já não está rolando: tem que sair da operação.

 

Se eu fosse amigo dessa pessoa e isso fosse um relacionamento eu diria: cara, parte pra outra.

 

Já devia ter saído com o stop lá em R$ 19,90.

 

Mas o ativo continua caindo. A situação só piora. O trader nega o óbvio. O trader nesse estado nega tudo o que aprendeu. Está na cara que não vai subir. E, quanto mais cai, mais medo e dor e esperança ele sente. Fica mais e mais cego…

 

Você já se sentiu assim num trade?

 

Como a gente pode evitar esse comportamento?

 

Olha, não tem como adivinhar como o mercado vai fazer a seguir, se vai subir, se vai descer ou andar de lado. Isso não existe. O problema anterior não tem a ver com a qualidade do sistema que o trader está usando. Tem a ver com o comportamento.

 

E o comportamento que a gente precisa aqui é um estado de despreocupação. Importante: estar despreocupado não é sinônimo de ser imprudente. É não sentir medo de errar. É não sentir medo de perder dinheiro. É estar de boa.

 

Estar despreocupado, descontraído no mercado, é o meio do caminho entre ter medo e a imprudência, é o equilíbrio. Sem isso, ou ficamos tensos demais ou inconsequentes demais. Tem diversas coisas que se a gente fica tenso demais não funcionam. Agora mesmo, você deve ter pensado em uma em especial, se é que você me entende. Mas tudo o que a gente faz despreocupado, flui, vai bem.

 

Se o trader do nosso exemplo estivesse despreocupado, não teria nenhum problema em ser estopado na primeira oportunidade. Mesmo que depois de levar o stop nos R$ 19,90 o preço voltasse a subir. Ele sabe que outras oportunidades vão surgir no mercado. Esse stop é só um custo normal do trabalho dele.

 

Tem que aceitar o custo do stop como um risco de operar. Quem opera, leva stop, quem leva stop perde dinheiro, mas é bem melhor do que não usar stop, o stop é um custo do negócio de fazer trades e é necessário para proteger o patrimônio.

 

A gente só aprende a operar quando aprende a perder. Essa é a verdade. A verdade sempre é difícil e, às vezes, ela é fria. Mas é a verdade. É perdendo no mercado que a gente consegue o ímpeto pra ganhar. A perda ensina onde podemos melhorar. É preciso direcionar a raiva da perda para o lado certo.

 

Perder tem que servir de combustível para o ganho. Bem importante isso!

 

Finalmente, você precisa saber que aprende a aceitar o risco é um caminho, leva tempo. Não importa quanto dinheiro você tem, qual o tamanho dos lotes que você consegue operar: comece com mão pequena… poucos minicontratos, poucos lotes de ação.

 

O mínimo possível: um minicontrato, cem a quinhentas ações. É isso. Aumente aos poucos e apenas quando tiver bons resultados. Vá progressivamente. Nesse tamanho de operação, a gente pode esperar no máximo resultados em torno de R$ 100. Suas perdas máximas diárias podem ficar em R$ 50 se o seu risco for de 1 para 2. Se você fizer muitas operações, curtas, seu risco vai ser 1 para 1, então vai perder no máximo R$ 100.

 

Nesse processo, você vai ver que vai ter dias bons e dias ruins. Quando você perceber que os dias bons compensam os dias ruins, que o financeiro deles é superior aos dias em que você tem prejuízo, opa… já dá para passar de um minicontrato para dois… e assim por diante. Mas tem que ganhar essa certeza, essa confiança.

 

Se quiser uma referência pode usar algo como metade da meta diária pelo menos em sete pregões de dez. Já é um bom resultado. Mas o que é determinante é você saber que pode ganhar mais do que os valores que está disposto a perder. É isso que vai fazer você mudar de patamar operacional.

 

 

TRADE LOCATION: PESCANDO PERTO DO BARRANCO

Trade Location é o ato de encontrar os níveis de preço em que estão as operações com maior probabilidade de sucesso, seja na compra ou na venda.

Para isso, a Nova Análise Técnica, sistematizada pelo treinamento Raio X Preditivo, considera informações como fluxo de mercado, saldo de agressões de compra e venda, ranges, padrões como o Padrão Psicológico Institucional em V (PPI V) e muitos outros conceitos cuja principal fundamentação é o volume e seus desdobramentos.

Os conceitos, por sua vez, são sustentados pelas ferramentas Sato’s voltadas a esse tipo de leitura.

Trade Location é, como costumamos dizer, operar “na beira do barranco”. É uma posição em que o “pescador” pode posicionar sua canoa sem maiores riscos. Se o barco virar, com poucas braçadas você volta à margem do rio.

O QUE É TRADE LOCATION?

Operar com Trade Location nada mais é do que encontrar níveis de preço, setores no gráfico dos ativos, em que podemos identificar maior possibilidade de sermos bem sucedidos em nossos trades.

Para isso, não adiantam indicadores que nos “dizem” a hora de abrir posições, como se pegassem em nossa mão e nos fizessem clicar no mouse automaticamente.

O mais eficiente pra operar com Trade Location é aprender a ler os gráficos a partir de seu contexto, com mais ênfase no volume que no nível de preço em si.

Para fazermos uma analogia, o preço é só o endereço. Pra sabermos se aquele endereço vale a pena ser comprado ou vendido, precisamos de outras informações que a simples localização não nos dá: precisamos saber sobre a vizinhança, o nível de interesse do mercado naquela área e quantas pessoas estão comprometidas com o sucesso (alta) ou fracasso (baixa) daquela região. E com que intensidade.

Na bolsa de valores, essas informações só o volume e dados dele derivados, como o saldo de agressões, nos dão.

COMO SABER A MELHOR ÁREA PRA ABRIR POSIÇÃO USANDO TRADE LOCATION?

Existem várias maneiras de escolher as melhores áreas pra se abrir uma posição de compra ou venda em um ativo e fazer Trade Location: ranges (lateralizações ou consolidações onde acontecem distribuições ou acumulações por parte dos investidores institucionais), padrões específicos (como o PPI V), barras em particular em que foram negociados muitos ativos… de fato, a Nova Análise Técnica nos dá um cardápio enorme de oportunidades e, cada uma delas, se aplica a uma situação de um contexto específico que cabe ao trader saber interpretar.

Porém, há duas coisas que elas têm em comum quando nos referimos a Trade Location:

  • São determinadas pela leitura do volume
  • Consistem em jogar contra os traders que se enrolaram (venderam quando deveriam comprar e compraram quando deveriam vender)

Imagine o seguinte: um range que se estendeu durante vários candles, um retângulo que representa uma distribuição ou uma acumulação. Durante esse longo período em que o preço oscilou por uma faixa muito estreita, diversos traders se comprometeram comprando (se o preço cair, eles terão que se desfazer de seus ativos) e diversos traders que se comprometeram vendendo (se o preço cair terão que recomprar os ativos).

Essa situação em que detectamos que há muito volume envolvido e muitos participantes, com muitas posições abertas em certos níveis de preço, são pontos especiais a que devemos ficar atentos, pois podem configurar pontos de Trade Location.

Através da leitura das ferramentas da Nova Análise Técnica, também temos a possibilidade de estimar qual o lado com maior possibilidade de vencer a disputa, nos posicionando e escolhendo nossos parceiros.

Ao mesmo tempo, operar com Trade Location, lembre-se, é operar na beira do barranco, pescar perto da margem do rio. Se estivermos errados saberemos que é hora de desembarcar com antecedência (stops menores) e, ao mesmo tempo, sabermos que podemos virar a mão com relativa segurança, pois o outro lado foi o vencedor: se estávamos operando vendidos passar a comprar e se estávamos operando comprados passar a vender.

TRADE LOCATION: COMO FUGIR DE PARCEIROS INDESEJADOS NA HORA DE OPERAR?

O primeiro passo é adotar uma metodologia que focalize no volume de negociação, a fim de encontrar pontos realmente válidos de Trade Location.

Durante muito tempo, a velha Análise Técnica ou Análise Técnica Clássica concentrou seus esforços na observação dos preços. E, por muito tempo, isso foi eficiente pra alguns traders.

Mesmo hoje, podemos dizer que quase cem por cento dos traders de varejo – pequenos trades como você ou eu a operar na bolsa – a usam. Mas também podemos dizer que mais de 90% desses saem da bolsa antes de completar um ano a operar. Talvez a porcentagem seja maior e o tempo seja menor. É só uma estimativa.

Acontece que o preço é apenas um efeito do volume. Esse fator é a causa das oscilações. E ele é causado pela atuação dos big players, também conhecidos como investidores institucionais.

Isso tem uma razão lógica de ser: como grandes operadores institucionais eles precisam lidar com cifras altíssimas, uma quantidade monstruosa de ações, contratos e minicontratos. É inevitável que, ao montar uma posição na bolsa de valores, eles movimentem um volume inacreditável. Eles precisam de liquidez.

Quando compram ativos precisam fazer aos poucos e nos preços e momentos mais oportunos, muitas vezes discretamente, pra não disparar um excesso de demanda, o que elevaria os valores antes do tempo.

Quando vendem ativos, também precisam fazer em momentos oportunos (por exemplo, quando todos os demais participantes estão otimistas e eufóricos comprando a qualquer preço) e discretamente, em momentos de consolidação.

Obtendo liquidez nessas ocasiões, os big players, então, conseguem acumular ou distribuir papeis suficientes pra operar de forma ativa provocando, respectivamente, uma alta ou uma queda.

Nesse sentido, a melhor forma de fugir de parceiros indesejados é detectar como estão operando os investidores institucionais, que têm maior probabilidade de mover o mercado para o lado que desejam.

COMO IDENTIFICAR SE EXISTEM PLAYERS DEFENDENDO SEUS PREÇOS?

De maneira bem simples, onde há volume, há players defendendo um nível de preço.

Esse dado pode ser detectado:

  • Por ranges: o preço oscilou durante muito tempo em uma faixa muito estreita e a essa altura, muitos players estão comprometidos
  • Por alto volume em movimentos de alta ou baixa: pode significar que investidores institucionais aproveitaram uma alta pra vender passivamente seus ativos a valores cada vez maiores ou pra comprar passivamente a preços cada vez mais baixos, enquanto os possuidores fracos estão respectivamente eufóricos ou desesperados, agredindo na compra ou na venda
  • Pelo alto volume em um único candle (barra): esse volume pode ser detectado pelo indicador Sato’s Bar. Uma única barra com volume ultra elevado pode indicar um preço de grande interesse. Muitos ativos comprados em um único momento podem significar que um grande player não queira que o preço caia a partir dali. Dependendo do contexto, pode significar que chegamos a um momento de euforia máxima e, ao contrário, um movimento de alta pode ter entrado em exaustão e, agora, o grande player provocará queda, acionando os stops de quem comprou nessa barra. O mesmo raciocínio funciona, ainda que de forma invertida, para os movimentos de queda
  • Um baixo volume no rompimento de um topo: isso pode significar que um grande player está testando as águas, tirando o time de campo, pra ver se a demanda é suficiente para continuidade de alta. Se não entrar demanda nesse momento e o volume for baixo, significa que, a partir daí, defenderá aquela faixa de preço, empurrando os preços para baixo

Esses são apenas alguns exemplos de como o volume pode nos ajudar a identificar oportunidades no trade location.

O Trade Location, não poucas vezes, pode vir de pregões anteriores. Preços que foram defendidos dias atrás têm grande probabilidade de serem defendidos novamente e isso deve ser considerado na hora em que formos operar.

INDICADORES QUE AUXILIAM A IDENTIFICAR ONDE OCORRE A ATUAÇÃO DOS PLAYERS

Por se tratar de metodologia baseada em leitura efetiva e ativa dos gráficos dos ativos para operar e fazer Trade Location, pode-se dizer que os conceitos são muito importantes para o Raio X Preditivo. Porém, isso de nada adiantaria se não tivermos os indicadores corretos para nos proporcionar leitura adequada do volume e do fluxo de negociação.

Algumas das ferramentas usadas pelos praticantes do Raio X Preditivo são os indicadores Sato’s:

  • Sato’s Force Histograma: nos traz o volume acumulado ao longo de cada pernada (swing) de alta ou de baixa. Assim, sabemos se cada movimento é consistente, se o volume está crescendo ou caindo nos swings de alta ou se está crescendo ou caindo nos swings de baixa
  • Sato’s Result: o Sato’s Result nos dá uma leitura visual e intuitiva do quanto o mercado se desloca em cada swing mostrando a frequência e a força de um. Do mesmo modo, nos auxilia a ver quando um grande volume de negociação sendo comprometido sem, no entanto, obter o resultado equivalente em termos de deslocamento de preço, podendo significar que existem forças contrárias mais intensas ocorrendo no mercado
  • Sato’s Bar: apresenta o volume barra a barra com um sistema de cores, do azul, de baixíssima atividade institucional, a vermelha, de atividade profissional ultra elevada. Barras vermelhas costumam indicar pontos de curto prazo de trade location muito eficientes.
  • Sato’s Defense: mostra o preço médio dos comprados e dos vendidos a partir de certos pontos do gráfico escolhidos pelo trader. A ideia é que há grande probabilidade de que o preço médio seja defendido por todos aqueles que compraram ou venderam a partir de sua origem, servindo como suporte ou resistência móvel.

A principal virtude de se operar usando Trade Location é, de fato, encontrar áreas onde a probabilidade de sucesso é maior e, em caso de insucesso, termos margem de saída da operação mais curta e, ainda com boa opção de virada de mão.

Porém, para encontrar esse pontos é preciso as armadilhas das análise baseadas somente no preço. Com o volume descobrimos áreas de Trade Location para operar que, normalmente, não descobrimos com a velha Análise Técnica. A propósito, é bem possível que os big players e os praticantes da Nova Análise Técnica passem a usar as posições complicadas em que somente o preço nos coloca, contra você e a favor deles.

 

 

 

 

 

 

 

 

MARKET PROFILE: ENCONTRANDO ORDEM NO CAOS

“Apesar de ser loucura, ainda assim revela método.”

Polônio, em Hamlet, Ato 2, Cena 2 – William Shakespeare

Polônio disse essas palavras ao perceber que, no comportamento errático e caótico do príncipe da Dinamarca, Hamlet, era possível identificar certos padrões.

De fato, como o personagem Shakespeariano, constantemente buscamos encontrar padrões onde padrões não há. Ou, aparentemente, não há.

Um exemplo disso é o mercado, a bolsa de valores.

No gráficos, buscamos encontrar essa lógica por trás do caos.

Se a encontramos, porém, podemos escolher os melhores momentos de comprar e vender ativos. É o que faz – ou deveria fazer – a Análise Técnica.

A Nova Análise Técnica, ensinada pelo treinamento Raio X Preditivo, está sempre em busca de áreas de alta probabilidade de trade, a fim de reduzir riscos ao passo em que se aumenta o potencial de ganho: quando perdemos, perdemos pouco; quando ganhamos, ganhamos muito.

Uma das formas de encontrar o ordenamento do aparente caos da bolsa de valores é o uso da ferramenta Market Profile. Ela não nos diz a hora de comprar e vender, mas nos aponta as regiões de alta probabilidade.

O conceito e a ferramenta Market Profile foi desenvolvida na década de 1980 por J. Peter Steidlmayer em parceria com a Chicago Board of Trade.

Para começarmos a compreender essa ferramenta, no entanto, precisamos entender o que é a Auction Market Theory, por ele desenvolvida. Mal traduzindo do inglês, seria algo como Teoria do Mercado de Leilão.

De fato, a ideia dessa teoria é que o mercado funciona como um leilão, cujo objetivo é buscar o equilíbrio, algo que, no entanto, nunca acontece, pelo menos não de forma permanente.

O próprio preço é o “leiloeiro”, anunciando oportunidades o tempo todo. O sucesso dessas ofertas – em termos de interesse dos participantes do leilão – é medido pelo volume a cada nível

Uma vez encontrados esses pontos de “sucesso”, um equilíbrio em que compradores e vendedores suprem igualmente as demandas uns dos outros, se sucederá sempre um período de desequilíbrio em que se buscará outros pontos de “oportunidade”.

Steidlmayer pôde verificar sua teoria na prática, pois operava no pregão viva voz da CME (Chicago Mercantile Exchange) e, de início, sua metodologia era exclusividade dos membros dessa bolsa. Não demorou para que o sucesso de sua aplicação a levasse para outros mercados.

A variável principal da teoria e da prática de Steidlmayer era o valor. Quer dizer: para ele, os preços são relevantes na medida em que os negócios se concentram mais tempo neles. Preços mais relevantes terão mais negócios acontecendo ao longo do tempo.

Isso significa que, a partir da Auction Market Theory, temos uma dimensão adicional para analisar. Steidlmayer ao lado de outro especialista, James Dalton, elaborou uma série de observações baseadas na representação do Market Profile de forma a compreender melhor a linguagem do mercado.

A partir de seu desenvolvimento, os traders que passaram a utilizar este recurso passaram a entender o mercado de uma maneira mais profunda, obtendo melhores resultados em suas negociações de ativos.

NOÇÕES DE AUCTION MARKET THEORY: O BÁSICO DE QUE VOCÊ PRECISA SABER

Existem apenas duas coisas que o mercado pode fazer. Pode parecer óbvio, mas o óbvio às vezes precisa ser dito.

Os mercados podem:

  • Se mover horizontalmente, em ranges (não direcionado)
  • Se mover verticalmente (direcionado) em tendência de alta ou baixa

Ou seja, ou o mercado está andando de lado ou em tendência.

Um mercado horizontal ou em range é aquele que nos mostra topos e fundos sempre no mesmo nível de preço.

Um mercado vertical é aquele que se desloca verticalmente, em tendência de alta ou tendência de baixa.

Talvez você já saiba, mas uma tendência de alta é definida por uma série de topos e fundos cada vez mais altos. A tendência de baixa é definida por uma série de topos e fundos cada vez mais baixos.

UMA FORMA DIFERENTE DE VER A MESMA COISA

E se olhássemos para essas duas formas de o mercado se manifestar (horizontal e vertical) sob uma outra óptica?

Veja bem. O que vai causar uma coisa ou outra é a influência da liquidez sobre o preço.

Se a procura por um ativo é razoavelmente igual à oferta desse ativo, esse mercado será limitado pela liquidez.

Pra toda venda que acontecer, haverá alguém querendo comprar do outro lado.

Dessa forma, o preço ficará restrito a esse range em que todos conseguem atender a todos. Vendedores e compradores estão em equilíbrio.

Temos, então, um mercado horizontal. O fator principal desse contexto é o tempo, o tempo em que os negócios e o volume se concentram nesse equilíbrio.

Mas se há excesso de compradores e escassez de vendedores, o que acontece? O preço sobe. Do mesmo modo, muitos vendedores e poucos compradores, outra possibilidade de desequilíbrio, ocasionaria uma queda dos preços. Ambos são casos de um mercado vertical. Nesse contexto, o fator predominante é o deslocamento dos negócios e do volume ao longo do eixo do preço, verticalmente.

Portanto:

  • Quanto os mercados são limitados pela liquidez, temos um comportamento horizontal, ao longo do tempo
  • Quando os mercados não são limitados pela liquidez, temos um mercado vertical, ao longo do preço

A função dos mercados é ser o ambiente de negociação através do fornecimento de oferta. Se temos lugar para todos os compradores e todos os vendedores, do ponto de vista do atendimento dessas necessidades ele é chamado de “eficiente”. Este é o caso do mercado em range, lateralizando, horizontal.

Quando isso não acontece, dizemos que ele é “ineficiente” e entra em movimentos verticais. “Eficiente” e “ineficiente” estão entre aspas porque estas palavras podem dar a impressão de que o mercado deveria funcionar desta ou daquela maneira. Espero que esteja claro que em ambos os casos o mercado está funcionando como esperado, buscando o equilíbrio para, a seguir, se desequilibrar novamente e buscar o equilíbrio outra vez, em níveis acima ou abaixo.

De fato, esta é outra forma de vermos o mercado:

  • Equilibrado: horizontal, em ranges
  • Desequilibrado: vertical, em tendência

Cada uma dessas duas categorias exclui a outra.

Ou temos um mercado horizontal através do tempo ou mercado vertical através do preço. Não tem como as duas coisas acontecerem ao mesmo tempo, ainda que no momento de transição de uma fase para a outra elas pareçam acontecer simultaneamente.

Podemos orientar nosso estilo de fazer trade, baseado nisso, em duas formas, por exemplo:

  • Em mercados verticais: negociando na tendência e ficando nela
  • Em mercados horizontais: comprando as mínimas do range e vendendo as máximas do range

Considere que uma fase exclui a outra. Se estamos em uma fase, sabemos que, a seguir, virá a outra. É inevitável.

O equilíbrio leva ao desequilíbrio. O desequilíbrio nos faz retornar ao equilíbrio. Assim podemos imaginar o mercado como um pião que, girando em seu eixo, está equilibrado. Rodando tão rápido em um mesmo ponto que podemos até imaginar que está parado. De repente, à medida que a velocidade de rotação vai diminuindo, vemos ele se desestabilizar e percebemos sua velocidade, pendendo de lá para cá, tentando a todo custo encontrar a posição em que ficará estável novamente.

O mercado horizontal, embora muita coisa esteja acontecendo, tem uma aparência lenta (lembre do pião que “parece” parado, mas está rodando em alta velocidade).

O mercado vertical é rápido (lembre do pião, perdendo o equilíbrio, mas pendendo de lá para cá rapidamente e saindo do ponto em que girava e percorrendo a superfície, buscando novamente o equilíbrio).

Também podemos imaginar um bêbado que em seu caminho trôpego descreve uma trajetória imprevisível e cambaleante em passos incertos e rápidos, entre a corrida e a queda até encontrar o próximo poste: o preço está sempre procurando o próximo poste antes de continuar seu caminho para um lado ou para o outro.

Assim, o rápido vem depois do lento. Este é um estado. O mercado irá subir de preço em um movimento vertical. Ou irá baixar, em outro movimento vertical.

Do mesmo modo, o lento vem depois do rápido. Depois do movimento vertical, o mercado se consolida, lateraliza.

Quando o lento se torna ainda mais lento, geralmente nos aproximamos do ponto de transição para o rápido ou vertical.

Quando o mercado, então vai para o vertical e rápido e fica ainda mais vertical e mais rápido, geralmente, isso significa que estamos nos aproximando do momento horizontal e lento.

A exceção para essas regras é quando o mercado passa de rápido para rápido na direção oposta. Isto é, ele desce rapidamente e, a seguir, sobe rapidamente, sem passar pela etapa de horizontalidade.

Esse movimento é chamado de PPI V (Padrão Psicológico Institucional em V) estudado em capítulo anterior.

Também pode ser um PPI V invertido quando sobe rapidamente e, imediatamente, desce com igual ímpeto.

RESUMO

Um mercado horizontal é negociado lentamente, ao longo do tempo.

O desequilíbrio na oferta do mercado faz com que ele se mova verticalmente no eixo do preço.

Depois disso, a oferta e a demanda voltarão ao equilíbrio em algum momento, não importa se o mercado subiu ou caiu. E, assim, retoma um padrão horizontal e lento.

E, finalmente, um novo desequilíbrio vai acontecer.

É fundamental identificar as duas fases do mercado pois isso simplifica o trade e dá clareza de duas maneiras:

  • As duas fases são mutuamente exclusivas
  • As duas fases são negociadas de forma diferente

Sabendo isso, você consegue adaptar sua forma de negociar às condições atuais do mercado em vez de ficar torcendo que o mercado faça o que você quer. Isso nunca vai acontecer.

O PAPEL DO MARKET PROFILE

De fato, o Market Profile se presta ao acompanhamento de diversos comportamentos que vemos diariamente no mercado.

Ele não é um indicador no sentido típico a que estamos habituados. Ele não dá sinais de compra ou venda. Diferente disso: ele dá apoio a sua tomada de decisões.

Com o Market Profile conseguimos entender quem está no controle do preço de um determinado ativo e quais são os preços considerados justos por estes participantes.

Também conseguimos perceber qual a direção do preço em relação a esses referenciais.

Dessa maneira, podemos tomar decisões com maiores probabilidades de acerto na hora de comprar ou de vender.

O CONCEITO POR TRÁS DO MARKET PROFILE

Por trás do aparente caos do mercado, há uma forma de organização. A cada dia, ele se organiza em termos de tempo, preço e volume. E também a cada dia, através do Market Profile encontraremos o que chamamos de área de valor, aquele ponto de equilíbrio do preço em que o número de compradores e vendedores se aproxima, um nível em que a maior parte deles aceita negociar e que, portanto, terá um maior volume de ativos negociados. Nessa região, o preço nunca fica parado e, com o Market Profile temos informações valiosas que, munidos de conceitos corretos, seremos capazes de interpretar.

E o objetivo deste capítulo é apresentá-la a você, a fim de que possa aplicá-la em conjunto com as outras ferramentas do treinamento Raio X Preditivo. Combinadas, você terá maiores condições de, efetivamente, ler o mercado e encontrar as tais regiões de alta probabilidade.

Porém, antes tratarmos dessa ferramenta, o Market Profile, especificamente, dar uns passos para trás para termos uma melhor perspectiva e, assim, entender os conceitos de Evento Aleatório, Distribuição Normal e Curva de Gaus.

Isso é necessário porque acreditamos que um verdadeiro trader deve entender o que e por que está tomando suas decisões e não simplesmente comprar porque recebeu um sinal de um indicador para tanto.

EVENTO ALEATÓRIO

Os mercados estão repletos de eventos aleatórios por natureza, uma vez que sabemos que, neles, temos inúmeros participantes.

Esses participantes têm diferentes técnicas operacionais. Suas crenças são distintas. Seus capitais tem diversos tamanhos.

Nesse cenário, sabemos que tomar decisões baseada em uma perspectiva individual, algo como o Santo Graal dos mercados – não nos dará vantagem competitiva: pelo contrário, seria muito mais parecido com jogar na Mega Sena. A chance de errar o pulo é muito maior.

O objetivo do Market Profile é alinhar você com a perspectiva coletiva.

Para isso, você vai aprender o que é a curva de sino e desvio padrão e, através desses conceitos, aplicados a este novo indicador que você está aprendendo, poderá localizar as áreas de valor do mercado, onde os grandes players estão fazendo o seu jogo.

A DISTRIBUIÇÃO NORMAL: A CURVA DE GAUS

Você já deve ter visto em algum programe de tevê ou no Youtube uma máquina em que são derrubadas diversas pequenas esferas a partir de um mesmo ponto central.

No trajeto da queda, há pinos em que as esferas vão batendo e que fazem com que cada uma delas mude de direção de forma aleatória.

Cada pino tem a chance de 50% de ser contornado para a esquerda e 50% de chance de ser contornado pela direita.

A seguir, temos diversos tubos posicionados paralelamente e colados uns aos outros onde cada esfera irá se alojar de acordo com a direção que tomou.

Se você não entendeu, pode ver neste vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=xDIyAOBa_yU

Inevitavelmente, as esferas se acumularão em maior número ao centro e em menor número nas laterais formando um desenho chamado curva de sino ou Curva de Gaus.

Olha que interessante: se soltarmos um única bolinha pela máquina, é imprevisível onde ela vai parar (perspectiva individual).

Mas, atenção, em seu conjunto, um conjunto de milhares ou dezenas de milhares de esferas, sabemos que diversas bolinhas, juntas, terão um comportamento padrão (perspectiva coletiva).

E, então, isso é previsível.

Desvios padrões

(Imagem Slide 5)

Vamos, agora, transformar essa curva formada pelas bolinhas em um gráfico: no eixo x temos as posições onde as esferas caem (eventos), no eixo y a frequência com que as esferas caem em determinada posição (frequência que um evento acontece).

Acho que concordamos que 100% das bolinhas estão dentro da curva de sino, certo?

Vamos chamar as bolinhas de “dados” a partir de agora. Poderíamos, mais para frente, chama-las de “volume”, “ações negociadas” ou “contratos negociados”, por exemplo.

Numa distribuição normal, temos 50% dos dados de um lado da linha que corta o sino no meio e 50% do outro. Metade está acima da média e metade está abaixo da média.

Se marcarmos um desvio padrão acima da média (+1) e um desvio padrão abaixo da média (-1), vamos descobrir que entre essas duas linhas teremos uma área que representa 68,26% dos dados.

Se avançarmos, marcando dois desvios padrão para a direita e para a esquerda (+2 e -2), entre essas duas novas linhas teremos 95,44% dos eventos.

E, finalmente, com três desvios padrão para cada lado, abrangeremos 99,74% dos dados.

(Imagem Slide 6)

MARKET PROFILE

(Imagem Slide 7)

O Market Profile é a ferramenta que o Raio X Preditivo usa para saber onde as “esferas do mercado” estão caindo em um determinado pregão. À região entre menos um desvio padrão e mais um desvio padrão, nesse caso, chamamos de área de valor. A única diferença é que usamos 70%, em vez de 68,26%, para o cálculo dessa área, a fim de simplificar.

Com o Market Profile podemos determinar qual é a área de valor em que os big players sinalizam que um range de preços é justo.

E, assim, nessa área, eles negociam seus contratos ou ações, encontrando liquidez. E, dessa maneira, fazem com que o volume negociado ali seja destacado.

Sem o Market Profile, muitas vezes, essa área não transparece, mas, com a ferramenta, fica claro em que níveis de preço ela se encontra, em que níveis de preço o maior número de ações ou contratos foram negociados.

O maior volume negociado do dia se encontra sempre dentro da área de valor. No Market Profile ela é marcada em Lauranja e a chamamos de POC (Point of Control). Por outro lado, a área de valor é delimitada pela VAH – Área de Valor Superior (linha azul por padrão) e VAL – Área de Valor Inferior (linha vermelha por padrão).

Fora da área de valor, consequentemente, temos áreas de rejeição, a Área de Máxima Injusta e a Área de Mínima Injusta: os big players, os grandes investidores institucionais, não estão muito a fim de negociar naqueles níveis de preço naquele momento.

A QUADRA DE TÊNIS

(Imagem Slide 9)

Para efeito didático, imagine que até mesmo em um jogo de tênis é possível encontrar o POC (Ponto de Controle), Zonas de Valor, Máxima e Mínima Injustas.

Observe que a grande maioria das bolas caiu próxima da POC e 70% delas entre a Área de Valor Superior e a Área de Valor Inferior.

O importante dessa analogia é saber que, depois que o jogo acaba, nada vai mudar o fato de que as bolinhas caíram naqueles pontos da quadra.

O mesmo vale para cada pregão da bolsa: as áreas de valor e as áreas de rejeição permanecem imutáveis para esse dia tão logo as negociações se encerrem às 18h.

Será que eu posso usar o gráfico das áreas de valor de meu adversário para enfrentá-lo amanhã? Sim, posso.

O mesmo vale para os pregões: áreas de valor recentes e outros dados que extraímos do Market Profile podem servir para operações de dias posteriores.

TIME PRICE OPORTUNITY: COMO O MARKET PROFILE É CALCULADO E PLOTADO NO GRÁFICO

(Imagem Slide 11)

Neste exemplo, usamos uma periodização de 30 minutos, para facilitar. O nosso Market Profile, na verdade, é calculado com uma periodização de um minuto.

Podemos entender o Market Profile através do Time Price Oportunity (TPO). Neste exemplo, essas Oportunidades de Preço de Tempo são representadas por letras. Cada letra representa 30 minutos de negociação.

Assim, o A é a primeira meia hora. O B é a segunda. O C é terceira e assim por diante até chegarmos na letra J.

Imagine que a primeira coluna, formada apenas por letras A é um grande candle durante o qual o preço oscilou formando um candle. O mesmo se dá com o B e as demais letras que representam, cada uma, meia hora de negociação.

A cada meia hora, as letras vão se somando no Market Profile.

Ao final de cada período elas vão se acumulando (como as esferas no nosso experimento inicial).

Na imagem, temos destacada a região dos 9125 pontos onde mais letras se acumularam. Este, neste exemplo, é nosso Ponto de Controle (POC).

As regiões próximas a ele, acima e abaixo, é a Área de Volume ou Área de Valor.

Na extremidade superior, temos a Cauda de Venda e, na inferior, a Cauda de Compra.

Temos outras regiões interessantes no exemplo: a primeira hora é o que chamamos de Saldo Inicial e o volume acrescentado na última hora do pregão é o Range de Fechamento.

ESTATÍSTICA APLICADA AOS MERCADOS DE RISCO

(Imagem Slide 12)

Note como o gráfico da Distribuição Normal ou Curva de Sino ou de Gaus, girado no sentido horário, é similar aos volumes plotados pelo Market Profile.

Por outro lado, também podemos observar que a imagem que o indicador nos apresenta não é simétrico como a curva. Isso acontece porque o mercado não é perfeito: temos diversos elementos de caos envolvidos, como vimos.

Diferentes intenções, estratégias, tamanhos de capital e apostas, expectativas diversas fazem com que a “curva” do Market Profile se configure de diferentes maneiras no dia a dia.

No entanto, a ideia é a mesma. Identificamos o Ponto de Controle (POC) onde estão a maior parte dos contratos negociados.

A Área de Valor – acima e abaixo do POC – reúne 70% dos contratos negociados: a linha azul limita a VAH, a Área de Valor Superior, e a linha vermelha limita a VAL, ou Área de Valor Inferior.

E, finalmente, acima da linha azul, temos a Zona de Máxima Injusta, e, abaixo da vermelha, a Zona de Mínima Injusta.

Fundamentos do Market Profile

O conceito do Market Profile vem da ideia de que os mercados têm uma forma de organização determinada pelo tempo, pelo preço e pelo volume.

De fato, a cada dia, o mercado desenvolverá um intervalo e uma área de valor

A Área de Valor é um ponto de equilíbrio. Nela há um número igual de compradores e vendedores. Nessa região, os preços nunca ficam estagnados, constantemente divergindo.

O trabalho do Market Profile é evidenciar essa área que, de outra forma, ficaria camuflada no sobe e desce do preço. Com ela, os traders conseguem tomar decisões preciosas.

Assim como a Curva de Distribuição Normal, 70% dos ativos estudados serão negociados ali, na área de valor, num intervalo de -1 e +1 de desvio padrão.

ABSORÇÃO (RESPONSIVA) VERSUS AGRESSÃO (REATIVA)

(imagem slide 15)

Os grandes players, aqueles que, de fato, têm a capacidade de movimentar o mercado com maior potencial, reagem de maneiras diferentes aos preços em diferentes momentos.

Saber diferenciar as duas principais categorias de atividade institucional é fundamental para interpretar corretamente as informações dadas pelo Market Profile.

Elas se dividem em:

  • Iniciativa
  • Responsiva

Responsiva

O melhor exemplo de atividade institucional responsiva acontece quando o preço do ativo se afasta da área de valor do dia anterior, digamos, em uma abertura com gap de alta ou de baixa.

O big player se posicionará responsivamente. Isto é, no caso de um gap de alta, ele passará a absorver passivamente as ordens de compra que virão na empolgação de um mercado altista.

Seria como se ele dissesse: “Opa! Espera aí, não é para subir ainda. Eu quero acumular mais naquela área de valor.”

E ele vai vender passivamente, absorvendo as agressões dos compradores, até que o gap se feche ou, se não houver gap, até que o preço retorne para a área de valor que é do seu interesse.

Outro motivo para fazer isso: o big player sabe que, na área de valor, haverá liquidez suficiente para ele desfazer de suas posições vendidas, comprando ativos novamente e voltando a acumular.

Iniciativa

A atividade de iniciativa corresponde à agressão. É quando os investidores institucionais decidem que é hora de movimentar o mercado na direção que mais lhes interessa depois de uma Acumulação ou uma Distribuição.

  • Para saber mais sobre Acumulação e Distribuição baixe nosso e-book Fases do Ciclo de Mercado

Se os traders tomarem a iniciativa de aumentar os preços para cima ou para baixo da área de valor do dia anterior, sabemos que esta atuação indicará que a atividade é de iniciativa.

(imagem slide 16)

Observe a imagem acima.

Sempre que o preço sai da área de valor, o preço volta a ela através da atividade responsiva dos big players.

É como um pescador que dá linha só para cansar o peixe e trazê-lo de volta para perto do barco a seguir: “Opa, opa, volta aqui!” Ou, então, é o caranguejo tentando sair da panela fervendo e os outros puxam ele para baixo de volta: “Calma que você não está cozido ainda.”

Em seguida, temos as atividades de iniciativa, em que os investidores institucionais movimentam o preço para além das regiões de valor, onde acumularam ou distribuíram, para que ele vá buscar novas áreas de valor. É a hora em que os big players aproveitam a caranguejada.

A IMPORTÂNCIA DA PRIMEIRA HORA DO DIA

(imagem slide 17)

A primeira hora do dia define o padrão geral do pregão. Depois de 60 minutos o Market Profile já “desenha” o que deverá ser a base das próximas horas.

Na imagem acima, vemos o Market Profile plotado em três pregões do minicontrato futuro de dólar.

Nos dois primeiros, não haverá mudanças. Mas, no terceiro, o atual, temos apenas uma hora de formação do perfil ainda e, no entanto, já vemos esboçadas as áreas de valor e onde, provavelmente o mercado trabalhará até o fim do dia, servindo de referência para os investidores institucionais, seja quando quiserem extrapolá-la, seja quando quiserem retornar a ela em busca de liquidez.

CURVA SIMÉTRICA VERSUS CURVA ASSIMÉTRICA

(imagem slide 18)

O mercado é tão difícil de compreender que é mais fácil esferas sendo soltas aleatoriamente em canudos formem um padrão simétrico que os volumes de ativos negociados o façam: como dissemos, há outros fatores envolvidos como as características individuais de cada participante do mercado, do mais humilde, que opera um minicontrato de cada vez, ao mais parrudo, que opera centenas de milhares ou milhões de contratos cheios.

Assim, raramente veremos uma curva razoavelmente simétrica no Market Profile. Perfeitamente simétrica, acredito que seja impossível. A Curva de Sino da Distribuição Normal perfeita, assim, não é uma realidade nos mercados.

O que vemos é uma distribuição distorcida de ocorrências em diferentes níveis preços. Mas isso não é problema: esse fato não nos impede de ver as faixas de valor em que a maioria dos negócios realmente ocorreu.

Isso fornece pistas significativas sobre a direção dos preços.

Esta é a base para entender o Market Profile.

Em teoria, isso ajuda o trader a identificar onde os preços estão em relação aos valores.

Monitorar a distribuição de preços ao longo do tempo dá uma visão sobre quais níveis são considerados justos e injustos.

Aproveitando essas informações, podemos identificar boas oportunidades de trading, sobretudo se combinarmos o Market Profile com as outras ferramentas do Raio X Preditivo, particularmente o Sato’s Force Histograma, Sato’s Result e Sato’s Bar.

TIPOS DE RANGE

Se variações estreitas de preço, que ficam oscilando em faixas durante muito tempo nos dão ranges (não esqueça de ler nosso e-book sobre ranges), mas baseados no preço, o Market Profile nos dá ranges baseados no volume de ativos negociados, o que é muito mais importante.

Nesta parte, vamos estudar os tipos de range que o Market Profile nos apresenta, suas características para, assim, sabermos como agir em cada caso.

Dia Normal

(Imagem slide 19)

  • A maior atividade de negociação do dia acontece entre a linha azul VAH e a linha vermelha VAL, na chamada Área de Valor
  • Pode haver rompimentos dessa área, mas observa-se a atividade responsiva dos big players vendem ou compram por absorção quando o preço extrapola VAH ou VAL. Eles zeram suas posições nas proximidades da POC, uma vez que nessa região há liquidez suficiente, porque 90% dos participantes do mercado aceitam negociar no preço justo do dia
  • Aparentemente, os grandes players institucionais e os players estrangeiros, que possuem poder de romper a VAH e VAL não estão participando nesse dia. Por isso, o fluxo fica menos direcional.
  • Logo, temos um dia com pouca expansão no preço

Dia de variação normal

(Imagem Slide 20)

  • Marcado pelo posicionamento por absorção no saldo inicial do dia (primeira hora) e rompimento dessa região.
  • O preço busca uma nova zona de liquidez (Price Discovering ou Descoberta de Preço), uma nova área de aceitação
  • Observamos uma maior atividade de negociação dentro e fora da área de valor. É comum haver duas ou mais áreas de valor nesse dia
  • Rompimentos da área de valor com atividade de iniciativa (agressões pesadas). O preço vai e não volta
  • Logo, podemos concluir que há a participação de grandes players institucionais com poder de deslocamento dos preços (Fluxo Direcional) e zeragem de posições por absorções
  • Assim, os big players fazem alternância na tendência
  • Dia com expansão e retração do preço para a área de valor.

Dia de tendência de alta

(imagem slide 21)

  • Acumulação pelo dinheiro esperto seguida do spike (movimento violento de alta, caracterizado por atividade de iniciativa indo na “jugular do mercado”); ou seja, os big players tomaram a iniciativa de mover os preços para cima
  • Isso indica fluxo estrangeiro e institucional atuante, de forma agressiva e direcional
  • Os weak holders (possuidores fracos) começam a entrar no prejuízo e precisam encerrar suas posições vendidas fazendo o short covering (cobertura das posições vendidas). A cobertura das posições vendidas aumenta a demanda na compra e acentua o movimento de alta
  • Portanto, temos um dia com expansão de preço elevada

Dia de tendência de queda

(imagem Slide 22)

  • Acumulação ou distribuição pelo dinheiro esperto seguido do spike (atividade de iniciativa). Isso significa que os big players tomaram a iniciativa de mover os preços para baixo
  • Isso indica fluxo estrangeiro e demais investidores institucionais com cacife para mover o mercado com forte atuação. Assim, o fluxo é agressivo e direcional, mas, desta vez, com direção baixista
  • Concluímos que há uma participação de grandes players institucionais com poder de deslocamento dos preços, impondo um fluxo direcional, com zeragem das posições por absorção
  • Dia com retração do preço elevada

VOLUME: SEU MAIOR ALIADO

(imagem slide 23)

Combinando o Market Profile com as ferramentas Sato, temos uma visão mais preditiva da movimentação dos preços em relação às áreas de valor.

Observe na imagem acima, por exemplo, como quando o o preço sai das áreas de valor: há um enorme esforço (indicado pelo fluxo no Sato’s Force Histograma), porém com um resultado desproporcionalmente baixo.

Isso indica o quê? Que um player ou mais players estão absorvendo essas agressões passivamente, impedindo que o preço se afaste ainda mais da área de valor.

E absorções passivas são o quê? São atividade responsivas.

Isso, portanto, significa que o preço tem grande probabilidade de voltar para a área de valor, o que só não vai acontecer se entrar um novo player com cacife para fazer o preço se afastar da área de valor através de atividade de iniciativa (agressões). O que, no exemplo acima, não aconteceu: o preço voltou para a área de valor.

USANDO AS ÁREAS DO MARKET PROFILE COMO ZONAS DE TRADE LOCATION

(imagem slide 24)

Observe na imagem acima como o preço se comporta de forma diferenciada nas POC (Point of Control), na VAH – Área de Valor Superior (linha azul por padrão) e na VAL – Área de Valor Inferior (linha vermelha por padrão).

Não se pode ter certeza se essas linhas serão respeitadas ou ultrapassadas, mas elas equivalem ao conceito de “pescar na beira do barranco”, ou seja, regiões onde se pode iniciar um trade na compra ou na venda (sobretudo se tivermos mais dados fornecidos pelas ferramentas Sato), com um stop curto (baixo risco) e com potencial de lucro maximizado.

Além disso, isso nos dá a possibilidade de virar a mão com mais segurança: passar à posição vendida se estivéssemos comprados e à posição comprada se estivéssemos vendidos.

O uso correto do Market Profile

(imagem slide 25)

Os traders profissionais que usam o Market Profile buscam entender o mercado de uma maneira mais profunda.

Ele contribui para a consistência dos trades e para a fundamentação das decisões.

Muitos fatores podem ser monitorados pelo Market Profile:

  • áreas de aceitação e rejeição
  • ponto de controle
  • nó de baixo volume (veremos este conceito adiante)
  • zona de mínima injusta (VAL), zona de máxima injusta (VAH)

Como não usar o Market Profile

Não devemos usar o Market Profile como um indicador que nos diz a hora de clicar no mouse para comprar ou vender.

Ele é um indicador para quem está disposto a ler o mercado de forma inteligente, com responsabilidade por suas decisões.

Não funciona para quem tem uma visão infantil do mercado.

Ele não é um indicador convencional: funciona como uma ferramenta de suporte à decisão, organizando os dados para que você possa entender quem está no controle do mercado

Assim, mostra o que é percebido como valor justo e a direção do movimento do preço que, uma vez validadas pelos indicadores Sato´s nos dá a possibilidade de executar ótimos trades, com excelente relação de risco e retorno, o famoso “operar na beira do barranco”, próximo à margem.

ÁREA DE VALOR NO SATO’S FORCE HISTOGRAMA

(Imagem Slide 26)

O Sato’s Force Histograma pode nos dar uma leitura de áreas de valor, mostrando onde e como o dinheiro esperto está se posicionando.

Em certas pernadas de alta ou de baixa, podemos ver o acumulo do volume negociado, não em regiões de preço, como no Market Profile, mas por movimentos direcionais, maiores ou menores:

  • movimentos com grande volume no Sato’s Force Histograma, direcionais e fortes (com grande resultado) indicam atividade de iniciativa
  • e movimentos com grande volume sem resultado indicam absorção, portanto atividade responsiva (algum player querendo que o preço retorne ou fique em uma área de valor, em um preço que considera justo para aquele momento

SATO’S FORCE HISTOGRAMA + MARKET PROFILE

(imagem slide 27)

Considerando isso, fica fácil determinar a posição do dinheiro esperto nos gráficos, seja em dias de alta volatilidade seja em dias de baixa volatilidade, como vemos no exemplo acima.

Com a combinação do Sato’s Force Histograma e o Market Profile, sabemos o posicionamento dos big players.

(imagem slide 28)

NÓ DE BAIXO VOLUME

(Imagem slide 29)

Outro conceito importante por trás do Market Profile é o Nó de Baixo Volume.

O Nó de Baixo Volume é revelado pelo Market Profile em níveis de preço em que poucos ativos foram negociados.

Esses níveis tendem a ser rejeitados pelo mercado, constituindo então resistências ou suportes que terão dificuldades de serem ultrapassados ou, se forem, o serão com razoável força: a maior probabilidade do que acontecerá sempre será respaldada pelos indicadores Sato.

Isso ajuda o trader na tomada de decisões e no gerenciamento de risco.

Os Nós de Baixo Volume, quando ocorrem, são encontrados logo abaixo e acima da Área de Preço Justo (aquela onde 70% dos ativos foram negociados até então, entre -1 e + 1 de desvio padrão).

(Imagem Slide 30)

Observe como neste gráfico, a ação preferencial da Petrobras por diversas vezes respeita o Nó de Baixo Volume para, a seguir, ter um forte movimento direcional para o alto.

(Imagem Slide 31)

Novamente, desta vez no minicontrato futuro de dólar, temos o respeito ao Nó de Baixo Volume. Niguém quer negociar ali. Não há liquidez. Se os negócios não ocorrem naquele ponto, inevitavelmente, vemos a pontuação do minidólar evitando com força aquela região.

CONCLUSÃO

É importante observar que o Market Profile é uma ferramenta para auxiliar na tomada de decisão.

Novamente, devemos frisar que ele não tem como objetivo apontar a hora de comprar e a hora de vender.

É uma ferramenta que ajuda muito na leitura e na interpretação da formação de preço.

Grandes participantes do mercado são melhor informados.

Como são eles que criam e buscam liquidez, as áreas de volume são pistas de onde esses participantes estão concordando ou não fechar negócio.

Devido à grande importância dessas áreas – aquelas onde os institucionais concordam em fechar negócio -, através da leitura do fluxo de ordens utilizando os conceitos e ferramentas de Market Profile, o operador de varejo consegue analisar em tempo real as zonas de preço mais relevantes da sessão.

E com isso em mãos, é possível gerenciar diversos aspectos das operações de maneira muito mais precisa, segura e assertiva.

Enquanto os outros traders veem apenas caos – quase que jogando a sorte para adivinhar o próximo movimento -, o praticante do Raio X Preditivo, com o Market Profile em mãos, poderá dizer com certeza que sim, há algum método nessa loucura.

E, assim, tomar as decisões que o levem em direção ao lucro.

O Market Profile revela vários acontecimentos do mercado e, que sem a sua referência, passam despercebidos.

Com ele, conseguimos determinar o tipo de dia que teremos: se se trata de um início de tendência, qual a área em que os participantes estão encontrando equilíbrio e estão aceitando negociar, se a atividade atual é responsiva ou de iniciativa, se é a continuidade do dia anterior ou se está variando.

A combinação do Market Profile com qualquer outra ferramenta apresentada neste livro pode ser de grande utilidade para criar metodologias individuais de trade com grande vantagem competitiva.

RECURSOS E LEITURA RELACIONADA:  Dalton, James F. e Eric T. Jones [1995]. ”Market Logic And The Market Profile: An Introduction To Technical Applications,” Robert Dalton [1990]. Mind Over Markets: Power Trading With Market Generated Infomation.

 

 

CONCLUSÃO

 

 

AGRADECIMENTOS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Seria legal, se talve, a gente pudesse fazer uma OBSERVAÇÃO inicial tipo o que existe no livro a Arte de Ligar o Foda-se. Lembra que ele fala que não é um livro de auto ajuda e blá blá bla… acho que aqui cairia bem no discurso que o Sato fez em São Paulo falando que o que ele ensina não é academico, não é formado, é um cara comum que virou trader e sabe muito disso e o pouco que sabe quer passar para as pessoas. O que acham?

 

Para mim esse capítulo está bem feito. Mostra exatamente o”despertar” do Sato para ajudar as pessoas.

 

Se quiser deixar ainda mais top, poderia, mas não é essencial, fazer algumas colocações do tipo: “você já passou por isso?” “Já entrou em uma operação e perdeu o controle emocional e o controle do trade?” Tomou atitudes totalmente sem razão? Fazer isso para trazer o leitor pra perto.

 

Atualizar depois da diagramação para o valor real da data.

 

O neto do Padeiro confirma o que está escrito acima. Acho que esses dois pontos devem estar no mesmo capítulo.

 

Aqui, eu acho que falta uma divisão mais clara dos erros. Colocar um Subtítulo já resolveria.